Na Amazônia, fiz amizade com um geólogo. Nada aprendi sobre as pedras e o solo, mas deixou uma lição valiosa. Em uma dessas santas noites de bar, o guru da terra disse o seguinte:
- Hoje você pode ganhar menos dinheiro, mas te sobram os minutos para andar de ônibus ao invés de avião, por exemplo. Com a idade, a renda aumenta, mas nada vai valer mais que o tempo - esse vai passar a ser teu ouro.
O amigo também me ensinou dicas sobre loterias, jogos de azar e pocker. Nenhuma instrução me ajudou mais do que a pérola sobre desfrutar de liberdade dentro do tempo.
Aprendemos desde cedo com os porquinhos, vaquinhas e ovelhinhas de louça para depositar moedas: economizar faz bem. Desde a infância juntamos as parcas mesadas para valorizar o dinheiro. De grão em grão, a galinha enche o papo. Mas ela engole logo depois.
Tenho um colega médico que trabalha em plantões, opera nas folgas dos outros e é excelente profissional. Há anos junta seus ganhos. Tem uma pequena fortuna no banco e já conhece investimentos o suficiente para saber que cada níquel reunido gera mais dígitos no extrato. Perguntei a ele para quê juntava a soma. Disse que não sabia, mas tinha certeza de que descobriria um dia.
Não acredito nisso. A lentidão é a velocidade. A pausa é mais poderosa que a nota musical. O intervalo dita o andamento.
Sem a cadência natural, nos tornamos biônicos, perdemos a espontaneidade. O espaço continua sendo o tempo de quem tem imaginação.
Usamos computadores cada vez mais rápidos, celulares que aglomeram funções para que acessemos imediatamente qualquer coisa. Não descansamos um minuto. Embora não tenhamos um objetivo exato. Usamos a premissa de que “economizar é sempre bom” para não sermos pegos desprevenidos por problemas. Nosso tempo é para remediar um futuro contratempo.
Só que nossa vida se torna um permanente acidente.
Uma companhia de telefonia celular americana criou o “Sprintcuts” e um website chamado www.waitless.org. A ideia central é reunir a nós, os afobados, e convidar-nos a usar técnicas que poupar o relógio: uns poucos minutos por dia ganhos, ao final da vida, representam dias ou meses salvos.
Eu me pergunto: para quê?
Quem quiser reservar o tempo, poderá mesmo demorar mais na hora de escolher a roupa para a Festa do Andador, o principal evento anual da Casa de Repouso.
- Hoje você pode ganhar menos dinheiro, mas te sobram os minutos para andar de ônibus ao invés de avião, por exemplo. Com a idade, a renda aumenta, mas nada vai valer mais que o tempo - esse vai passar a ser teu ouro.
O amigo também me ensinou dicas sobre loterias, jogos de azar e pocker. Nenhuma instrução me ajudou mais do que a pérola sobre desfrutar de liberdade dentro do tempo.
Aprendemos desde cedo com os porquinhos, vaquinhas e ovelhinhas de louça para depositar moedas: economizar faz bem. Desde a infância juntamos as parcas mesadas para valorizar o dinheiro. De grão em grão, a galinha enche o papo. Mas ela engole logo depois.
Tenho um colega médico que trabalha em plantões, opera nas folgas dos outros e é excelente profissional. Há anos junta seus ganhos. Tem uma pequena fortuna no banco e já conhece investimentos o suficiente para saber que cada níquel reunido gera mais dígitos no extrato. Perguntei a ele para quê juntava a soma. Disse que não sabia, mas tinha certeza de que descobriria um dia.
Não acredito nisso. A lentidão é a velocidade. A pausa é mais poderosa que a nota musical. O intervalo dita o andamento.
Sem a cadência natural, nos tornamos biônicos, perdemos a espontaneidade. O espaço continua sendo o tempo de quem tem imaginação.
Usamos computadores cada vez mais rápidos, celulares que aglomeram funções para que acessemos imediatamente qualquer coisa. Não descansamos um minuto. Embora não tenhamos um objetivo exato. Usamos a premissa de que “economizar é sempre bom” para não sermos pegos desprevenidos por problemas. Nosso tempo é para remediar um futuro contratempo.
Só que nossa vida se torna um permanente acidente.
Uma companhia de telefonia celular americana criou o “Sprintcuts” e um website chamado www.waitless.org. A ideia central é reunir a nós, os afobados, e convidar-nos a usar técnicas que poupar o relógio: uns poucos minutos por dia ganhos, ao final da vida, representam dias ou meses salvos.
Eu me pergunto: para quê?
Quem quiser reservar o tempo, poderá mesmo demorar mais na hora de escolher a roupa para a Festa do Andador, o principal evento anual da Casa de Repouso.
Confira a Crônica Falada sobre este tema no Programa Camarote TVCOM que foi ao ar dia 03.02.2010.
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