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Chove em Porto Alegre
Introdução
Algumas pessoas sentem amor próprio com naturalidade. Outros pesquisam continuamente nos relacionamentos, na compra de propriedades ou na carreira tentando encontrá-lo.
Como acontece essa diferença?
Primeiro, precisamos distinguir entre quem está buscando vitórias e quem ama. O primeiro quer poder. Acredita em ter orgulho, em ser superior, em ter autoridade. Quem quer o amor, sabe encontrá-lo sem partir em nenhuma direção: as coisas são vistas com simplicidade.
Em geral, quem busca o poder sequer procura a satisfação: quer primeiro a adversidade. Somente através de dificuldades, de superar-se é que sente, por alguns segundos, o alívio de conseguir.
Imediatamente isso desaparece. Ele volta a exigir-se com fervor.
Não sabe disso, mas esta pessoa, em si, não vale nada para ela. Como estas coisas que busca também não têm valor duradouro, ela recomeça o ciclo da desvalia.
Berço Esplêndido
Algumas sugestões de origem para este desvalor parecem apontar para experiências na infância. O que chamamos auto-estima começa, inicialmente, na estima que os pais têm pelos seus filhos, no apego seguro nascido nos primeiros anos.
Através de atos simples como ser tocado, receber atenção aos sentimentos e orientação para realização de um objetivo, o bebê passa a ver seu valor refletido nos olhos dos pais: a ver-se desejável, ou seja, digno e capaz de ser amado.
Estes sentimentos são tão poderosos que têm sido reconhecidos por influenciar a longevidade.
Um bebê, quando se arrisca à autonomia de sentar-se, por exemplo, convida a mãe a reagir. Algumas reconhecerão a coragem e a capacidade que ele tem. Outras, temerárias, saltarão na direção do movimento para ampará-lo. Esse regate imediato tende a assustar o bebê. O que pode ler disso é que corria perigo. Ao contrário, a mãe que sorri tranqüila, apresenta reconhecimento da atitude bravia premiando e reforçando a tentativa.
Esse esteio em presença exagerada toma o lugar do desafio. Toma o lugar do esqueleto de quem está em desenvolvimento. É uma forma de abuso.
O bebê que não recebe estímulo nenhum, por sua vez, pousará na indiferença do olhar. Não receberá sorrisos, consolos, reforços. Também ele estará tendendo à inércia do desejo.
Existe uma coluna vertebral das atitudes: ela nasce a partir das tentativas que fazemos com naturalidade logo que nascemos.
Se, através de diferentes formas de abuso ou negligência, um bebê não consegue obter esse espelho amoroso de suas capacidades, duas coisas acontecem com freqüência:
a primeira: a criança começa a pensar-se defeituosa, rejeitada.
Uma vez que, para nós quando crianças, os pais são divindades, o abuso e a negligência parental (incluindo a insensibilidade aos sentimentos) são vividos como plenamente justificados:
"Se a mamãe ou o papai me tratam desta maneira, deve ser culpa minha."
Uma segunda coisa também acontece: na infância, somos mestres na elaboração de estratégias para seduzir ou prevenir o abandono. Uma estratégia comum de proteção é o perfeccionismo:
"Se eu sou perfeito, então a mamãe ou o papai vão me amar."
Tentar não ter falhas ou não fracassar possivelmente seja uma busca obsessiva e vitalícia: quer seja pelo parceiro perfeito, pela conquista perfeita, pela diversão perfeita. Mas o resultado sempre será decepcionante. A busca pelo acerto, pela sensação de dominar o acontecimento, não substitui o amor próprio.
No lugar disso, já que a perfeição não acontece, nasce uma satisfação inventada: a busca da ilusão de poder; a sensação de controle sobre a vida. Uma miragem que nasce quando não admitimos a contrariedade, a frustração.
Sentimos que somos fortes, por exemplo, toda vez que resistimos a realizar um desejo nosso. É como se o sacrifício nos elevasse. A educação nos emprestasse nobreza. É fácil confundir com generosidade.
Inflamos na medida em que nos colocamos de lado e atendemos àquele que julgamos precisar mais. Assim fazemos de conta de que não carecemos, de que somos completos.
Levar a vida como ela deve ser cumprida, atendendo a tarefas, obedecendo a ordens, atendendo expectativas de familiares também é viver em busca da ilusão de ter poder.
Isso é o que entra no lugar de nos satisfazermos, de sentirmos prazer. Esse é o caminho que resta enquanto temos medo de lutar pelo que gostamos ou medo de recebermos uma punição por fazer o que queremos.
