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terça-feira, 29 de julho de 2008

Autoparto

Nasceu Líria, menos lírica
Mais viva e chorenta (como eu também).
Somos nós duas num viver inexplicável
Transbordando falas sem dosímetro

E lá do adentro dos olhos me olhava
E eu, a ela
(que vamos uma por dentro da outra)
Mas sendo uma que olhava a outra,
Somos ainda duas (ou três, ou quatro...)
Em plataforma de possível salto
alto, extratosférico e também mínimo
(que é o que nos cabe sendo humanas)

Há nova possibilidade de vacina anti-hipocrisia
E passamos a ver no passado toda sorte de utilidades
E toda sorte de sorte também
Que nesse caos, sorte ou azar depende mesmo é de quem olha
Que na visão sistêmica de viver
Sempre cabe nova interpretação.

Para minha querida Marília,
que me conhece como nenhuma outra,
com todo meu amor.

Autoparto

Nasceu Líria, menos lírica
Mais viva e chorenta (como eu também).
Somos nós duas num viver inexplicável
Transbordando falas sem dosímetro

E lá do adentro dos olhos me olhava
E eu, a ela
(que vamos uma por dentro da outra)
Mas sendo uma que olhava a outra,
Somos ainda duas (ou três, ou quatro...)
Em plataforma de possível salto
alto, extratosférico e também mínimo
(que é o que nos cabe sendo humanas)

Há nova possibilidade de vacina anti-hipocrisia
E passamos a ver no passado toda sorte de utilidades
E toda sorte de sorte também
Que nesse caos, sorte ou azar depende mesmo é de quem olha
Que na visão sistêmica de viver
Sempre cabe nova interpretação.

Para minha querida Marília,
que me conhece como nenhuma outra,
com todo meu amor.

segunda-feira, 28 de julho de 2008

A chuva é um bando de passarinhos d´água.
Falta teu corpo
Se fazendo cama
E o suor
Se fazendo roupa.
A chuva é um bando de passarinhos d´água.
Falta teu corpo
Se fazendo cama
E o suor
Se fazendo roupa.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Procrastination

Procrastinação
O mais bonito é que dentro da palavra tem sentimentos variados...

Wikipedia diz: Procrastinação é o diferimento ou adiamento de uma ação. Para a pessoa que está procrastinando, isso resulta em stress, sensação de culpa, perda de produtividade e vergonha em relação aos outros, por não cumprir com suas responsabilidades e compromissos. Enquanto é normal que as pessoas procrastinem até um certo ponto, isso se torna um problema quando impede o funcionamento normal das ações. A procrastinação crônica pode ser um sinal de alguma desordem psicológica ou fisiológica.

Procrastinação
"Ah, vai... Só um pouquinho é normal, né?"
Eu não acho que nem um pouquinho de procrastinação é "normal".
Quando procrastinamos visitamos a psicose
E o adentramento na psicose eu acho "normal", se várias vezes ao dia.

Mas, enfim, loucudes tendem a ser muito boas, como a que faço agora.

Para quem o inglês tá menos bom: o vídeo que vai aqui mostra variadas formas de procrastinação, que a gente nem nota que faz: fazer um chá, ver emails, ver tv, não parar de ver tv, bater com o lápis, cutucar o nariz, organizar as prateleiras por cor, arrumar as meias, fazer as coisas da maneira mais difícil, complicar a própria vida.
Procrastinar é tentar evitar o inevitável (que aparece mais pro fim do vídeo).


Procrastination

Procrastinação
O mais bonito é que dentro da palavra tem sentimentos variados...

Wikipedia diz: Procrastinação é o diferimento ou adiamento de uma ação. Para a pessoa que está procrastinando, isso resulta em stress, sensação de culpa, perda de produtividade e vergonha em relação aos outros, por não cumprir com suas responsabilidades e compromissos. Enquanto é normal que as pessoas procrastinem até um certo ponto, isso se torna um problema quando impede o funcionamento normal das ações. A procrastinação crônica pode ser um sinal de alguma desordem psicológica ou fisiológica.

Procrastinação
"Ah, vai... Só um pouquinho é normal, né?"
Eu não acho que nem um pouquinho de procrastinação é "normal".
Quando procrastinamos visitamos a psicose
E o adentramento na psicose eu acho "normal", se várias vezes ao dia.

Mas, enfim, loucudes tendem a ser muito boas, como a que faço agora.

