....

terça-feira, 30 de março de 2010

Só não vê quem não quer.

EPITÁFIO
Mais que tudo,
amava a diligência.




Notas rápidas sobre este assassinato:

Não sou contra adulações extra-açucaradas ao Bitols nos shoppings, no supermercado, na feira.

Não me chateia que digam que ele é O má-xi-mo, que o amam: tudo bem.

Eu entendo, está tudo certo, juro. Até aguento seu ego do tamanho de um zeppelin pelo resto da noite.

Não me incomoda que o beijem, que peguem autógrafos, que perguntem se ele é quem pensam que é.

Acho bonito que contem como ele mudou a vida de alguém, como um poema resolveu um mistério, como uma crônica desafogou um amor.

Adoro que ele seja representativo de uma geração, que ele seja a voz da alma feminina, que alcance o status de tradutor tipo um Chico Buarque, um Chico Xavier da asma, sei lá.

Admiro que ele seja provocativo, irreverente, um outdoor dos faceiros da vida; que ele seja o contra entre os contras; que ele seja a inversão inesperada do meu dia e que isso se estenda pelas portarias, pelos elevadores e pelos restaurantes que frequentamos.

Amo que o twitter dele tenha zilhares de seguidores, acredito que a ferramenta nasceu para a ponta de seus dedos ferverem e gozarem o teclado.

Quando vêm, ele fica garboso, estilo brilhantina, sorrindo autenticamente, (e pasmem!) quase tímido. É tão bonito. E sou feliz quando ele fica feliz. Eu não tenho ciúme de sua alegria.

Uma coisa é uma coisa, outra coisa é filha-da-putice.

Por exemplo, tudo isso que citei é muito diferente de domingo, na Fnac, onde fiquei salivando sobre os micros enquanto ele farejava os impressos.

Quando estava voltando, eu vi de longe - porque nessas horas, ardo por uma santa miopia que não tenho: lá granjeava a lambisgóia quiquiqui-cócócó; hihihi-hahaha.

A poucos metros; a alguns segundos de distância e eu já arfando.

Ela me viu de canto de olho e partiu em disparada pra outro lado.

- Que é isso, Fabrício? Puta-merda faz cinco minutos que saí daqui!

- Nada, ela só veio pedir uma dica de livro.

- Ahn, dica de livro.

Vou te dar um monte de livros para que possa olhar mais de perto.

Cineterapia com Trainspotting - Epílogo

O Cineterapia está programado para a última segunda-feira de cada mês, sempre com exibições gratuitas e abertas aos interessados.

Isso tudo iniciou na sala de aula, no Curso de Instrução do Acompanhante terapêutico. Sim, Curso de Instrução do AT. Porque precisamos primeiro aprender a nos acompanhar, cada um a si, para depois ajudar o outro. Nova turma inicia nesta quinta-feira, primeiro de abril.

O AT é um terapeuta que caminha, um pouco mais que um amigo qualificado, um pouco mais que uma babá. É o leão de chácara das crises. A ponte entre o consultório e a cidade. Igual que o paciente, o terapeuta, na rua, aprende muito sobre ele mesmo. Fora da proteção do consultório, fora do papel fixo da poltrona, o acompanhante vira movimento. Eis a saúde - porque a doença é quando tudo está parado.

Trouxemos a sala de aula para o cinema. O filme, Trainspotting, romance de Irvine Welsh transformado em cult pelas mãos do cineasta Danny Boyle, é um drama britânico lançado em 1996, consagrou o autor escocês como uma das vozes mais representativas de sua geração.

O debate contou com o professor Guilherme Vollmer, psiquiatra (HCPA/UFRGS), psicanalista (SPPA) e especialista em DQ (UNIFESP), além de cinéfilo.

Com mais de 15 anos de prática na área, Dr. Guilherme ofereceu uma aula a respeito dos opiáceos, sua origem geográfica, histórica e seus derivados atuais. Versou a respeito do Crack e das dificuldades enfrentadas na clínica em relação a dependência violenta e suas consequência.

Ainda, aprendemos sobre a importância do apoio familiar e de outras pessoas próximas na recuperação dos dependentes, a importância da paciência e da capacidade de tolerar a frustração quando lidamos com índices de recaída em torno de 15 a 20%. Desvendou a questão narcisista do usuário, frágil em busca de prazer imediato.

O professor Vollmer enfatizou a dificuldade que as crianças enfrentam, já que iniciam o uso de drogas muito precocemente, em torno dos doze ou treze anos, e a gravidade que isso acarreta ao prognóstico. Ainda, acrescentou dados sobre o Santo Daime e sua controversa legalização. Muito claro e conciso, o professor Guilherme esclareceu as várias dúvidas do público que se manifestou grandemente.

Deixou seu email (guivollmer@hotmail.com) para contato.

____________________________________________________



O Dr. Odon Cavalcanti, soube da proposta do filme e enviou suas anotações a respeito. Confira a opinião do experiente psiquiatra.

Trainspotting


Outros títulos:
Os insaciáveis; Os Incapazes Incuráveis; Os destruidores dos outros e de si; Quando o outro é invisível; Bebês e Adolescentes Esquecidos

Os que assistem gostam do filme, desconfio que não sabem bem porque, pois ele nos leva mais a intuir ¹ a compreensão da tragédia dos amantes da heroína. O transcorrer do filme assinala o nascedouro do drama com a presença freqüente e o andar solitário de um bebê.


Leia mais e veja as fotos no blog do Curso de AT - http://cursodeinstrucaodoat.blogspot.com

Cineterapia com Trainspotting - Epílogo

O Cineterapia está programado para a última segunda-feira de cada mês, sempre com exibições gratuitas e abertas aos interessados.

Isso tudo iniciou na sala de aula, no Curso de Instrução do Acompanhante terapêutico. Sim, Curso de Instrução do AT. Porque precisamos primeiro aprender a nos acompanhar, cada um a si, para depois ajudar o outro. Nova turma inicia nesta quinta-feira, primeiro de abril.

O AT é um terapeuta que caminha, um pouco mais que um amigo qualificado, um pouco mais que uma babá. É o leão de chácara das crises. A ponte entre o consultório e a cidade. Igual que o paciente, o terapeuta, na rua, aprende muito sobre ele mesmo. Fora da proteção do consultório, fora do papel fixo da poltrona, o acompanhante vira movimento. Eis a saúde - porque a doença é quando tudo está parado.

Trouxemos a sala de aula para o cinema. O filme, Trainspotting, romance de Irvine Welsh transformado em cult pelas mãos do cineasta Danny Boyle, é um drama britânico lançado em 1996, consagrou o autor escocês como uma das vozes mais representativas de sua geração.

O debate contou com o professor Guilherme Vollmer, psiquiatra (HCPA/UFRGS), psicanalista (SPPA) e especialista em DQ (UNIFESP), além de cinéfilo.

Com mais de 15 anos de prática na área, Dr. Guilherme ofereceu uma aula a respeito dos opiáceos, sua origem geográfica, histórica e seus derivados atuais. Versou a respeito do Crack e das dificuldades enfrentadas na clínica em relação a dependência violenta e suas consequência.

Ainda, aprendemos sobre a importância do apoio familiar e de outras pessoas próximas na recuperação dos dependentes, a importância da paciência e da capacidade de tolerar a frustração quando lidamos com índices de recaída em torno de 15 a 20%. Desvendou a questão narcisista do usuário, frágil em busca de prazer imediato.

O professor Vollmer enfatizou a dificuldade que as crianças enfrentam, já que iniciam o uso de drogas muito precocemente, em torno dos doze ou treze anos, e a gravidade que isso acarreta ao prognóstico. Ainda, acrescentou dados sobre o Santo Daime e sua controversa legalização. Muito claro e conciso, o professor Guilherme esclareceu as várias dúvidas do público que se manifestou grandemente.

Deixou seu email (guivollmer@hotmail.com) para contato.

____________________________________________________



O Dr. Odon Cavalcanti, soube da proposta do filme e enviou suas anotações a respeito. Confira a opinião do experiente psiquiatra.

