No suspense do instante,
Também eu, suspensa,
Sou suspense pra mim.
sábado, 26 de abril de 2008
quarta-feira, 23 de abril de 2008
Que saco!
É bom mesmo que eu me chateie
e me chateie bastante com isso que ouvi
que é para eu mesma lembrar
de não dizer pra ninguém:
que devia
ter feito isso ou aquilo.
E é bom especialmente
para eu lembrar de não dizer isso para mim
(estou atenta, mas é bom lembrar)
...
Eu não perguntei
Eu não pergunto a ninguém como devia ter sido
De onde sai isso de responder o que não se pergunta?
De dentro de quem diz, isso é certo.
Uma locução sem inter - é intralocução.
Um saco. Quando estamos assim, um saco.
Vamos para dentro, ressoamos e nos enchemos mais e mais de nós mesmos.
e me chateie bastante com isso que ouvi
que é para eu mesma lembrar
de não dizer pra ninguém:
que devia
ter feito isso ou aquilo.
E é bom especialmente
para eu lembrar de não dizer isso para mim
(estou atenta, mas é bom lembrar)
...
Eu não perguntei
Eu não pergunto a ninguém como devia ter sido
De onde sai isso de responder o que não se pergunta?
De dentro de quem diz, isso é certo.
Uma locução sem inter - é intralocução.
Um saco. Quando estamos assim, um saco.
Vamos para dentro, ressoamos e nos enchemos mais e mais de nós mesmos.
Que saco!
É bom mesmo que eu me chateie
e me chateie bastante com isso que ouvi
que é para eu mesma lembrar
de não dizer pra ninguém:
que devia
ter feito isso ou aquilo.
E é bom especialmente
para eu lembrar de não dizer isso para mim
(estou atenta, mas é bom lembrar)
...
Eu não perguntei
Eu não pergunto a ninguém como devia ter sido
De onde sai isso de responder o que não se pergunta?
De dentro de quem diz, isso é certo.
Uma locução sem inter - é intralocução.
Um saco. Quando estamos assim, um saco.
Vamos para dentro, ressoamos e nos enchemos mais e mais de nós mesmos.
e me chateie bastante com isso que ouvi
que é para eu mesma lembrar
de não dizer pra ninguém:
que devia
ter feito isso ou aquilo.
E é bom especialmente
para eu lembrar de não dizer isso para mim
(estou atenta, mas é bom lembrar)
...
Eu não perguntei
Eu não pergunto a ninguém como devia ter sido
De onde sai isso de responder o que não se pergunta?
De dentro de quem diz, isso é certo.
Uma locução sem inter - é intralocução.
Um saco. Quando estamos assim, um saco.
Vamos para dentro, ressoamos e nos enchemos mais e mais de nós mesmos.
segunda-feira, 21 de abril de 2008
Carmen Silva
Quando fui na casa de Carmen, tinha um Chaplin logo na entrada.
Ela declamou "no meio do caminho tinha uma pedra" do Drummond na minha casa.
Nunca tinha visto assim - sem palco, sem nada - o artista acontecer na minha frente.
Ela fez ambrosia e era muito, muito boa.
Ela tentou me ensinar a me transformar de 'Idéia de Amor' em 'Obsessão'. Mas eu consegui muito pobremente... Tudo bem, acho que fiz o meu melhor.
Ela escreveu peças muito bonitas também. E cantava também.
Ela me contou que todos os natais comprava um presente para Maria Amália Feijó, colocava o nome e juntava aos outros embaixo da árvore. Na hora marcada consigo, dava-se e abria o presente.
Carmen foi a primeira pessoa a me ensinar que cohabitar nosso corpo é uma coisa natural (e não precisa ser uma patologia).
Carmen Silva nasceu em 1939, porque Maria Amália poderia ficar 'mal-falada' em Pelotas.
Coragem para ser artista é preciso muita.
Carmen me disse que o bom de envelhecer era que a gente finalmente perdia a vergonha de dizer o que tinha vontade.
Linda mulher a Maria Amália.
Ela declamou "no meio do caminho tinha uma pedra" do Drummond na minha casa.
Nunca tinha visto assim - sem palco, sem nada - o artista acontecer na minha frente.
Ela fez ambrosia e era muito, muito boa.
Ela tentou me ensinar a me transformar de 'Idéia de Amor' em 'Obsessão'. Mas eu consegui muito pobremente... Tudo bem, acho que fiz o meu melhor.
Ela escreveu peças muito bonitas também. E cantava também.
Ela me contou que todos os natais comprava um presente para Maria Amália Feijó, colocava o nome e juntava aos outros embaixo da árvore. Na hora marcada consigo, dava-se e abria o presente.