Pode Ser Diferente
Existe cura para quem não recebeu cuidado suficiente na infância ou para quem dedica sua existência à busca da ilusão de poder.
Assim como é para qualquer coisa que valha a pena, para isso é preciso esforço.
Uma boa oportunidade de cura está no modo como vivemos as nossas memórias de parentalidade. Elas não são estáticas recordações e nem mesmo são retratos fiéis.
Cada um de nós carrega pais-internos: uma voz que fala como nossos pais faziam. Se eles nos confirmavam, a auto-palestra será apoiadora. Se nossos pais eram essencialmente negativos, tenderemos a ser autocríticos na maior parte do tempo. Algumas destas ofensas serão simples repetições do que ouvíamos.
Porém, a reprodução da atitude dos pais não é o que mais comumente acontece, mas sim a repetição da saída que achamos na infância. A criança culpa e ataca a si mesma para proteger os pais; para salvá-los; para justificar as atitudes deles; e para buscar o controle do que acontece com ela: assim poderá pensar que depende dela o resultado dos eventos. Será ao menos possível acreditar que os erros e os sofrimentos podem ser evitados.
Nisso residem a fonte de muito do nosso sofrimento e as sementes da nossa renovação.
Carinho por Mim
Quem mantém boa auto-estima sabe falar amorosamente a si mesmo, especialmente quando sob estresse.
Ao contrário é o auto-agressor: tenta obrigar-se, dominar-se, ter poder sobre si.
Ao perceber isso, criamos uma via para a mudança. A meta precisa ser: mudar a forma de falar conosco.
Espantoso como é possível discursar de maneira diferente em várias ocasiões. Por exemplo, se estamos tendo um bom dia, muitas vezes refletimos isso com pensamentos positivos. Nesses momentos, a mente pode ser muito calma e pacífica. Ao contrário, quando estamos sob estresse ou após experimentar algumas decepções, podemos ser bastante negativos e cheios de pensamentos combativos e que se repetem sem cessar.
Julgamos que aquilo está errado, que precisamos desvendar como aconteceu para que não se repita. Queremos ter esse poder de governar um destino, de comandar a realidade.
Quando angustiados, e com o pensamento congelado, estaremos re-experimentando aquele estado de espírito de busca de controle, de quem acredita que o sofrimento pode ser evitado.
Uma vez que possamos reconhecer que partimos de um sentimento expansivo e responsável para um estado regredido, de quem se ilude com a possibilidade de dominar as situações futuras, passaremos a usar um dom maravilhoso: será possível sentir compaixão.
A compaixão é colocar-se em nosso lugar. Parece paradoxal, mas não é.
Em um estado de muita violência consigo, esquecemos de quem somos, desvalorizamos nossas atitudes, desconsideramos o acaso. É quando falamos do que acontece em nossa vida e de nossas atitudes como se fossem queixas de outra pessoa:
"eu não fiz, acredita? Era só ligar para lá e não liguei"; "eu não tenho jeito, mesmo. Acabei comendo aquilo tudo"; "eu não presto pra nada"; "eu começo e não termino", e assim por diante.
Isso é não se compreender. Poderíamos tratar melhor a um amigo na situação equivalente, mas não a nós mesmos. Isso pode ser diferente.
Desde a compaixão é que realmente teremos mais cuidado conosco e tomaremos Ações de quem é responsável por si mesmo.
Em um estado de espírito de busca de poder, achamo-nos impotentes e passivos. Nosso sermão particular incluirá declarações ansiosas:
"eu nunca vou ser bom o suficiente", "Eu não posso fazer isso", "e se".
E caberão auto-agressões:
"acorde!", "cresça!", ou "deixe de ser maluco"!
Sou um incapaz
A forma como se interpreta uma situação, o que cada um diz a si mesmo a respeito dela, é um dos pontos chave que determina se vamos enfrentar eficazmente o caso ou se vamos sentir-nos incompetentes para fazê-lo.
Neste sentido existe uma série de pensamentos que poderiam chamar-se improdutivos:
- centrados nos aspectos negativos das situações magnificando-os e esquecendo os positivos;
- dirigidos ao pior que possa ocorrer, mesmo que as possibilidades disso sejam remotas;
- focados ao próprio encargo em relação ao que vai mal e estimulantes do auto castigo.
Em resumo, são pensamentos que ao invés de interpretar objetivamente a realidade e buscar a solução para os problemas, empenham-se em negativizar o panorama e conseguindo, às vezes, bloquear qualquer intento de solução.