Trainspotting


Outros títulos:
Os insaciáveis; Os Incapazes Incuráveis; Os destruidores dos outros e de si; Quando o outro é invisível; Bebês e Adolescentes Esquecidos

Os que assistem gostam do filme, desconfio que não sabem bem porque, pois ele nos leva mais a intuir ¹ a compreensão da tragédia dos amantes da heroína. O transcorrer do filme assinala o nascedouro do drama com a presença freqüente e o andar solitário de um bebê.


Leia mais e veja as fotos no blog do Curso de AT - http://cursodeinstrucaodoat.blogspot.com

domingo, 28 de março de 2010

Cineterapia - dia 29/03, 20h


Zero Hora, Caderno Vida,
27 de março de 2010 | N° 16287
POR AÍ

Cineterapia


Trainspotting, de Danny Boyle, será exibido na segunda-feira no Cineterapia, às 20h, no Cinebancários (Rua General Câmara, 424, Capital). Após o filme, o psiquiatra Carlos Alberto Iglesias Salgado, coordenador do Departamento de Dependência Química da Associação de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, falará sobre o uso de drogas. O objetivo dos encontros, previstos para a última segunda-feira do mês, é discutir temas como alienação parental, precocidade sexual e fobias. A entrada é franca. Reservas: atendimento@clinicaverri.com.br

Cineterapia - dia 29/03, 20h


Zero Hora, Caderno Vida,
27 de março de 2010 | N° 16287
POR AÍ

Cineterapia


Trainspotting, de Danny Boyle, será exibido na segunda-feira no Cineterapia, às 20h, no Cinebancários (Rua General Câmara, 424, Capital). Após o filme, o psiquiatra Carlos Alberto Iglesias Salgado, coordenador do Departamento de Dependência Química da Associação de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, falará sobre o uso de drogas. O objetivo dos encontros, previstos para a última segunda-feira do mês, é discutir temas como alienação parental, precocidade sexual e fobias. A entrada é franca. Reservas: atendimento@clinicaverri.com.br

quinta-feira, 25 de março de 2010

Premonição - Crônica Falada [24.03.2010]



Minha mãe me chamava de cantinho, bem séria, pensava que tinha aprontado algo. Mas era mais uma de suas advertências. Não, minha mãe não advertia, fazia premonições, algo como a voz do futuro em casa:

- Filha, você não pode depender de homem. Você tem que ganhar seu próprio dinheiro. Imagine pedir dinheiro a um homem para comprar um Modess?

Eu ficava assustada, era uma menina entre dois irmãos e circulando numa residência absolutamente masculina, onde o homem podia tudo e a mulher somente podia reclamar de não fazer nada.

Levei o conselho como um mandamento marista, um princípio jesuíta, pendurei na parede de minha vida como uma cruz.

Orientava e treinava minha disciplina, estimulava que aprendesse línguas estrangeiras. Logo abandonei mesadas, recusava presentes. Não fui domesticada.

Segui carreira de modo exemplar.

Pouco antes de me formar em medicina, estagiava para garantir a independência, era solteira, moderna, descolada, estava à beira da alforria completa quando conheci minha amiga Carol. A loirinha dinâmica tinha um namorado a quem servia em pormenores: acompanhava e organizava a agenda, acertava contas, garantia cursos na área, além de toda a sorte de mimos e garantias de amor e fidelidade.

Perguntei a ela se não tinha medo de se tornar dependente dele. Calma, sorriu ancestral e liquidou o assunto:

- Quem depende de mim é ele.

Uma nova dimensão feminina do respeito se abriu para mim.

Depois da Carol, mudei muito em relação à parceria. Não me sinto culpada por coincidir desejos com o namorado. Não realizo o que não tenho vontade, eu cuido dos meus cuidados.

Antecipar-se ao que o outro precisa não é submissão. O termômetro fica por conta do prazer. Quando sou altruísta, sou também egoísta, faço porque quero. Faço porque ninguém manda em mim, nem minha mãe.



Premonição - Crônica Falada [24.03.2010]



Minha mãe me chamava de cantinho, bem séria, pensava que tinha aprontado algo. Mas era mais uma de suas advertências. Não, minha mãe não advertia, fazia premonições, algo como a voz do futuro em casa:

- Filha, você não pode depender de homem. Você tem que ganhar seu próprio dinheiro. Imagine pedir dinheiro a um homem para comprar um Modess?

Eu ficava assustada, era uma menina entre dois irmãos e circulando numa residência absolutamente masculina, onde o homem podia tudo e a mulher somente podia reclamar de não fazer nada.

Levei o conselho como um mandamento marista, um princípio jesuíta, pendurei na parede de minha vida como uma cruz.

Orientava e treinava minha disciplina, estimulava que aprendesse línguas estrangeiras. Logo abandonei mesadas, recusava presentes. Não fui domesticada.

Segui carreira de modo exemplar.

Pouco antes de me formar em medicina, estagiava para garantir a independência, era solteira, moderna, descolada, estava à beira da alforria completa quando conheci minha amiga Carol. A loirinha dinâmica tinha um namorado a quem servia em pormenores: acompanhava e organizava a agenda, acertava contas, garantia cursos na área, além de toda a sorte de mimos e garantias de amor e fidelidade.

Perguntei a ela se não tinha medo de se tornar dependente dele. Calma, sorriu ancestral e liquidou o assunto:

- Quem depende de mim é ele.

Uma nova dimensão feminina do respeito se abriu para mim.

Depois da Carol, mudei muito em relação à parceria. Não me sinto culpada por coincidir desejos com o namorado. Não realizo o que não tenho vontade, eu cuido dos meus cuidados.

Antecipar-se ao que o outro precisa não é submissão. O termômetro fica por conta do prazer. Quando sou altruísta, sou também egoísta, faço porque quero. Faço porque ninguém manda em mim, nem minha mãe.



Premonição - Crônica Falada [24.03.2010]



Minha mãe me chamava de cantinho, bem séria, pensava que tinha aprontado algo. Mas era mais uma de suas advertências. Não, minha mãe não advertia, fazia premonições, algo como a voz do futuro em casa:

- Filha, você não pode depender de homem. Você tem que ganhar seu próprio dinheiro. Imagine pedir dinheiro a um homem para comprar um Modess?

Eu ficava assustada, era uma menina entre dois irmãos e circulando numa residência absolutamente masculina, onde o homem podia tudo e a mulher somente podia reclamar de não fazer nada.

Levei o conselho como um mandamento marista, um princípio jesuíta, pendurei na parede de minha vida como uma cruz.

Orientava e treinava minha disciplina, estimulava que aprendesse línguas estrangeiras. Logo abandonei mesadas, recusava presentes. Não fui domesticada.

Segui carreira de modo exemplar.

Pouco antes de me formar em medicina, estagiava para garantir a independência, era solteira, moderna, descolada, estava à beira da alforria completa quando conheci minha amiga Carol. A loirinha dinâmica tinha um namorado a quem servia em pormenores: acompanhava e organizava a agenda, acertava contas, garantia cursos na área, além de toda a sorte de mimos e garantias de amor e fidelidade.

Perguntei a ela se não tinha medo de se tornar dependente dele. Calma, sorriu ancestral e liquidou o assunto:

- Quem depende de mim é ele.

Uma nova dimensão feminina do respeito se abriu para mim.

Depois da Carol, mudei muito em relação à parceria. Não me sinto culpada por coincidir desejos com o namorado. Não realizo o que não tenho vontade, eu cuido dos meus cuidados.

Antecipar-se ao que o outro precisa não é submissão. O termômetro fica por conta do prazer. Quando sou altruísta, sou também egoísta, faço porque quero. Faço porque ninguém manda em mim, nem minha mãe.



domingo, 21 de março de 2010

Óbvio

Vem lá de 1999 esta canção que eu fiz. Escolhi para estrear o GarageBand e o iMovie do macbook.
Vejam aí o que parece pra vocês.


Óbvio

Vem lá de 1999 esta canção que eu fiz. Escolhi para estrear o GarageBand e o iMovie do macbook.
Vejam aí o que parece pra vocês.