Carmen foi a primeira pessoa a me ensinar que cohabitar nosso corpo é uma coisa natural (e não precisa ser uma patologia).
Carmen Silva nasceu em 1939, porque Maria Amália poderia ficar 'mal-falada' em Pelotas.
Coragem para ser artista é preciso muita.
Carmen me disse que o bom de envelhecer era que a gente finalmente perdia a vergonha de dizer o que tinha vontade.
Linda mulher a Maria Amália.
Carmen Silva
Quando fui na casa de Carmen, tinha um Chaplin logo na entrada.
Ela declamou "no meio do caminho tinha uma pedra" do Drummond na minha casa.
Nunca tinha visto assim - sem palco, sem nada - o artista acontecer na minha frente.
Ela fez ambrosia e era muito, muito boa.
Ela tentou me ensinar a me transformar de 'Idéia de Amor' em 'Obsessão'. Mas eu consegui muito pobremente... Tudo bem, acho que fiz o meu melhor.
Ela escreveu peças muito bonitas também. E cantava também.
Ela me contou que todos os natais comprava um presente para Maria Amália Feijó, colocava o nome e juntava aos outros embaixo da árvore. Na hora marcada consigo, dava-se e abria o presente.
Carmen foi a primeira pessoa a me ensinar que cohabitar nosso corpo é uma coisa natural (e não precisa ser uma patologia).
Carmen Silva nasceu em 1939, porque Maria Amália poderia ficar 'mal-falada' em Pelotas.
Coragem para ser artista é preciso muita.
Carmen me disse que o bom de envelhecer era que a gente finalmente perdia a vergonha de dizer o que tinha vontade.
Linda mulher a Maria Amália.
Ela declamou "no meio do caminho tinha uma pedra" do Drummond na minha casa.
Nunca tinha visto assim - sem palco, sem nada - o artista acontecer na minha frente.
Ela fez ambrosia e era muito, muito boa.
Ela tentou me ensinar a me transformar de 'Idéia de Amor' em 'Obsessão'. Mas eu consegui muito pobremente... Tudo bem, acho que fiz o meu melhor.
Ela escreveu peças muito bonitas também. E cantava também.
Ela me contou que todos os natais comprava um presente para Maria Amália Feijó, colocava o nome e juntava aos outros embaixo da árvore. Na hora marcada consigo, dava-se e abria o presente.
Carmen foi a primeira pessoa a me ensinar que cohabitar nosso corpo é uma coisa natural (e não precisa ser uma patologia).
Carmen Silva nasceu em 1939, porque Maria Amália poderia ficar 'mal-falada' em Pelotas.
Coragem para ser artista é preciso muita.
Carmen me disse que o bom de envelhecer era que a gente finalmente perdia a vergonha de dizer o que tinha vontade.
Linda mulher a Maria Amália.
domingo, 20 de abril de 2008
Logic and Management
Logic is a systematic method of coming to the wrong conclusion with confidence.
The first myth of management is that it exists.
The first myth of management is that it exists.
Logic and Management
Logic is a systematic method of coming to the wrong conclusion with confidence.
The first myth of management is that it exists.
The first myth of management is that it exists.
segunda-feira, 7 de abril de 2008
Meantime
Será que consigo me colocar total e sinceramente - como criança antes da crítica, com livre desejar o qualquer?
Às vezes (somente às vezes) vejo meu não saber e me importuno. Na maior parte do tempo, não sinto assim. De resto, vou-me não me sabendo e tudo bem por mim. Mas, quando me importuno, sabe-se lá o que estou evitando olhar - mas é evitando que me desvio de mim.
Então, demora um pouco para clarear. No processo, vai-se tudo precipitando e, depois, sedimentando.
Enquanto espero, escrevo umas palavras que junto a outras mais. Todas muito bonitas, agrupadas, na minha opinião: looking good. Conto para mim uma estória, e vou-me contando assim - contabilizando horas, estoques, cabelos caídos, pastas de dente, discos de vinil que jazem sem amplificador. Sou a minha memória quando meu presente evito.
Mas, como eu ia dizendo, vou-me contando as coisas como elas são. Sou a mãe que me explica, em reveriè - e vou calmando. Uso voz branda comigo quando estou despelada - porque a qualquer momento terei um ataque. E pressinto uma ânsia, uma onda, uma hola, uma catapulta de desespero, uma latejar que arranha por dentro, um aglomerado na garganta: é pimenta nos olhos e quero chorar; gotas de limão para esverdear os olhos. Minha testa arruga-se, surge uma mancha vermeha entre os olhos, na testa - um hemangioma inato que partiu deixando sobras. E o ataque, não tenho (deixo pra outra hora).