Por isso, quando nos sentimos incapazes de enfrentar a uma situação e começamos a entrar no jogo dos pensamentos improdutivos, pode ser útil dizer-se: para que me serve pensar isso? Se o que acontece é que me sinto pior. O que será que estou evitando pensar? De que trabalho estou querendo me poupar?
Assumindo novas possibilidades
Quando reconhecemos que estamos mal, e nos compadecemos de nossa condição humana vulnerável, temos de afirmar nossas energias interiores responsáveis e autênticas. Essas ações são aquelas que ajudam a deslocar-nos para fora de um estado de quem deseja ter poder em direção a um senso mais expansivo e responsável.
Basta praticar Ações Responsáveis que envolvam maior auto-cuidado. Às vezes, isso implica simplesmente na aceitação dos reais sentimentos que temos, sem falso pudor. Para que manter a censura se ninguém mais está sabendo?
Em outras ocasiões, implica em reconhecer e tomar cuidado ativamente das nossas necessidades. Tratar de preparar uma bela refeição para nós mesmos ou ligar para um amigo.
A Ação Responsável é, em essência, ser um pai-interno bom.
Às vezes isso parece insuficiente e tolo. Pressupomos que de nada vai adiantar uma coisa assim. Mas saber e não fazer é ainda não saber.
Muitas vezes, também, a Ação Responsável envolve desafiar o nosso fluxo de desvalorização.
Isso significa ter coragem para redesenhar um raciocínio para adotar um lugar de apoiar-se mais que se criticar em qualquer circunstância. Por exemplo, diante de um primeiro encontro romântico mal sucedido, os pensamentos improdutivos seriam: "fiquei nervosíssima"; "não sabia o que dizer pra ele"; "terminei chorando". Reavaliando, poderia dizer-se: "tentei quebrar o gelo"; "cheguei a abrir-me para receber resposta"; "insisti e não fui embora correndo".
Isto é muito mais fácil quando percebemos que estamos em um estado de espírito de busca de poder.
Sempre que estivermos tendo catastróficas reflexões sobre o futuro ou nos sentindo injustiçadas vítimas do passado, será possível que nos tornemos mais relaxados.
Se reconhecermos que o nosso pensamento parece mais a crença de um arrogante controlador do que de uma pessoa completa e responsável, isso pode nos dar a compaixão - e, muitas vezes, uma perspectiva humorística.
Chove em Porto Alegre
Introdução
Algumas pessoas sentem amor próprio com naturalidade. Outros pesquisam continuamente nos relacionamentos, na compra de propriedades ou na carreira tentando encontrá-lo.
Como acontece essa diferença?
Primeiro, precisamos distinguir entre quem está buscando vitórias e quem ama. O primeiro quer poder. Acredita em ter orgulho, em ser superior, em ter autoridade. Quem quer o amor, sabe encontrá-lo sem partir em nenhuma direção: as coisas são vistas com simplicidade.
Em geral, quem busca o poder sequer procura a satisfação: quer primeiro a adversidade. Somente através de dificuldades, de superar-se é que sente, por alguns segundos, o alívio de conseguir.
Imediatamente isso desaparece. Ele volta a exigir-se com fervor.
Não sabe disso, mas esta pessoa, em si, não vale nada para ela. Como estas coisas que busca também não têm valor duradouro, ela recomeça o ciclo da desvalia.
Berço Esplêndido
Algumas sugestões de origem para este desvalor parecem apontar para experiências na infância. O que chamamos auto-estima começa, inicialmente, na estima que os pais têm pelos seus filhos, no apego seguro nascido nos primeiros anos.
Através de atos simples como ser tocado, receber atenção aos sentimentos e orientação para realização de um objetivo, o bebê passa a ver seu valor refletido nos olhos dos pais: a ver-se desejável, ou seja, digno e capaz de ser amado.
Estes sentimentos são tão poderosos que têm sido reconhecidos por influenciar a longevidade.
Um bebê, quando se arrisca à autonomia de sentar-se, por exemplo, convida a mãe a reagir. Algumas reconhecerão a coragem e a capacidade que ele tem. Outras, temerárias, saltarão na direção do movimento para ampará-lo. Esse regate imediato tende a assustar o bebê. O que pode ler disso é que corria perigo. Ao contrário, a mãe que sorri tranqüila, apresenta reconhecimento da atitude bravia premiando e reforçando a tentativa.
Esse esteio em presença exagerada toma o lugar do desafio. Toma o lugar do esqueleto de quem está em desenvolvimento. É uma forma de abuso.
O bebê que não recebe estímulo nenhum, por sua vez, pousará na indiferença do olhar. Não receberá sorrisos, consolos, reforços. Também ele estará tendendo à inércia do desejo.