Óbvio

Vem lá de 1999 esta canção que eu fiz. Escolhi para estrear o GarageBand e o iMovie do macbook.
Vejam aí o que parece pra vocês.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Deixando de lado a rejeição - Crônica Falada no Camarote TVCOM [17.03.2010]



Postos de lado, confiamos que somos o responsável pelo desprezo. Causamos o desinteresse e recebemos o castigo.

Noventa por cento das vezes estamos errados.

Eu insistia em pensar em como era pouco atraente. Como quase todo mundo.

Quando o namorado preferia assistir futebol, fazia questão de competir com o lazer. Deduzia que ele, em algum lance, iria me preferir. Torcia para que deixasse de torcer. Eu seria melhor do que seu time de coração. Aproveitava amistosos para atacar e inventava jantares-surpresa, comprava lingerie, sob alegação de que não era Libertadores ou Campeonato Brasileiro.

Nem me olhava. Eu me sentia renegada, estabelecia escolhas a todo momento, provas de que se me amava ou não. Armava ciladas.

Jurava, de pés juntos e mãos atadas, que ele não me queria. Não entendia que somente desejava desfrutar das tabelas do seu clube.

A rejeição é inventada. Isso é que eu estou dizendo. O rejeitador não está optando, só a gente.

Quando não somos eleitos em uma entrevista de emprego, revisamos o diálogo atrás do instante exato em que cometemos o erro fatal.

Quando alguém deixa de amar, o ofendido sofre na edição das imagens da relação, incansável na procura da atitude que devia ter sido mudada.

Somos o centro das atenções da mãe quando nascemos e aos poucos o cuidado muda para se tornar companhia. É um processo árduo aceitar que a mãe também goste do trabalho e ame outras pessoas como um irmão ou até mesmo o pai. Queremos saber como voltar a ser o magneto do olhar dela. Podemos nos sentir fracassados diante da evolução natural das coisas.

Tive o estalo quando um amigo que julgava magoado com algo que eu falei, e que não me procurava há tempos, encontrou-me na rua e correu para um abraço. Descreveu como sua carreira estava atribulada com o mestrado, que tinha viajado, que estava namorando, enfim: vivendo intensamente. Contei que me sentia culpada pelo seu afastamento, desde aquele dia em que falei aquilo. O amigo riu muito - nem lembrava!

Uma a cada dez vezes somos o motivo da rejeição. Nos nove momentos restantes, outras coisas foram mais interessantes que nós. Não é pessoal, sequer entramos na escolha. Houve na verdade, uma alteração de foco.

Sabemos disso, basta pensar em si mesmo e em como nossa atenção flutua entre os desejos. Mas preferimos sofrer e nos agarrar ao equívoco. Para um naufrágo, um pedaço de tábua ainda é o barco.

Isso se dá porque queremos ser a espinha dorsal da repulsa, optamos por acreditar que causamos o abandono, o desleixo, o desgaste. Claro que sabemos que isso é impossível, mas estamos falando sobre impulsos, uma espécie de mania secreta, uma esperança pequena e escondida de voltarmos ao spotlight contínuo, onde todas as atenções estarão vibrando conosco.

Não há nenhum problema que pensemos assim, apenas sofremos muito com a aritmética do impossível.A conta nunca termina.

O segredo é invertermos a lógica: a cada rejeição, penso que não sou o pivô. Erro menos. E melhor: deixa de ser problema meu, mesmo que o problema exista.

Confira a Crônica Falada que foi ao ar no Programa Camarote, 17.03.2010





[Henry Selick's Coraline trailler]

Deixando de lado a rejeição - Crônica Falada no Camarote TVCOM [17.03.2010]



Postos de lado, confiamos que somos o responsável pelo desprezo. Causamos o desinteresse e recebemos o castigo.

Noventa por cento das vezes estamos errados.

Eu insistia em pensar em como era pouco atraente. Como quase todo mundo.

Quando o namorado preferia assistir futebol, fazia questão de competir com o lazer. Deduzia que ele, em algum lance, iria me preferir. Torcia para que deixasse de torcer. Eu seria melhor do que seu time de coração. Aproveitava amistosos para atacar e inventava jantares-surpresa, comprava lingerie, sob alegação de que não era Libertadores ou Campeonato Brasileiro.

Nem me olhava. Eu me sentia renegada, estabelecia escolhas a todo momento, provas de que se me amava ou não. Armava ciladas.

Jurava, de pés juntos e mãos atadas, que ele não me queria. Não entendia que somente desejava desfrutar das tabelas do seu clube.

A rejeição é inventada. Isso é que eu estou dizendo. O rejeitador não está optando, só a gente.

Quando não somos eleitos em uma entrevista de emprego, revisamos o diálogo atrás do instante exato em que cometemos o erro fatal.

Quando alguém deixa de amar, o ofendido sofre na edição das imagens da relação, incansável na procura da atitude que devia ter sido mudada.

Somos o centro das atenções da mãe quando nascemos e aos poucos o cuidado muda para se tornar companhia. É um processo árduo aceitar que a mãe também goste do trabalho e ame outras pessoas como um irmão ou até mesmo o pai. Queremos saber como voltar a ser o magneto do olhar dela. Podemos nos sentir fracassados diante da evolução natural das coisas.

Tive o estalo quando um amigo que julgava magoado com algo que eu falei, e que não me procurava há tempos, encontrou-me na rua e correu para um abraço. Descreveu como sua carreira estava atribulada com o mestrado, que tinha viajado, que estava namorando, enfim: vivendo intensamente. Contei que me sentia culpada pelo seu afastamento, desde aquele dia em que falei aquilo. O amigo riu muito - nem lembrava!

Uma a cada dez vezes somos o motivo da rejeição. Nos nove momentos restantes, outras coisas foram mais interessantes que nós. Não é pessoal, sequer entramos na escolha. Houve na verdade, uma alteração de foco.

Sabemos disso, basta pensar em si mesmo e em como nossa atenção flutua entre os desejos. Mas preferimos sofrer e nos agarrar ao equívoco. Para um naufrágo, um pedaço de tábua ainda é o barco.

Isso se dá porque queremos ser a espinha dorsal da repulsa, optamos por acreditar que causamos o abandono, o desleixo, o desgaste. Claro que sabemos que isso é impossível, mas estamos falando sobre impulsos, uma espécie de mania secreta, uma esperança pequena e escondida de voltarmos ao spotlight contínuo, onde todas as atenções estarão vibrando conosco.

Não há nenhum problema que pensemos assim, apenas sofremos muito com a aritmética do impossível.A conta nunca termina.

O segredo é invertermos a lógica: a cada rejeição, penso que não sou o pivô. Erro menos. E melhor: deixa de ser problema meu, mesmo que o problema exista.

Confira a Crônica Falada que foi ao ar no Programa Camarote, 17.03.2010





[Henry Selick's Coraline trailler]

Deixando de lado a rejeição - Crônica Falada no Camarote TVCOM [17.03.2010]



Postos de lado, confiamos que somos o responsável pelo desprezo. Causamos o desinteresse e recebemos o castigo.

Noventa por cento das vezes estamos errados.

Eu insistia em pensar em como era pouco atraente. Como quase todo mundo.

Quando o namorado preferia assistir futebol, fazia questão de competir com o lazer. Deduzia que ele, em algum lance, iria me preferir. Torcia para que deixasse de torcer. Eu seria melhor do que seu time de coração. Aproveitava amistosos para atacar e inventava jantares-surpresa, comprava lingerie, sob alegação de que não era Libertadores ou Campeonato Brasileiro.

Nem me olhava. Eu me sentia renegada, estabelecia escolhas a todo momento, provas de que se me amava ou não. Armava ciladas.

Jurava, de pés juntos e mãos atadas, que ele não me queria. Não entendia que somente desejava desfrutar das tabelas do seu clube.

A rejeição é inventada. Isso é que eu estou dizendo. O rejeitador não está optando, só a gente.

Quando não somos eleitos em uma entrevista de emprego, revisamos o diálogo atrás do instante exato em que cometemos o erro fatal.

Quando alguém deixa de amar, o ofendido sofre na edição das imagens da relação, incansável na procura da atitude que devia ter sido mudada.

