(Queria ter
Uma máquina de escrever)
(Mentira)
Amor e Só
(Ou: O Amor é só.)
(Ou: É Só o Amor)
Por tanto e tão longe tempo
Quis
Ser algo mais que só humana
Ser
Um algo superior
(era algoz)
Um algo que de nada precisasse
Que fosse por si e em si total
Um ente mui inteligente
Muito mais que toda a gente
Essa gente gemente
Do amor e da vida em geral
Um alguém de letra cursiva
Bonita, clara e discursiva
Mas que nada
Não deu em nada a luta armada
Arapuca de mim
Dei foi c´os burro n´água
(Cos burro: bem assim)
E me joguei
Nadando no mar sem fim
Perdida
Burra das que não emburra
Nem tão feliz – mais viva
Cheia do amor que dói
(o amor que dois)
Que arde, arde, arde bom
Humana e só
Sozinha
Chorando faltas
A falta tua também
Que bem
(Saudade é bem)
De amar assim sem dó de mim
Com prazer afogueado
A rachar o peito em dois
(O teu e o meu)
Descubro-me ser sem por que
(ou porque)
Cheia do amor mais clichê
Carente, precisada e aflita
Até que fiquei mais bonita
Com suores noturnos
Essas coisas todas
De quem sabe não saber
E que acha que ‘não sei’
É uma linda resposta.
Amor meu,
Ama-me com romance chinfrim
Sou aquela da novela
No mais banal de mim
Que é também o meu mais puro
Meu mais outro, meu mais ouro
Meu mais eu.
Hoje
Só
E só para ti só
(com medo que te desapontes)
Fiz cantar o meu amor.
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