Existe uma coluna vertebral das atitudes: ela nasce a partir das tentativas que fazemos com naturalidade logo que nascemos.
Se, através de diferentes formas de abuso ou negligência, um bebê não consegue obter esse espelho amoroso de suas capacidades, duas coisas acontecem com freqüência:
a primeira: a criança começa a pensar-se defeituosa, rejeitada.
Uma vez que, para nós quando crianças, os pais são divindades, o abuso e a negligência parental (incluindo a insensibilidade aos sentimentos) são vividos como plenamente justificados:
"Se a mamãe ou o papai me tratam desta maneira, deve ser culpa minha."
Uma segunda coisa também acontece: na infância, somos mestres na elaboração de estratégias para seduzir ou prevenir o abandono. Uma estratégia comum de proteção é o perfeccionismo:
"Se eu sou perfeito, então a mamãe ou o papai vão me amar."
Tentar não ter falhas ou não fracassar possivelmente seja uma busca obsessiva e vitalícia: quer seja pelo parceiro perfeito, pela conquista perfeita, pela diversão perfeita. Mas o resultado sempre será decepcionante. A busca pelo acerto, pela sensação de dominar o acontecimento, não substitui o amor próprio.
No lugar disso, já que a perfeição não acontece, nasce uma satisfação inventada: a busca da ilusão de poder; a sensação de controle sobre a vida. Uma miragem que nasce quando não admitimos a contrariedade, a frustração.
Sentimos que somos fortes, por exemplo, toda vez que resistimos a realizar um desejo nosso. É como se o sacrifício nos elevasse. A educação nos emprestasse nobreza. É fácil confundir com generosidade.
Inflamos na medida em que nos colocamos de lado e atendemos àquele que julgamos precisar mais. Assim fazemos de conta de que não carecemos, de que somos completos.
Levar a vida como ela deve ser cumprida, atendendo a tarefas, obedecendo a ordens, atendendo expectativas de familiares também é viver em busca da ilusão de ter poder.
Isso é o que entra no lugar de nos satisfazermos, de sentirmos prazer. Esse é o caminho que resta enquanto temos medo de lutar pelo que gostamos ou medo de recebermos uma punição por fazer o que queremos.
Pode Ser Diferente
Existe cura para quem não recebeu cuidado suficiente na infância ou para quem dedica sua existência à busca da ilusão de poder.
Assim como é para qualquer coisa que valha a pena, para isso é preciso esforço.
Uma boa oportunidade de cura está no modo como vivemos as nossas memórias de parentalidade. Elas não são estáticas recordações e nem mesmo são retratos fiéis.
Cada um de nós carrega pais-internos: uma voz que fala como nossos pais faziam. Se eles nos confirmavam, a auto-palestra será apoiadora. Se nossos pais eram essencialmente negativos, tenderemos a ser autocríticos na maior parte do tempo. Algumas destas ofensas serão simples repetições do que ouvíamos.
Porém, a reprodução da atitude dos pais não é o que mais comumente acontece, mas sim a repetição da saída que achamos na infância. A criança culpa e ataca a si mesma para proteger os pais; para salvá-los; para justificar as atitudes deles; e para buscar o controle do que acontece com ela: assim poderá pensar que depende dela o resultado dos eventos. Será ao menos possível acreditar que os erros e os sofrimentos podem ser evitados.
Nisso residem a fonte de muito do nosso sofrimento e as sementes da nossa renovação.
Carinho por Mim
Quem mantém boa auto-estima sabe falar amorosamente a si mesmo, especialmente quando sob estresse.
Ao contrário é o auto-agressor: tenta obrigar-se, dominar-se, ter poder sobre si.
Ao perceber isso, criamos uma via para a mudança. A meta precisa ser: mudar a forma de falar conosco.
Espantoso como é possível discursar de maneira diferente em várias ocasiões. Por exemplo, se estamos tendo um bom dia, muitas vezes refletimos isso com pensamentos positivos. Nesses momentos, a mente pode ser muito calma e pacífica. Ao contrário, quando estamos sob estresse ou após experimentar algumas decepções, podemos ser bastante negativos e cheios de pensamentos combativos e que se repetem sem cessar.
Julgamos que aquilo está errado, que precisamos desvendar como aconteceu para que não se repita. Queremos ter esse poder de governar um destino, de comandar a realidade.
Quando angustiados, e com o pensamento congelado, estaremos re-experimentando aquele estado de espírito de busca de controle, de quem acredita que o sofrimento pode ser evitado.