Somos o centro das atenções da mãe quando nascemos e aos poucos o cuidado muda para se tornar companhia. É um processo árduo aceitar que a mãe também goste do trabalho e ame outras pessoas como um irmão ou até mesmo o pai. Queremos saber como voltar a ser o magneto do olhar dela. Podemos nos sentir fracassados diante da evolução natural das coisas.

Tive o estalo quando um amigo que julgava magoado com algo que eu falei, e que não me procurava há tempos, encontrou-me na rua e correu para um abraço. Descreveu como sua carreira estava atribulada com o mestrado, que tinha viajado, que estava namorando, enfim: vivendo intensamente. Contei que me sentia culpada pelo seu afastamento, desde aquele dia em que falei aquilo. O amigo riu muito - nem lembrava!

Uma a cada dez vezes somos o motivo da rejeição. Nos nove momentos restantes, outras coisas foram mais interessantes que nós. Não é pessoal, sequer entramos na escolha. Houve na verdade, uma alteração de foco.

Sabemos disso, basta pensar em si mesmo e em como nossa atenção flutua entre os desejos. Mas preferimos sofrer e nos agarrar ao equívoco. Para um naufrágo, um pedaço de tábua ainda é o barco.

Isso se dá porque queremos ser a espinha dorsal da repulsa, optamos por acreditar que causamos o abandono, o desleixo, o desgaste. Claro que sabemos que isso é impossível, mas estamos falando sobre impulsos, uma espécie de mania secreta, uma esperança pequena e escondida de voltarmos ao spotlight contínuo, onde todas as atenções estarão vibrando conosco.

Não há nenhum problema que pensemos assim, apenas sofremos muito com a aritmética do impossível.A conta nunca termina.

O segredo é invertermos a lógica: a cada rejeição, penso que não sou o pivô. Erro menos. E melhor: deixa de ser problema meu, mesmo que o problema exista.

Confira a Crônica Falada que foi ao ar no Programa Camarote, 17.03.2010





[Henry Selick's Coraline trailler]

terça-feira, 16 de março de 2010

Não Enxame o Saco!

EPITÁFIO
Açúcar demais
é veneno
.




Estava passseando pelo Twitter* no exercício diário de voyeurismo quando um retweet** me fisgou.

Fui avaliar a fonte e me deparei com várias orações dignas de respeito. Farejei o blog da tuiteira e acabei com um achado agradabilíssimo. Via-se que se tratava de profissional do ramo, cheia de florestamentos na linguagem, embora trafegando em paisagem claramente urbana, uma beleza!

Gastei o tempo nos bordados, curti o ambiente como num passeio bem acompanhado.

E que fotos bonitas! Ela surpreendia na desenvoltura das imagens porque era feia. Vamos combinar: era feia, mas que charme! De encaracolar o liso extremo dos meus cabelos. Quem dera posar desse jeito. Via-se que ela se sentia dadivosa na hora do clique.

Sentada na sala, apreciava o encontro quando passou o Bitols atrás do sofá. Louca pra partilhar a descoberta perguntei:

- Conhece a @xxx?

Empalideceu.

- Por quê?

Lasquei na hora:

- Tu comeu ela.

- Por que está dizendo isso?

- Comeu ou não comeu?

- Por que está perguntando?

- Ora, Fabrício, só queria contar que “descobri” a artista em questão no twitter e gostei muito. Você, estando fora dos eventos, culpadinho, já desatinou a se defender perguntando por que eu perguntava!

- Vai perguntar isso sobre todas????

- Não. Só quando for esse mal estar. Eu sei que é passado teu, nada a ver comigo… Eu sei, mas é que eu não queria notar isso estampado na tua cara quando a gente encontrasse com elas, sei lá!

- Ah, mas pra isso a gente teria que se mudar do país.

Mudar não dá. Mas matar, sim. E bem dolorosamente.

______________________________________________________________
*Twitter - Não conhece? Consulte a Wikipédia

** Retweet – quando um tuiteiro repassa aos seus seguidores um tweet que considerou interessante.

domingo, 14 de março de 2010

Três Cruzes e uma Figa


Martin O'neil's at his own http://www.cutitout.co.uk/


Meu pai operou uma hérnia sábado. Essa frase tem graça porque ele é cirurgião com mais de vinte anos de experiência. Dessa vez, o operado era ele. Durante o almoço fui percebendo meu estado de nervos. Digo percebendo porque, até perder a carteira, eu me julgava muito calma. Não me sentia ansiosa, ao contrário, só enxergava um “vai dar tudo certo” em neon.

Depois de vasculhar a bolsa atrás do dinheiro é que passei mal. Não achava, procurava, não estava, relembrava, percorria os últimos eventos, ai, que angústia, mas como fui perder o diabo! Que inferno mesmo, agora parece que vai dar tudo errado!

E assim fui crispando a pele do rosto enquanto brotavam manchas avermelhadas no pescoço.

Achei a carteira, mas perdi o celular. Um par de horas tinha passado quando despertei da hipnose. Fui procurar o infame tocador e nada. Estranharia o silêncio em condições normais, mas naquele sábado, não pude sequer desconfiar. Desconfiei que dormitasse no carro, e de fato alcancei o dito sob o banco. Naquela altura, o namorado já aportava na frente de casa, com justificado terror. Tentei explicar a desatenção, mas o pobre estava em alas, principalmente porque foi assaltado há uma semana. Calcule a balbúrdia.

Para mim, de fato, estava sendo tudo um pesadelo: não é que não confiasse nos médicos, são amigos queridos e perfeitamente capazes; não é que me assustasse da anestesia geral, seria instalada por outro companheiro sensível e competente; não é que suspeitasse da enfermagem ou do hospital: temia o DR positivo.

Na medicina temos esta piada macabra, é uma espécie de maldição. Costumamos alegar que tem DR positivo qualquer familiar de médico ou o próprio. Consiste em um tipo de soropositividade do azar, marcador da chance aumentada de algo sair errado. É batata: inflama, infecciona, não será como o esperado, isso é certo. Apenas aguardamos pela bruxaria da vez, o incidente do momento.

Suava conjeturando que meu pai era um DR três cruzes, ou seja, positivo três vezes na roleta russa sendo ele médico com dois filhos na carreira.

Duas, três, quatro da tarde e nada da balconista anunciar pelos familiares.

- Ô, pânico.

Quando terminou o procedimento, Ricardo, o cirurgião, chamou-nos à sala de apoio e informou que demoraram mais que o previsto porque perceberam que se tratavam de duas herniações ao invés de apenas uma. Na sequência, bufou o desabafo:

- Operar pai de amigos é terrível!

Não queria estar nos propés dele.

Naturalmente, algum enrosco ia dar. Respirei aliviada. Se tivesse um juiz na família, aí sim, meu pai estaria liquidado.

Três Cruzes e uma Figa


Martin O'neil's at his own http://www.cutitout.co.uk/


Meu pai operou uma hérnia sábado. Essa frase tem graça porque ele é cirurgião com mais de vinte anos de experiência. Dessa vez, o operado era ele. Durante o almoço fui percebendo meu estado de nervos. Digo percebendo porque, até perder a carteira, eu me julgava muito calma. Não me sentia ansiosa, ao contrário, só enxergava um “vai dar tudo certo” em neon.

Depois de vasculhar a bolsa atrás do dinheiro é que passei mal. Não achava, procurava, não estava, relembrava, percorria os últimos eventos, ai, que angústia, mas como fui perder o diabo! Que inferno mesmo, agora parece que vai dar tudo errado!

E assim fui crispando a pele do rosto enquanto brotavam manchas avermelhadas no pescoço.

Achei a carteira, mas perdi o celular. Um par de horas tinha passado quando despertei da hipnose. Fui procurar o infame tocador e nada. Estranharia o silêncio em condições normais, mas naquele sábado, não pude sequer desconfiar. Desconfiei que dormitasse no carro, e de fato alcancei o dito sob o banco. Naquela altura, o namorado já aportava na frente de casa, com justificado terror. Tentei explicar a desatenção, mas o pobre estava em alas, principalmente porque foi assaltado há uma semana. Calcule a balbúrdia.

