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quinta-feira, 11 de março de 2010

Amor não é Sacrifício.



Imagem do livro "O Mago",
de Fernando Morais


Onde se pode tudo já não é amor.

Não é permitido qualquer coisa, podemos transformar um sentimento verdadeiro em submissão e tirania. As fronteiras são quase invisíveis.

Antes de ser mago e professar curas pelo caminho de Santiago, Paulo Coelho escorregou na magia negra de seus relacionamentos.

Está lá em sua biografia escrita por Fernando Morais.

Na juventude, namorava uma mulher linda, Fabíola. Ele não acreditava que ela, tão elegante, tão justa, tão educada, tão exuberante, tivesse o escolhido.

Pediu uma prova. Ela respondeu ingenuamente "o que quiser" (quantas vezes respondemos antes mesmo de ouvir a pergunta?).

Ele cruelmente apagou o cigarro em sua coxa. Ela não podia chorar, deveria receber a marca calada, como uma vaca, um animal doméstico. Acolher a ferradura em brasa e se apequenar a um dono.

A cicatriz existe até hoje e sempre existirá debaixo das saias, por mais coloridas que sejam.

Amor não é cartório para autenticar assinaturas. É muito simples. Ou é bom ou não é amor.

Quem pede provas pede renúncia. Quer encerrar o assunto, não prosseguir a convivência com as dúvidas e a oposição necessárias para aperfeiçoar o entendimento.

Diante de exemplos como o de Fabíola, raramente a carapuça serve. Pensamos: que horror! Eu jamais faria isso. Mas deixar de ser quem somos em nome da paixão é corriqueiro. Parece que defendemos uma causa maior do que a própria vida.

O sacrifício não é uma medida. A matemática da relação funciona de modo pouco óbvio. Negar o pedido é abrir espaço para a diferença e cultivar o contraponto.

Exigir que o namorado ou a namorada satisfaça nossas inseguranças é o trajeto mais fácil e o mais doloroso no final. Terminaremos ambos insatisfeitos e feridos com as excentricidades.

Felizes para sempre é agora.


Confira a Crônica Falada de Cínthya Verri (@cinthyaverri) que foi ao ar em 10.03.2010,
no Programa Camarote TVCOM da Katia Suman (@katiasuman).

3 comentários:

  1. Adorei a reflexão, com certeza incrusta em nossos pequenos atos nas relações, nas nossas necessárias provas da existência do amor, ainda que não as exuberantes, mas que pedimos calados naquela espera pelo carinho exposto nos atos de quem amamos.
    Após admirar nos versos 'carpinejares' a sapiência sobre relações, comprovo aqui as descrições que faz em seus textos sobre sua amada, parabéns Cínthya, pela sua sensibilidade. Bjos

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  2. Raiana,
    que lindo. Obrigada.
    beijos meus pra ti.

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  3. Alisson,
    tudo chega na sua hora. Que bem que nos encontramos a tempo.
    Um beijo!

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