Estive às voltas com Adélia Prado, de quem queria ouvir a voz. Eu também queria ver a Isadora Duncan Dançar. Escrevi ‘dançar’com letra maiúscula num lapso. Quis corrigir. Apaguei e reescrevi com letra maiúscula três vezes. No fim, dançar é o sobrenome da Isadora. Deixei assim.
Meus pensamentos hoje faziam neblina nos meus olhos. Tem dia em que me refugio atrás deles, provavelmente pra fazer de conta que não corro perigo só em estar viva.
Disse até que estava amarga a quem perguntou como eu estava hoje.
De qualquer modo, tem dia em que azedo a língua. Eu não brigo com isso.
Vinha no trânsito encharcado da tarde chuvosa. Eu me entristeço nesses dias em que as moscas e formigas estão nervosas também.
Depois, lá no trânsito, cheia de nuvens mentais, parei na sinaleira. O rádio chiava uma música e eu não ouvia. Ali parada, assistia uns policiais verificando documentos de uns motoqueiros. Na minha frente estava um Chevette preto, com uns rapazes. Muito subitamente, o policial maior – era grande mesmo, ademais dos apetrechos todos, coturnos e capacete – saltou para o lado do motorista do tal Chevette. Rugiu com cara muito séria. Os rapazes desceram do carro, todos muitíssimo atônitos. O policial agigantou-se mais, com a mão pronta a sacar a arma, com muita ferocidade, revistou os rapazes. Tudo ali, bem na minha frente. Eu, que pacatamente sofria de pensamentos múltiplos, choquei-me. Os rapazes estavam assustadíssimos. A sinaleira que já tinha estado verde, transmutou-se ao vermelho pela terceira vez. E eu ali, paradinha. Atrás do vidro do carro assistindo. Por fim, movi-me à esquerda pedindo passagem pra pouco gentil senhora do carro que fazia menção de passar na faixa do lado. Enfim, pude mudar a faixa e seguir o rumo. Imediatamente, ouvi o rádio tocando a música, senti meu corpo no banco do carro, senti o motor do carro, senti o asfalto debaixo dos pneus, senti que era abafado, ouvi os sons todos à volta.
Senti-me tão viva.
Meus pensamentos hoje faziam neblina nos meus olhos. Tem dia em que me refugio atrás deles, provavelmente pra fazer de conta que não corro perigo só em estar viva.
Disse até que estava amarga a quem perguntou como eu estava hoje.
De qualquer modo, tem dia em que azedo a língua. Eu não brigo com isso.
Vinha no trânsito encharcado da tarde chuvosa. Eu me entristeço nesses dias em que as moscas e formigas estão nervosas também.
Depois, lá no trânsito, cheia de nuvens mentais, parei na sinaleira. O rádio chiava uma música e eu não ouvia. Ali parada, assistia uns policiais verificando documentos de uns motoqueiros. Na minha frente estava um Chevette preto, com uns rapazes. Muito subitamente, o policial maior – era grande mesmo, ademais dos apetrechos todos, coturnos e capacete – saltou para o lado do motorista do tal Chevette. Rugiu com cara muito séria. Os rapazes desceram do carro, todos muitíssimo atônitos. O policial agigantou-se mais, com a mão pronta a sacar a arma, com muita ferocidade, revistou os rapazes. Tudo ali, bem na minha frente. Eu, que pacatamente sofria de pensamentos múltiplos, choquei-me. Os rapazes estavam assustadíssimos. A sinaleira que já tinha estado verde, transmutou-se ao vermelho pela terceira vez. E eu ali, paradinha. Atrás do vidro do carro assistindo. Por fim, movi-me à esquerda pedindo passagem pra pouco gentil senhora do carro que fazia menção de passar na faixa do lado. Enfim, pude mudar a faixa e seguir o rumo. Imediatamente, ouvi o rádio tocando a música, senti meu corpo no banco do carro, senti o motor do carro, senti o asfalto debaixo dos pneus, senti que era abafado, ouvi os sons todos à volta.
Senti-me tão viva.
Um jorro de adrenalina é muito bom pra mal de pensamentos.
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