Então ponho água pra esquentar, limpo o chifre que uso como cuia, separo a erva e a bomba e vou me encaminhando à gauchês salvadora. Ou vou lavar a roupa - também serve. Ah, na hora eu vejo. Sigo qualquer rumo de mudar a prosa minha, que ia ficando um céu raivoso de nimbus chuvosas.
Quando é assim, fico despreocupada, sei que assim que eu puder entender, capitular, decifrar, descrever, apreender, facilitar o conteúdo ou des-evitar o sei-lá-o-quê eu ficarei bem.
Mas é enquanto isso que preciso esperar - e segurar-me nunca foi tarefa fácil.
Respira. Respira. Respira. Respira. Mais um pouco.
Falta muito?
Falta, sim. Respira.
Às vezes (somente às vezes) vejo meu não saber e me importuno. Na maior parte do tempo, não sinto assim. De resto, vou-me não me sabendo e tudo bem por mim. Mas, quando me importuno, sabe-se lá o que estou evitando olhar - mas é evitando que me desvio de mim.
Então, demora um pouco para clarear. No processo, vai-se tudo precipitando e, depois, sedimentando.
Enquanto espero, escrevo umas palavras que junto a outras mais. Todas muito bonitas, agrupadas, na minha opinião: looking good. Conto para mim uma estória, e vou-me contando assim - contabilizando horas, estoques, cabelos caídos, pastas de dente, discos de vinil que jazem sem amplificador. Sou a minha memória quando meu presente evito.
Mas, como eu ia dizendo, vou-me contando as coisas como elas são. Sou a mãe que me explica, em reveriè - e vou calmando. Uso voz branda comigo quando estou despelada - porque a qualquer momento terei um ataque. E pressinto uma ânsia, uma onda, uma hola, uma catapulta de desespero, uma latejar que arranha por dentro, um aglomerado na garganta: é pimenta nos olhos e quero chorar; gotas de limão para esverdear os olhos. Minha testa arruga-se, surge uma mancha vermeha entre os olhos, na testa - um hemangioma inato que partiu deixando sobras. E o ataque, não tenho (deixo pra outra hora).
Então ponho água pra esquentar, limpo o chifre que uso como cuia, separo a erva e a bomba e vou me encaminhando à gauchês salvadora. Ou vou lavar a roupa - também serve. Ah, na hora eu vejo. Sigo qualquer rumo de mudar a prosa minha, que ia ficando um céu raivoso de nimbus chuvosas.
Quando é assim, fico despreocupada, sei que assim que eu puder entender, capitular, decifrar, descrever, apreender, facilitar o conteúdo ou des-evitar o sei-lá-o-quê eu ficarei bem.
Mas é enquanto isso que preciso esperar - e segurar-me nunca foi tarefa fácil.
Respira. Respira. Respira. Respira. Mais um pouco.
Falta muito?
Falta, sim. Respira.
Meantime
Será que consigo me colocar total e sinceramente - como criança antes da crítica, com livre desejar o qualquer?
Às vezes (somente às vezes) vejo meu não saber e me importuno. Na maior parte do tempo, não sinto assim. De resto, vou-me não me sabendo e tudo bem por mim. Mas, quando me importuno, sabe-se lá o que estou evitando olhar - mas é evitando que me desvio de mim.
Então, demora um pouco para clarear. No processo, vai-se tudo precipitando e, depois, sedimentando.
Enquanto espero, escrevo umas palavras que junto a outras mais. Todas muito bonitas, agrupadas, na minha opinião: looking good. Conto para mim uma estória, e vou-me contando assim - contabilizando horas, estoques, cabelos caídos, pastas de dente, discos de vinil que jazem sem amplificador. Sou a minha memória quando meu presente evito.
Mas, como eu ia dizendo, vou-me contando as coisas como elas são. Sou a mãe que me explica, em reveriè - e vou calmando. Uso voz branda comigo quando estou despelada - porque a qualquer momento terei um ataque. E pressinto uma ânsia, uma onda, uma hola, uma catapulta de desespero, uma latejar que arranha por dentro, um aglomerado na garganta: é pimenta nos olhos e quero chorar; gotas de limão para esverdear os olhos. Minha testa arruga-se, surge uma mancha vermeha entre os olhos, na testa - um hemangioma inato que partiu deixando sobras. E o ataque, não tenho (deixo pra outra hora).
Então ponho água pra esquentar, limpo o chifre que uso como cuia, separo a erva e a bomba e vou me encaminhando à gauchês salvadora. Ou vou lavar a roupa - também serve. Ah, na hora eu vejo. Sigo qualquer rumo de mudar a prosa minha, que ia ficando um céu raivoso de nimbus chuvosas.
