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quinta-feira, 28 de abril de 2011

Trocando em miúdos ou Quanto dói uma saudade? [Crônica Falada]

Assista esta Crônica Falada
Crônica de @cinthyaverri exibida em 27.04.2011
Crônica Falada é um quadro do programa Camarote TVCOM
(segunda a sexta, 18h30, na TVCOM - Canal 36 UHF/NET).
Apresentação @katiasuman

domingo, 24 de abril de 2011

Borralheiro


Oi gente,
Amanhã, segunda-feira, estaremos na Cultura às 19h e 30min no lançamento do novo livro do Fabrício.
Venham!


BORRALHEIRO:
minha viagem pela casa

de Fabrício Carpinejar

25/04 (segunda-feira), às 19h30, Porto Alegre (RS)
SESSÃO DE AUTÓGRAFOS ANTECEDIDA
POR DEBATE
COM OS INTEGRANTES DA BANDA NENHUM DE NÓS

Livraria Cultura,
do Bourbon Shopping Country
(Av. Túlio de Rose, 80 - Loja 302 Tel. 51 3028-4033)

Borralheiro


Oi gente,
Amanhã, segunda-feira, estaremos na Cultura às 19h e 30min no lançamento do novo livro do Fabrício.
Venham!


BORRALHEIRO:
minha viagem pela casa

de Fabrício Carpinejar

25/04 (segunda-feira), às 19h30, Porto Alegre (RS)
SESSÃO DE AUTÓGRAFOS ANTECEDIDA
POR DEBATE
COM OS INTEGRANTES DA BANDA NENHUM DE NÓS

Livraria Cultura,
do Bourbon Shopping Country
(Av. Túlio de Rose, 80 - Loja 302 Tel. 51 3028-4033)

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Debaixo dos Caracóis

EPITÁFIO

O cimento não pergunta
o tamanho do pé.



Sempre admirei o processo criativo de Bitols. Leva menos de uma hora para escrever uma obra de arte.

No início, surpresa, pedi explicações do superpoder. Com naturalidade, respondeu que ir ao computador é a última coisa. Primeiro mastiga a ideia, namora sentenças, vivencia os conceitos, testa os ditos com amigos, com familiares, com o público em geral; depois registra as orações. Dorme sobre o assunto, acorda para a literatura. Quando chega a hora de derramar sobre as teclas, é muito veloz de chuva, basta digitar o que está pronto para servir. Depois, é só revisar, trocar repetições: filigranas do papel.

Incrível mesmo e é verdade. Todo o tempo caçando temas, paquerando novidades, bebendo história alheia, sugando piadas e reviravoltas. E digitando exageros, claro. Bem a seu estilo próprio.

Esses dias mesmo, contou que a editora da revista telefonou pra dizer que seu texto sobre a Gisele estava exagerado.

- Exagerado?

- É… Disse que estava meio demais.

- Hum.

Então fui conferir o tal artigo. É coisa de sete ou oito mil caracteres.

- Levou quanto tempo pra escrever, Bitols?

- Ah, umas duas ou três horas.

- Que the flash, hein?

Então fiz um cálculo rápido de quantas noites mais ou menos o Bitols vinha dormindo, comendo e respirando a Gisele pra permitir a formação da calamidade pública que é aquela coluna: deu uns dois séculos de punheta.

Sério. Nenhuma namorada no mundo deveria saber o que seu namorado realmente pensa sobre a Gisele. Eu sei que ela é linda e tals, não está em discussão a formosura da estimada conterrânea.

Mas uma coisa é saber que ele acha a alemoa deslumbrante em adjetivos gerais, sem maior gravidade. A questão é quando a gente descobre que outra mulher é sua diva, seu mantra mais demorado na língua.

Não é que o Bitols nunca tenha escrito sobre mim na Cláudia, sejamos justas. Verdade que publicaram uma cartinha de amor “coisa mais amor” que fez pra mim. Pouco mais de mil caracteres, bem gracinha, contando que gosto da Fafá de Belém.

