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segunda-feira, 21 de abril de 2008

Carmen Silva

Quando fui na casa de Carmen, tinha um Chaplin logo na entrada.
Ela declamou "no meio do caminho tinha uma pedra" do Drummond na minha casa.
Nunca tinha visto assim - sem palco, sem nada - o artista acontecer na minha frente.
Ela fez ambrosia e era muito, muito boa.
Ela tentou me ensinar a me transformar de 'Idéia de Amor' em 'Obsessão'. Mas eu consegui muito pobremente... Tudo bem, acho que fiz o meu melhor.
Ela escreveu peças muito bonitas também. E cantava também.
Ela me contou que todos os natais comprava um presente para Maria Amália Feijó, colocava o nome e juntava aos outros embaixo da árvore. Na hora marcada consigo, dava-se e abria o presente.
Carmen foi a primeira pessoa a me ensinar que cohabitar nosso corpo é uma coisa natural (e não precisa ser uma patologia).
Carmen Silva nasceu em 1939, porque Maria Amália poderia ficar 'mal-falada' em Pelotas.
Coragem para ser artista é preciso muita.
Carmen me disse que o bom de envelhecer era que a gente finalmente perdia a vergonha de dizer o que tinha vontade.
Linda mulher a Maria Amália.

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