Para mim, de fato, estava sendo tudo um pesadelo: não é que não confiasse nos médicos, são amigos queridos e perfeitamente capazes; não é que me assustasse da anestesia geral, seria instalada por outro companheiro sensível e competente; não é que suspeitasse da enfermagem ou do hospital: temia o DR positivo.

Na medicina temos esta piada macabra, é uma espécie de maldição. Costumamos alegar que tem DR positivo qualquer familiar de médico ou o próprio. Consiste em um tipo de soropositividade do azar, marcador da chance aumentada de algo sair errado. É batata: inflama, infecciona, não será como o esperado, isso é certo. Apenas aguardamos pela bruxaria da vez, o incidente do momento.

Suava conjeturando que meu pai era um DR três cruzes, ou seja, positivo três vezes na roleta russa sendo ele médico com dois filhos na carreira.

Duas, três, quatro da tarde e nada da balconista anunciar pelos familiares.

- Ô, pânico.

Quando terminou o procedimento, Ricardo, o cirurgião, chamou-nos à sala de apoio e informou que demoraram mais que o previsto porque perceberam que se tratavam de duas herniações ao invés de apenas uma. Na sequência, bufou o desabafo:

- Operar pai de amigos é terrível!

Não queria estar nos propés dele.

Naturalmente, algum enrosco ia dar. Respirei aliviada. Se tivesse um juiz na família, aí sim, meu pai estaria liquidado.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Amor não é Sacrifício.



Imagem do livro "O Mago",
de Fernando Morais


Onde se pode tudo já não é amor.

Não é permitido qualquer coisa, podemos transformar um sentimento verdadeiro em submissão e tirania. As fronteiras são quase invisíveis.

Antes de ser mago e professar curas pelo caminho de Santiago, Paulo Coelho escorregou na magia negra de seus relacionamentos.

Está lá em sua biografia escrita por Fernando Morais.

Na juventude, namorava uma mulher linda, Fabíola. Ele não acreditava que ela, tão elegante, tão justa, tão educada, tão exuberante, tivesse o escolhido.

Pediu uma prova. Ela respondeu ingenuamente "o que quiser" (quantas vezes respondemos antes mesmo de ouvir a pergunta?).

Ele cruelmente apagou o cigarro em sua coxa. Ela não podia chorar, deveria receber a marca calada, como uma vaca, um animal doméstico. Acolher a ferradura em brasa e se apequenar a um dono.

A cicatriz existe até hoje e sempre existirá debaixo das saias, por mais coloridas que sejam.

Amor não é cartório para autenticar assinaturas. É muito simples. Ou é bom ou não é amor.

Quem pede provas pede renúncia. Quer encerrar o assunto, não prosseguir a convivência com as dúvidas e a oposição necessárias para aperfeiçoar o entendimento.

Diante de exemplos como o de Fabíola, raramente a carapuça serve. Pensamos: que horror! Eu jamais faria isso. Mas deixar de ser quem somos em nome da paixão é corriqueiro. Parece que defendemos uma causa maior do que a própria vida.

O sacrifício não é uma medida. A matemática da relação funciona de modo pouco óbvio. Negar o pedido é abrir espaço para a diferença e cultivar o contraponto.

Exigir que o namorado ou a namorada satisfaça nossas inseguranças é o trajeto mais fácil e o mais doloroso no final. Terminaremos ambos insatisfeitos e feridos com as excentricidades.

Felizes para sempre é agora.


Confira a Crônica Falada de Cínthya Verri (@cinthyaverri) que foi ao ar em 10.03.2010,
no Programa Camarote TVCOM da Katia Suman (@katiasuman).

Amor não é Sacrifício.



Imagem do livro "O Mago",
de Fernando Morais


Onde se pode tudo já não é amor.

Não é permitido qualquer coisa, podemos transformar um sentimento verdadeiro em submissão e tirania. As fronteiras são quase invisíveis.

Antes de ser mago e professar curas pelo caminho de Santiago, Paulo Coelho escorregou na magia negra de seus relacionamentos.

Está lá em sua biografia escrita por Fernando Morais.

Na juventude, namorava uma mulher linda, Fabíola. Ele não acreditava que ela, tão elegante, tão justa, tão educada, tão exuberante, tivesse o escolhido.

Pediu uma prova. Ela respondeu ingenuamente "o que quiser" (quantas vezes respondemos antes mesmo de ouvir a pergunta?).

Ele cruelmente apagou o cigarro em sua coxa. Ela não podia chorar, deveria receber a marca calada, como uma vaca, um animal doméstico. Acolher a ferradura em brasa e se apequenar a um dono.

A cicatriz existe até hoje e sempre existirá debaixo das saias, por mais coloridas que sejam.

Amor não é cartório para autenticar assinaturas. É muito simples. Ou é bom ou não é amor.

Quem pede provas pede renúncia. Quer encerrar o assunto, não prosseguir a convivência com as dúvidas e a oposição necessárias para aperfeiçoar o entendimento.

Diante de exemplos como o de Fabíola, raramente a carapuça serve. Pensamos: que horror! Eu jamais faria isso. Mas deixar de ser quem somos em nome da paixão é corriqueiro. Parece que defendemos uma causa maior do que a própria vida.

O sacrifício não é uma medida. A matemática da relação funciona de modo pouco óbvio. Negar o pedido é abrir espaço para a diferença e cultivar o contraponto.

Exigir que o namorado ou a namorada satisfaça nossas inseguranças é o trajeto mais fácil e o mais doloroso no final. Terminaremos ambos insatisfeitos e feridos com as excentricidades.

Felizes para sempre é agora.


Confira a Crônica Falada de Cínthya Verri (@cinthyaverri) que foi ao ar em 10.03.2010,
no Programa Camarote TVCOM da Katia Suman (@katiasuman).

Amor não é sacrifício - Crônica Falada no Camarote TVCOM 10.03.2010



Imagem do livro "O Mago",
de Fernando Morais


Onde se pode tudo já não é amor.

Não é permitido qualquer coisa, podemos transformar um sentimento verdadeiro em submissão e tirania. As fronteiras são quase invisíveis.

Antes de ser mago e professar curas pelo caminho de Santiago, Paulo Coelho escorregou na magia negra de seus relacionamentos.

Está lá em sua biografia escrita por Fernando Morais.

Na juventude, namorava uma mulher linda, Fabíola. Ele não acreditava que ela, tão elegante, tão justa, tão educada, tão exuberante, tivesse o escolhido.

Pediu uma prova. Ela respondeu ingenuamente "o que quiser" (quantas vezes respondemos antes mesmo de ouvir a pergunta?).

Ele cruelmente apagou o cigarro em sua coxa. Ela não podia chorar, deveria receber a marca calada, como uma vaca, um animal doméstico. Acolher a ferradura em brasa e se apequenar a um dono.

A cicatriz existe até hoje e sempre existirá debaixo das saias, por mais coloridas que sejam.

Amor não é cartório para autenticar assinaturas. É muito simples. Ou é bom ou não é amor.

Quem pede provas pede renúncia. Quer encerrar o assunto, não prosseguir a convivência com as dúvidas e a oposição necessárias para aperfeiçoar o entendimento.

Diante de exemplos como o de Fabíola, raramente a carapuça serve. Pensamos: que horror! Eu jamais faria isso. Mas deixar de ser quem somos em nome da paixão é corriqueiro. Parece que defendemos uma causa maior do que a própria vida.

O sacrifício não é uma medida. A matemática da relação funciona de modo pouco óbvio. Negar o pedido é abrir espaço para a diferença e cultivar o contraponto.

Exigir que o namorado ou a namorada satisfaça nossas inseguranças é o trajeto mais fácil e o mais doloroso no final. Terminaremos ambos insatisfeitos e feridos com as excentricidades.

Felizes para sempre é agora.


Confira a Crônica Falada de Cínthya Verri (@cinthyaverri) que foi ao ar em 10.03.2010,
no Programa Camarote TVCOM da Katia Suman (@katiasuman).

quarta-feira, 10 de março de 2010

O Suicício de Highlander

EPITÁFIO
Via dança e poesia
nas roupas do varal.