Uma vez que possamos reconhecer que partimos de um sentimento expansivo e responsável para um estado regredido, de quem se ilude com a possibilidade de dominar as situações futuras, passaremos a usar um dom maravilhoso: será possível sentir compaixão.
A compaixão é colocar-se em nosso lugar. Parece paradoxal, mas não é.
Em um estado de muita violência consigo, esquecemos de quem somos, desvalorizamos nossas atitudes, desconsideramos o acaso. É quando falamos do que acontece em nossa vida e de nossas atitudes como se fossem queixas de outra pessoa:
"eu não fiz, acredita? Era só ligar para lá e não liguei"; "eu não tenho jeito, mesmo. Acabei comendo aquilo tudo"; "eu não presto pra nada"; "eu começo e não termino", e assim por diante.
Isso é não se compreender. Poderíamos tratar melhor a um amigo na situação equivalente, mas não a nós mesmos. Isso pode ser diferente.
Desde a compaixão é que realmente teremos mais cuidado conosco e tomaremos Ações de quem é responsável por si mesmo.
Em um estado de espírito de busca de poder, achamo-nos impotentes e passivos. Nosso sermão particular incluirá declarações ansiosas:
"eu nunca vou ser bom o suficiente", "Eu não posso fazer isso", "e se".
E caberão auto-agressões:
"acorde!", "cresça!", ou "deixe de ser maluco"!
Sou um incapaz
A forma como se interpreta uma situação, o que cada um diz a si mesmo a respeito dela, é um dos pontos chave que determina se vamos enfrentar eficazmente o caso ou se vamos sentir-nos incompetentes para fazê-lo.
Neste sentido existe uma série de pensamentos que poderiam chamar-se improdutivos:
- centrados nos aspectos negativos das situações magnificando-os e esquecendo os positivos;
- dirigidos ao pior que possa ocorrer, mesmo que as possibilidades disso sejam remotas;
- focados ao próprio encargo em relação ao que vai mal e estimulantes do auto castigo.
Em resumo, são pensamentos que ao invés de interpretar objetivamente a realidade e buscar a solução para os problemas, empenham-se em negativizar o panorama e conseguindo, às vezes, bloquear qualquer intento de solução.
Por isso, quando nos sentimos incapazes de enfrentar a uma situação e começamos a entrar no jogo dos pensamentos improdutivos, pode ser útil dizer-se: para que me serve pensar isso? Se o que acontece é que me sinto pior. O que será que estou evitando pensar? De que trabalho estou querendo me poupar?
Assumindo novas possibilidades
Quando reconhecemos que estamos mal, e nos compadecemos de nossa condição humana vulnerável, temos de afirmar nossas energias interiores responsáveis e autênticas. Essas ações são aquelas que ajudam a deslocar-nos para fora de um estado de quem deseja ter poder em direção a um senso mais expansivo e responsável.
Basta praticar Ações Responsáveis que envolvam maior auto-cuidado. Às vezes, isso implica simplesmente na aceitação dos reais sentimentos que temos, sem falso pudor. Para que manter a censura se ninguém mais está sabendo?
Em outras ocasiões, implica em reconhecer e tomar cuidado ativamente das nossas necessidades. Tratar de preparar uma bela refeição para nós mesmos ou ligar para um amigo.
A Ação Responsável é, em essência, ser um pai-interno bom.
Às vezes isso parece insuficiente e tolo. Pressupomos que de nada vai adiantar uma coisa assim. Mas saber e não fazer é ainda não saber.
Muitas vezes, também, a Ação Responsável envolve desafiar o nosso fluxo de desvalorização.
Isso significa ter coragem para redesenhar um raciocínio para adotar um lugar de apoiar-se mais que se criticar em qualquer circunstância. Por exemplo, diante de um primeiro encontro romântico mal sucedido, os pensamentos improdutivos seriam: "fiquei nervosíssima"; "não sabia o que dizer pra ele"; "terminei chorando". Reavaliando, poderia dizer-se: "tentei quebrar o gelo"; "cheguei a abrir-me para receber resposta"; "insisti e não fui embora correndo".
Isto é muito mais fácil quando percebemos que estamos em um estado de espírito de busca de poder.
Sempre que estivermos tendo catastróficas reflexões sobre o futuro ou nos sentindo injustiçadas vítimas do passado, será possível que nos tornemos mais relaxados.
Se reconhecermos que o nosso pensamento parece mais a crença de um arrogante controlador do que de uma pessoa completa e responsável, isso pode nos dar a compaixão - e, muitas vezes, uma perspectiva humorística.