Quando é assim, fico despreocupada, sei que assim que eu puder entender, capitular, decifrar, descrever, apreender, facilitar o conteúdo ou des-evitar o sei-lá-o-quê eu ficarei bem.
Mas é enquanto isso que preciso esperar - e segurar-me nunca foi tarefa fácil.
Respira. Respira. Respira. Respira. Mais um pouco.
Falta muito?
Falta, sim. Respira.
Às vezes (somente às vezes) vejo meu não saber e me importuno. Na maior parte do tempo, não sinto assim. De resto, vou-me não me sabendo e tudo bem por mim. Mas, quando me importuno, sabe-se lá o que estou evitando olhar - mas é evitando que me desvio de mim.
Então, demora um pouco para clarear. No processo, vai-se tudo precipitando e, depois, sedimentando.
Enquanto espero, escrevo umas palavras que junto a outras mais. Todas muito bonitas, agrupadas, na minha opinião: looking good. Conto para mim uma estória, e vou-me contando assim - contabilizando horas, estoques, cabelos caídos, pastas de dente, discos de vinil que jazem sem amplificador. Sou a minha memória quando meu presente evito.
Mas, como eu ia dizendo, vou-me contando as coisas como elas são. Sou a mãe que me explica, em reveriè - e vou calmando. Uso voz branda comigo quando estou despelada - porque a qualquer momento terei um ataque. E pressinto uma ânsia, uma onda, uma hola, uma catapulta de desespero, uma latejar que arranha por dentro, um aglomerado na garganta: é pimenta nos olhos e quero chorar; gotas de limão para esverdear os olhos. Minha testa arruga-se, surge uma mancha vermeha entre os olhos, na testa - um hemangioma inato que partiu deixando sobras. E o ataque, não tenho (deixo pra outra hora).
Então ponho água pra esquentar, limpo o chifre que uso como cuia, separo a erva e a bomba e vou me encaminhando à gauchês salvadora. Ou vou lavar a roupa - também serve. Ah, na hora eu vejo. Sigo qualquer rumo de mudar a prosa minha, que ia ficando um céu raivoso de nimbus chuvosas.
Quando é assim, fico despreocupada, sei que assim que eu puder entender, capitular, decifrar, descrever, apreender, facilitar o conteúdo ou des-evitar o sei-lá-o-quê eu ficarei bem.
Mas é enquanto isso que preciso esperar - e segurar-me nunca foi tarefa fácil.
Respira. Respira. Respira. Respira. Mais um pouco.
Falta muito?
Falta, sim. Respira.
quinta-feira, 3 de abril de 2008
Versatriz
Os versos se dão [eles]
Se o vento e a maré
O sol, o sal, a pimenta
Um cheiro, um instante
Uma partícula qualquer
Os versos se dão [eles]
A nós
Se nos dermos a eles.
A condição primária de versar
É a entrega:
Do versador
Que (se) entrega em versos
Ao versado
A quem (se)entrega versos.
Versatriz
Os versos se dão [eles]
Se o vento e a maré
O sol, o sal, a pimenta
Um cheiro, um instante
Uma partícula qualquer
Os versos se dão [eles]
A nós
Se nos dermos a eles.
A condição primária de versar
É a entrega:
Do versador
Que (se) entrega em versos
Ao versado
A quem (se)entrega versos.
terça-feira, 1 de abril de 2008
Parece que deu, mas não deu.
Folgar o pescoço e dar passagem à palavra
tem sido tarefa árdua nesses dias.
Espero que venha de mim minha franqueza
ao invés de notoriedade
(tarefa árdua nesses dias)
e enquanto isso não tiver fim
propus a mim:
intervalaremos.
(espero que passe logo
minha mania empresárica
tarefa árdua nesses dias)
tem sido tarefa árdua nesses dias.
Espero que venha de mim minha franqueza
ao invés de notoriedade
(tarefa árdua nesses dias)
e enquanto isso não tiver fim
propus a mim:
intervalaremos.
(espero que passe logo
minha mania empresárica
tarefa árdua nesses dias)
Parece que deu, mas não deu.
Folgar o pescoço e dar passagem à palavra
tem sido tarefa árdua nesses dias.
Espero que venha de mim minha franqueza
ao invés de notoriedade
(tarefa árdua nesses dias)
e enquanto isso não tiver fim
propus a mim:
intervalaremos.
(espero que passe logo
minha mania empresárica
tarefa árdua nesses dias)
tem sido tarefa árdua nesses dias.
Espero que venha de mim minha franqueza
ao invés de notoriedade
(tarefa árdua nesses dias)
e enquanto isso não tiver fim
propus a mim:
intervalaremos.
(espero que passe logo
minha mania empresárica
tarefa árdua nesses dias)
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