Mas é que a Gisele do Bitols “é a perfeição da poesia superando o resultado da lógica”; “é a saudade de uma vida simples. Uma vida descomplicada. Sem censuras e ameaças”; “ela não é tudo, pode ser tudo, que é muito melhor”; “é o ideal do cotidiano. É a exuberância do comum”. E complementa: “Gisele Bündchen exige mais e mais atenção e não enjoamos”.

E muito mais você encontra na declaração explícita que o meu namorado fez para ela na revista feminina mais vendida do país.

Tudo bem: a gente tem que viver com as divas paralelas na vida deles, tá certo que sobre para elas todo esse sonho enquanto a gente suja a louça em casa.

Sobrevivi à leitura. Mas ele não.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Procurando no lugar certo. [Crônica Falada]

Assista esta Crônica Falada
Crônica de @cinthyaverri exibida em 13.04.2011
Crônica Falada é um quadro do programa Camarote TVCOM
(segunda a sexta, 18h30, na TVCOM - Canal 36 UHF/NET).
Apresentação @katiasuman



Link para vídeo da ilusração: http://vimeo.com/17766031

Coelho do Bitols

Páscoa para Bitolinos

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Ai-bota-aqui-o-seu-pezinho.

EPITÁFIO

Nunca lhe faltou 
aquela mão amiga.



Fim de semana na serra é diversão para toda a família. As crianças, carregadas de chocolate, brincam, brincam, brincam, brincam. Os adolescentes, graças ao wireless nas pousadas, não se alteram. Os adultos caem nas piscinas de ofertas. Liquidação de verão no outono gaúcho é pura simpatia.

As lojas montesinas guardam charme: uma elegante loja principal plus um outlet. Marca que se preza tem balaio gigante com preços de fábrica a uma quadra de distância do showroom. E a turistada ama um balaião. Todo mundo se engalfinhando para ter certeza de que está comprando pelo menor preço. Chegar ao caixa é a vitória dos mais fortes.

A qualidade é indiscutível: do artesanato à tapeçaria, dos couros, que são chamados “pele”, à moda para motociclistas passando por lãs e linhas firmes, bem costuradas, bem cortadas.

Sendo assim, preço e produto estão ok. O atendimento é que está em jogo. Parece que estão te fazendo um favor. A gente entra na loja e fica lá jogado às traças, num estilo “compra aí e não incomoda” ou “não quer levar, não tô nem aí”.

Contra esse tipo de comportamento, o Bitols tem estratégias especiais. A bem da verdade, Bitols adora mexer com garçonete, gerente ou revendedora Avon. Estou ciente.

Fim de semana em Nova Petrópolis, por exemplo. Fomos pegar uma chuva no topo das montanhas - porque chuva nas montanhas faz sentido. Entre as coisas de fazer na serra estão as compras, como eu vinha dizendo. Na primeira ponta-de-estoque, Bitols já saiu interpretando o olhar blasé da balconista:

- Que houve? Tá triste?
- Não...

- Está sim. Por que essa cara triste? Problemas de amor?

- Não...

- Se não é amor, então é dinheiro. Pode chorar, vai: chooora... - completa avançando e emprestando o ombro pra moça.

- É que deu tudo errado hoje! O celular estragou, meu carro não veio do conserto, meu computador pifou...

O conversê rendeu mais desconto ainda. Saímos do container-loja com dezenove peças de roupa.

Por isso mesmo é que não critico a alegria, o jeito de “sou amigo”: descola muita risada e ainda gera dividendos.

Já que a população de comerciantes serranos é mais mal-humorada que bartender de aeroporto, o morro virou prato cheio de piadinhas e mequetrefes mil. A cada estabelecimento, Bitols foi-se empolgando. No fim da tarde, chegamos aos esperados calçados:

- Ah, mas esses sapatos são feios.

- Depende do gosto! – respondeu a alemoazinha chinfrim.

- Não chooora: são feios! Só gosta quem tem mau gosto. – foi afirmando o lambisgóio-mor enquanto pegava a mãozinha germânica, branquela e fria.

Ficou lá de mãos dadas com a vendedora. E eu lá de pata choca.

Vez em quando dá beijinho em demonstradora, abraça e fica se balançando com as atendentes. Tudo bem. Mas mãos dadas? A suprema intimidade de um casal? Não aguento.
Fala sério. Comigo não tem desconto.