Drão, o amor da gente é como um grão
Tem que morrer pra germinar.
Gilberto Gil

Fabrício terminou comigo. Pela terceira vez. Terminou com berros, pediu para que eu descesse com suas coisas. Passava da uma da manhã. Faço questão de escrever sobre isso, assim empresto companhia a mim mesma (porque me senti uma palerma).

Nossa relação é intensa e divertida, ele é um quatro-em-um de gentilezas. Fabrício veio com bateria de lítio ultra-leve. Está sempre bem-disposto, sempre bem-disposto, sempre bem-disposto, sempre.

E eu, não.

Na noite fatídica, por exemplo, passava da meia-noite e eu ainda estava trabalhando. Foi aí que ele ligou.

A boiada estourou quando eu não mandei um torpedo avisando que estaria ocupada, para que ele não se sentisse rejeitado. Eu nem pensei nisso, esse tipo de coisa jamais me ocorre. De modo geral, imagino que o outro vai dar um jeito. Eu desisti há muito tempo de granjear elogios pelo excesso de cuidados ou parcimônias. Talvez isso tenha vindo com a medicina, embora não esteja me livrando da responsabilidade. Mas não vejo que isso seja falta de conectividade, apenas não penso o mesmo que ele.

Pior que isso: eu vinha pedindo a chance de brigar. Quero brigar e não falar mais hoje, amanhã retomar a conversa com o sono bem cumprido de escudeiro. Quero desligar antes de arranhar o disco. Quero pousar a xícara no pires para esfriar o chá.

De novo, ele não deixou. Sei que não é maldade, está mais para temperamento. Mas o fato é que assisti ao avassalador final da relação sabendo que iria se arrepender. A dúvida pesava sobre mim: e se eu não quisesse embarcar novamente? E se meu santo fechasse a conta? E se a aposentadoria viesse precocemente com a demissão?

No outro dia, recebi o torpedo dele requisitando itens específicos para a devolução. Coisinhas que eu não tinha reunido na madrugada. Camiseta do Inter, camisa da Cavalera, umas meias, uns troços.

Sonhei que quando ele chegasse, estaria com a laçada armada: enforcaria o diabo sacada afora.

Melhor que viver sem ele vivo, seria viver com ele morto.

Os restos de um amor pela casa estremecem a febre. Fervi durante cinco dias. Ele , por sua vez, já estava mais que pronto para voltar. Fabrício, além do lítio, tem adamântio por dentro. É meu Wolverine particular. Sempre bem-disposto. Consegue morrer tantas vezes quantas o amor precisar.

Eu, não.

Mas sou uma assassina de mão cheia.

domingo, 7 de março de 2010

Tamanho é Documentário - Estreia no Camarote, 05.01.2010, agora em HD



Lawrence Barraclough fez um documentário sobre seu pequeno pênis. Mais que um filme, o cineasta londrino criou um jeito de se curar da doença mental, sua companheira desde a infância.

As filmagens revelam que ele peregrinou entre médicos, conversou com mulheres em boates, visitou sets de pornografia, debateu com a namorada que afirmava incansável que estava feliz com o tamanho do pênis dele.

Mas Lawrence não se satisfazia com as respostas e insistia no trauma.

Em um determinado momento, o protagonista confessa que gostaria de ter um pênis "normal", que funcionaria quando ele quisesse, com o qual ele estaria certo de satisfazer a parceira.

Dentro desta sentença é que encontramos o núcleo patológico: o moço queria uma sexualidade que ninguém tem. Acreditava que para os outros havia esse exercício sexual contínuo, afortunado e pleno. Mais que isso: atribuía ao pênis a possibilidade de satisfazer a parceira, simplificando às raias do delírio o que é uma relação sexual.

Ele achou seu caminho para viver melhor através das conversas, das verdades, de assumir quem ele pensava que era. Com isso, Lawrence deu o passo fundamental em direção a quem ele quer se tornar - essa é nossa saúde mental.

Confira a Estreia de Cínthya Verri (@cinthyaverri) no quadro Crônica Falada, Programa Camarote TVCOM.
Exibido em 05.01.2010




Link para "My Penis and I":
http://www.mypenisandeveryoneelses.com/

Tamanho é Documentário - Estreia no Camarote, 05.01.2010, agora em HD



Lawrence Barraclough fez um documentário sobre seu pequeno pênis. Mais que um filme, o cineasta londrino criou um jeito de se curar da doença mental, sua companheira desde a infância.

As filmagens revelam que ele peregrinou entre médicos, conversou com mulheres em boates, visitou sets de pornografia, debateu com a namorada que afirmava incansável que estava feliz com o tamanho do pênis dele.

Mas Lawrence não se satisfazia com as respostas e insistia no trauma.

Em um determinado momento, o protagonista confessa que gostaria de ter um pênis "normal", que funcionaria quando ele quisesse, com o qual ele estaria certo de satisfazer a parceira.

Dentro desta sentença é que encontramos o núcleo patológico: o moço queria uma sexualidade que ninguém tem. Acreditava que para os outros havia esse exercício sexual contínuo, afortunado e pleno. Mais que isso: atribuía ao pênis a possibilidade de satisfazer a parceira, simplificando às raias do delírio o que é uma relação sexual.

Ele achou seu caminho para viver melhor através das conversas, das verdades, de assumir quem ele pensava que era. Com isso, Lawrence deu o passo fundamental em direção a quem ele quer se tornar - essa é nossa saúde mental.

Confira a Estreia de Cínthya Verri (@cinthyaverri) no quadro Crônica Falada, Programa Camarote TVCOM.
Exibido em 05.01.2010




Link para "My Penis and I":
http://www.mypenisandeveryoneelses.com/

Tamanho é Documentário - Crônica Falada Programa Camarote TVCOM [05.01.2010]



Lawrence Barraclough fez um documentário sobre seu pequeno pênis. Mais que um filme, o cineasta londrino criou um jeito de se curar da doença mental, sua companheira desde a infância.

As filmagens revelam que ele peregrinou entre médicos, conversou com mulheres em boates, visitou sets de pornografia, debateu com a namorada que afirmava incansável que estava feliz com o tamanho do pênis dele.

Mas Lawrence não se satisfazia com as respostas e insistia no trauma.

Em um determinado momento, o protagonista confessa que gostaria de ter um pênis "normal", que funcionaria quando ele quisesse, com o qual ele estaria certo de satisfazer a parceira.

Dentro desta sentença é que encontramos o núcleo patológico: o moço queria uma sexualidade que ninguém tem. Acreditava que para os outros havia esse exercício sexual contínuo, afortunado e pleno. Mais que isso: atribuía ao pênis a possibilidade de satisfazer a parceira, simplificando às raias do delírio o que é uma relação sexual.

Ele achou seu caminho para viver melhor através das conversas, das verdades, de assumir quem ele pensava que era. Com isso, Lawrence deu o passo fundamental em direção a quem ele quer se tornar - essa é nossa saúde mental.

Confira a Estreia de Cínthya Verri (@cinthyaverri) no quadro Crônica Falada, Programa Camarote TVCOM.
Exibido em 05.01.2010




Link para "My Penis and I":
http://www.mypenisandeveryoneelses.com/

quinta-feira, 4 de março de 2010

SPRINTCUTS – atalhos para lugar nenhum.



Na Amazônia, fiz amizade com um geólogo. Nada aprendi sobre as pedras e o solo, mas deixou uma lição valiosa. Em uma dessas santas noites de bar, o guru da terra disse o seguinte:

- Hoje você pode ganhar menos dinheiro, mas te sobram os minutos para andar de ônibus ao invés de avião, por exemplo. Com a idade, a renda aumenta, mas nada vai valer mais que o tempo - esse vai passar a ser teu ouro.

O amigo também me ensinou dicas sobre loterias, jogos de azar e pocker. Nenhuma instrução me ajudou mais do que a pérola sobre desfrutar de liberdade dentro do tempo.

Aprendemos desde cedo com os porquinhos, vaquinhas e ovelhinhas de louça para depositar moedas: economizar faz bem. Desde a infância juntamos as parcas mesadas para valorizar o dinheiro. De grão em grão, a galinha enche o papo. Mas ela engole logo depois.

Tenho um colega médico que trabalha em plantões, opera nas folgas dos outros e é excelente profissional. Há anos junta seus ganhos. Tem uma pequena fortuna no banco e já conhece investimentos o suficiente para saber que cada níquel reunido gera mais dígitos no extrato. Perguntei a ele para quê juntava a soma. Disse que não sabia, mas tinha certeza de que descobriria um dia.

Não acredito nisso. A lentidão é a velocidade. A pausa é mais poderosa que a nota musical. O intervalo dita o andamento.

Sem a cadência natural, nos tornamos biônicos, perdemos a espontaneidade. O espaço continua sendo o tempo de quem tem imaginação.

Usamos computadores cada vez mais rápidos, celulares que aglomeram funções para que acessemos imediatamente qualquer coisa. Não descansamos um minuto. Embora não tenhamos um objetivo exato. Usamos a premissa de que “economizar é sempre bom” para não sermos pegos desprevenidos por problemas. Nosso tempo é para remediar um futuro contratempo.

Só que nossa vida se torna um permanente acidente.

Uma companhia de telefonia celular americana criou o “Sprintcuts” e um website chamado www.waitless.org. A ideia central é reunir a nós, os afobados, e convidar-nos a usar técnicas que poupar o relógio: uns poucos minutos por dia ganhos, ao final da vida, representam dias ou meses salvos.

Eu me pergunto: para quê?

Quem quiser reservar o tempo, poderá mesmo demorar mais na hora de escolher a roupa para a Festa do Andador, o principal evento anual da Casa de Repouso.

Confira a Crônica Falada sobre este tema no Programa Camarote TVCOM que foi ao ar dia 03.02.2010. Vá para o Bairro das Mídias

SPRINTCUTS – atalhos para lugar nenhum.



Na Amazônia, fiz amizade com um geólogo. Nada aprendi sobre as pedras e o solo, mas deixou uma lição valiosa. Em uma dessas santas noites de bar, o guru da terra disse o seguinte:

- Hoje você pode ganhar menos dinheiro, mas te sobram os minutos para andar de ônibus ao invés de avião, por exemplo. Com a idade, a renda aumenta, mas nada vai valer mais que o tempo - esse vai passar a ser teu ouro.

O amigo também me ensinou dicas sobre loterias, jogos de azar e pocker. Nenhuma instrução me ajudou mais do que a pérola sobre desfrutar de liberdade dentro do tempo.

Aprendemos desde cedo com os porquinhos, vaquinhas e ovelhinhas de louça para depositar moedas: economizar faz bem. Desde a infância juntamos as parcas mesadas para valorizar o dinheiro. De grão em grão, a galinha enche o papo. Mas ela engole logo depois.

Tenho um colega médico que trabalha em plantões, opera nas folgas dos outros e é excelente profissional. Há anos junta seus ganhos. Tem uma pequena fortuna no banco e já conhece investimentos o suficiente para saber que cada níquel reunido gera mais dígitos no extrato. Perguntei a ele para quê juntava a soma. Disse que não sabia, mas tinha certeza de que descobriria um dia.

Não acredito nisso. A lentidão é a velocidade. A pausa é mais poderosa que a nota musical. O intervalo dita o andamento.

Sem a cadência natural, nos tornamos biônicos, perdemos a espontaneidade. O espaço continua sendo o tempo de quem tem imaginação.

Usamos computadores cada vez mais rápidos, celulares que aglomeram funções para que acessemos imediatamente qualquer coisa. Não descansamos um minuto. Embora não tenhamos um objetivo exato. Usamos a premissa de que “economizar é sempre bom” para não sermos pegos desprevenidos por problemas. Nosso tempo é para remediar um futuro contratempo.

Só que nossa vida se torna um permanente acidente.

Uma companhia de telefonia celular americana criou o “Sprintcuts” e um website chamado www.waitless.org. A ideia central é reunir a nós, os afobados, e convidar-nos a usar técnicas que poupar o relógio: uns poucos minutos por dia ganhos, ao final da vida, representam dias ou meses salvos.

Eu me pergunto: para quê?

Quem quiser reservar o tempo, poderá mesmo demorar mais na hora de escolher a roupa para a Festa do Andador, o principal evento anual da Casa de Repouso.

Confira a Crônica Falada sobre este tema no Programa Camarote TVCOM que foi ao ar dia 03.02.2010. Vá para o Bairro das Mídias

SPRINTCUTS – atalhos para lugar nenhum.



Na Amazônia, fiz amizade com um geólogo. Nada aprendi sobre as pedras e o solo, mas deixou uma lição valiosa. Em uma dessas santas noites de bar, o guru da terra disse o seguinte:

- Hoje você pode ganhar menos dinheiro, mas te sobram os minutos para andar de ônibus ao invés de avião, por exemplo. Com a idade, a renda aumenta, mas nada vai valer mais que o tempo - esse vai passar a ser teu ouro.

O amigo também me ensinou dicas sobre loterias, jogos de azar e pocker. Nenhuma instrução me ajudou mais do que a pérola sobre desfrutar de liberdade dentro do tempo.

Aprendemos desde cedo com os porquinhos, vaquinhas e ovelhinhas de louça para depositar moedas: economizar faz bem. Desde a infância juntamos as parcas mesadas para valorizar o dinheiro. De grão em grão, a galinha enche o papo. Mas ela engole logo depois.

Tenho um colega médico que trabalha em plantões, opera nas folgas dos outros e é excelente profissional. Há anos junta seus ganhos. Tem uma pequena fortuna no banco e já conhece investimentos o suficiente para saber que cada níquel reunido gera mais dígitos no extrato. Perguntei a ele para quê juntava a soma. Disse que não sabia, mas tinha certeza de que descobriria um dia.

Não acredito nisso. A lentidão é a velocidade. A pausa é mais poderosa que a nota musical. O intervalo dita o andamento.

Sem a cadência natural, nos tornamos biônicos, perdemos a espontaneidade. O espaço continua sendo o tempo de quem tem imaginação.

Usamos computadores cada vez mais rápidos, celulares que aglomeram funções para que acessemos imediatamente qualquer coisa. Não descansamos um minuto. Embora não tenhamos um objetivo exato. Usamos a premissa de que “economizar é sempre bom” para não sermos pegos desprevenidos por problemas. Nosso tempo é para remediar um futuro contratempo.

Só que nossa vida se torna um permanente acidente.

Uma companhia de telefonia celular americana criou o “Sprintcuts” e um website chamado www.waitless.org. A ideia central é reunir a nós, os afobados, e convidar-nos a usar técnicas que poupar o relógio: uns poucos minutos por dia ganhos, ao final da vida, representam dias ou meses salvos.

Eu me pergunto: para quê?

Quem quiser reservar o tempo, poderá mesmo demorar mais na hora de escolher a roupa para a Festa do Andador, o principal evento anual da Casa de Repouso.

Confira a Crônica Falada sobre este tema no Programa Camarote TVCOM que foi ao ar dia 03.02.2010.

terça-feira, 2 de março de 2010

Trainspotting é o próximo filme do CINETERAPIA



29/03, 20h, no Cinebancários -
Rua General Câmara, 424 - Centro
(Pertinho do Theatro São Pedro)
EVENTO GRATUITO


O Sindibancários e o Espaço Cultural Clínica Verri selaram um pacto e quem ganha é você.

Agora, uma vez por mês, você pode ir ao cinema de graça e curtir ótimos diálogos com psiquiatras, terapeutas e outras personalidades.

A estréia do ciclo fica por conta de Trainspotting e do Dr. Carlos Alberto Iglesias Salgado.

Para a exibição do filme, a Channel 4 da Inglaterra cedeu os direitos especialmente para o evento.

[Sobre o Convidado]
Carlos Alberto Iglesias Salgado é o novo presidente da Abead (gestão 2010/2011), eleito durante o XX Congresso Brasileiro da entidade, em Bento Gonçalves. É psiquiatra com mestrado em Psiquiatria pela UFRGS. Especialista em Dependência Química pela Unifesp. Coordenador do Ambulatório de Dependência Química do Hospital Presidente Vargas e preceptor de Residência Médica em Psiquiatria no mesmo local. É o atual coordenador do Departamento de Dependência Química da Associação de Psiquiatria do Rio Grande do Sul.

[Sobre o Filme]
Trainspotting, livro transformado em cult pelas mãos do cineasta Danny Boyle, drama britânico lançado em 1996, consagrou Irvine Welsh como uma das vozes mais representativas de sua geração.

[Sinopse]
Trainspotting, na gíria escocesa, é uma atividade sem sentido, algo que é uma total perda de tempo. Essa expressão resume as vidas de Rents, Sick Boy, Tommy, Matty, Spud e Begbie, jovens moradores de Edimburgo que passam a maior parte de seu tempo se embebedando em pubs, arrumando confusão, assistindo a jogos de futebol pela televisão e, principalmente, se drogando. A heroína é a droga preferida, um barato que dura tempo suficiente para aplacar a banalidade da existência. Pelo menos até o próximo pico.

Explicitando toda a dor e a banalidade de ser jovem em um mundo de portas fechadas, onde a maior oportunidade que se pode esperar é conseguir um emprego reles em uma grande empresa, ter filhos e desfrutar de uma velhice obesa, Irvine Welsh narra, com ironia e sem meias palavras, o cotidiano de jovens que renunciaram a tudo isso, que preferem se perder em um mundo de contravenções, vagar pelas ruas sem rumo, a ceder a uma vida adulta que não faz o mínimo sentido.


[Principais Prêmios e Indicações]

Oscar 1997 (EUA)

* Indicado na categoria de melhor roteiro adaptado.

Eleito pela Times um dos melhores 1000 filmes já feitos, em 2004.

BAFTA 1996 (Reino Unido)

* Venceu na categoria de melhor roteiro adaptado.
* Indicado nas categorias de melhor filme britânico (Prêmio Alexander Korda).

Prêmio Bodil 1997 (Dinamarca)

* Venceu na categoria de melhor filme não-americano.

Brit Awards 1997 (Reino Unido)

* Venceu na categoria de melhor trilha sonora.

Independent Spirit Awards 1997 (EUA)

* Indicado na categoria de melhor filme estrangeiro.


Reservas de ingressos deverão ser feitas por email
(atendimento@clinicaverri.com.br)
e serão válidas até 20 minutos antes da sessão.

Trainspotting é o próximo filme do CINETERAPIA



29/03, 20h, no Cinebancários -
Rua General Câmara, 424 - Centro
(Pertinho do Theatro São Pedro)
EVENTO GRATUITO


O Sindibancários e o Espaço Cultural Clínica Verri selaram um pacto e quem ganha é você.

Agora, uma vez por mês, você pode ir ao cinema de graça e curtir ótimos diálogos com psiquiatras, terapeutas e outras personalidades.

A estréia do ciclo fica por conta de Trainspotting e do Dr. Carlos Alberto Iglesias Salgado.

Para a exibição do filme, a Channel 4 da Inglaterra cedeu os direitos especialmente para o evento.

[Sobre o Convidado]
Carlos Alberto Iglesias Salgado é o novo presidente da Abead (gestão 2010/2011), eleito durante o XX Congresso Brasileiro da entidade, em Bento Gonçalves. É psiquiatra com mestrado em Psiquiatria pela UFRGS. Especialista em Dependência Química pela Unifesp. Coordenador do Ambulatório de Dependência Química do Hospital Presidente Vargas e preceptor de Residência Médica em Psiquiatria no mesmo local. É o atual coordenador do Departamento de Dependência Química da Associação de Psiquiatria do Rio Grande do Sul.

[Sobre o Filme]
Trainspotting, livro transformado em cult pelas mãos do cineasta Danny Boyle, drama britânico lançado em 1996, consagrou Irvine Welsh como uma das vozes mais representativas de sua geração.

[Sinopse]
Trainspotting, na gíria escocesa, é uma atividade sem sentido, algo que é uma total perda de tempo. Essa expressão resume as vidas de Rents, Sick Boy, Tommy, Matty, Spud e Begbie, jovens moradores de Edimburgo que passam a maior parte de seu tempo se embebedando em pubs, arrumando confusão, assistindo a jogos de futebol pela televisão e, principalmente, se drogando. A heroína é a droga preferida, um barato que dura tempo suficiente para aplacar a banalidade da existência. Pelo menos até o próximo pico.

Explicitando toda a dor e a banalidade de ser jovem em um mundo de portas fechadas, onde a maior oportunidade que se pode esperar é conseguir um emprego reles em uma grande empresa, ter filhos e desfrutar de uma velhice obesa, Irvine Welsh narra, com ironia e sem meias palavras, o cotidiano de jovens que renunciaram a tudo isso, que preferem se perder em um mundo de contravenções, vagar pelas ruas sem rumo, a ceder a uma vida adulta que não faz o mínimo sentido.


[Principais Prêmios e Indicações]

Oscar 1997 (EUA)

* Indicado na categoria de melhor roteiro adaptado.

Eleito pela Times um dos melhores 1000 filmes já feitos, em 2004.

BAFTA 1996 (Reino Unido)

* Venceu na categoria de melhor roteiro adaptado.
* Indicado nas categorias de melhor filme britânico (Prêmio Alexander Korda).

Prêmio Bodil 1997 (Dinamarca)

* Venceu na categoria de melhor filme não-americano.

Brit Awards 1997 (Reino Unido)

* Venceu na categoria de melhor trilha sonora.

Independent Spirit Awards 1997 (EUA)

* Indicado na categoria de melhor filme estrangeiro.


Reservas de ingressos deverão ser feitas por email
(atendimento@clinicaverri.com.br)
e serão válidas até 20 minutos antes da sessão.

segunda-feira, 1 de março de 2010

Offline

Epitáfio
Gostava de entrar de
cabeça em seus textos.


Passeava pelo Facebook quando meu amigo querido que vive em Los Angeles apareceu online. O serviço de mensagem instantânea do Facebook é tão precário que só serve para convidar o contato para um encontro em outro programa. Foi o que fizemos.

Não entrava no MSN desde que eu e Bitols começamos a namorar. Logo no início, conversamos sobre como o messenger podia ser um covil de conversinhas que convidavam a outras conversinhas muitos piores. Combinamos aposentar os nossos.

Quando entrei no MSN para falar com o compadre dos states, estava cometendo uma infração. Escolhi o modo “invisível”. Verifiquei meus contatos bloqueados do passado sorrindo enquanto chateava com o amigo querido de LA. Qual não foi minha surpresa quando vejo o nick de Bitols atualizado informando o twitter dele?

Quando isso tinha acontecido?

Meditei a respeito. Como poderia cobrar a brecha se eu também quebrava a promessa? Formulei um plano rápido. Resolvi twittar que estivera no MSN. Pus assim:

Entrei no MSN. Não tive coragem de sair do invisível, no entanto. Achei que ia ser uma chuva de: oh, está viva. Não quis passar vexame.
4:47 PM Feb 19th from web

A isca funcionou perfeitamente. Bitols escreveu um email comentando a twitada.

oi amor
aquilo que tu sentiu hj no MSN acho que eu também sentiria.
mal entraria, e todas as janelas diriam:oh!
ficaria constrangido e logo invisível.
faz um tempão que não entro. não dá para mexer no passado.
beijo
Bitols

Bingo. Ele também lembrava da promessa. Feito o barraco:

- Que história é essa do senhor ter andado no MSN?

- Eu te falei, amor, dei aquela entrevista.

- Que entrevista?

- Aquela para a Bahia. Foi via MSN. Eu te falei.

- Falou porcaria nenhuma! Que conversa foi essa de melhor não provocar o passado? Que passado? Não bloqueou teus contatos?

- Mas eu não sei bloquear!

- Ah, não sabe? Não sabe clicar com o botão direito?

- Juro! Não sei! E depois, acho “bloquear” tão forte...

- Quer dizer que o senhor deu a tal “entrevista” com mil contatinhos gritando: “Canalha”, é você?

E aproveitou para deixar teu Twitter para as mocreias.

Deixa pra mim. Vou ensinar a bloquear no computador.