Para quem o inglês tá menos bom: o vídeo que vai aqui mostra variadas formas de procrastinação, que a gente nem nota que faz: fazer um chá, ver emails, ver tv, não parar de ver tv, bater com o lápis, cutucar o nariz, organizar as prateleiras por cor, arrumar as meias, fazer as coisas da maneira mais difícil, complicar a própria vida.
Procrastinar é tentar evitar o inevitável (que aparece mais pro fim do vídeo).


sábado, 19 de julho de 2008

O que pode ela fazer se dentro dela é assim que se apresenta?
De novo: dentro dela se dão as coisas. Acontecem como quando chove, por exemplo. Que tem o céu que ver com o chover - além de ser o lugar de onde se diz que a chuva cai. Mas, se olharmos melhor, dizemos - das nuvens! Mas que são as nuvens senão a própria chuva pairando no ar?
Sem mais aparentes digressões (porque elas não existem), voltando a ela:
O que pode ela fazer se dentro dela é assim que se apresenta?
É chuva, pronto.
Essa colocação de ser quem vê o próprio interior beira a disjunção pessoal (ou psicose), mas se olhar bem, é por aí mesmo...
E fica melhor - a não integração pode ser um bom caminho para quem se acompanha.
O que pode ela fazer se dentro dela é assim que se apresenta?
De novo: dentro dela se dão as coisas. Acontecem como quando chove, por exemplo. Que tem o céu que ver com o chover - além de ser o lugar de onde se diz que a chuva cai. Mas, se olharmos melhor, dizemos - das nuvens! Mas que são as nuvens senão a própria chuva pairando no ar?
Sem mais aparentes digressões (porque elas não existem), voltando a ela:
O que pode ela fazer se dentro dela é assim que se apresenta?
É chuva, pronto.
Essa colocação de ser quem vê o próprio interior beira a disjunção pessoal (ou psicose), mas se olhar bem, é por aí mesmo...
E fica melhor - a não integração pode ser um bom caminho para quem se acompanha.

quarta-feira, 16 de julho de 2008

cumulus nimbus

ela tinha nos olhos a coisa mais triste do mundo
o mais triste dela subiu e nebulou nos olhos
não caía, não molhava
apenas o triste condensado
entre os cílios e as pálpebras e a córnea

- súbito
um pouco
como o que transborda
um orvalho descendo o rosto
uma denúncia

e ele que viu aquilo
fez o mais doce
o mais doce do mundo pra ela
soprou
soprou a tristeza
pra ela cair toda do copo da órbita
e descer correndo na pele até o queixo
soprou como um beijo aerado
que voou pra dentro dos pêlos reticulados
pra dentro dos apelos dela
e lavou de ar fresco sua alma.

cumulus nimbus

ela tinha nos olhos a coisa mais triste do mundo
o mais triste dela subiu e nebulou nos olhos
não caía, não molhava
apenas o triste condensado
entre os cílios e as pálpebras e a córnea

- súbito
um pouco
como o que transborda
um orvalho descendo o rosto
uma denúncia

e ele que viu aquilo
fez o mais doce
o mais doce do mundo pra ela
soprou
soprou a tristeza
pra ela cair toda do copo da órbita
e descer correndo na pele até o queixo
soprou como um beijo aerado
que voou pra dentro dos pêlos reticulados
pra dentro dos apelos dela
e lavou de ar fresco sua alma.

Cowboy Junkies

1998
inverno também, mas outro inverno
uma década desde mim do então
tão bonito viver corajosamente
e lá eu não sabia
nem tinha como saber lá na primeira vez.
E da primeira vez eram os pais
(são em geral os pais na primeira vez)
e não pude...

Tem alguma coisa de terrivelmente errado comigo!
pensava o eu do então.

Como é que a gente vai saber de antemão que maioria em geral é ignorância?

Cowboy Junkies

1998
inverno também, mas outro inverno
uma década desde mim do então
tão bonito viver corajosamente
e lá eu não sabia
nem tinha como saber lá na primeira vez.
E da primeira vez eram os pais
(são em geral os pais na primeira vez)
e não pude...

Tem alguma coisa de terrivelmente errado comigo!
pensava o eu do então.

Como é que a gente vai saber de antemão que maioria em geral é ignorância?

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Cuidamos bem do nosso, meu querido
Não dia a dia, mas pouco a pouco
Que é do pouco que fazemos tanto
(somos dois que se ocupam de si)
Nosso viver em um é racionado
Arte de fazer muito do pouco que temos
mas
O encontro quando é vivo e (in)tenso
Dura por dentro
É companhia.
Cuidamos bem do nosso, meu querido
Não dia a dia, mas pouco a pouco
Que é do pouco que fazemos tanto
(somos dois que se ocupam de si)
Nosso viver em um é racionado
Arte de fazer muito do pouco que temos
mas
O encontro quando é vivo e (in)tenso
Dura por dentro
É companhia.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

te quero, te quero

Tua presença no mundo é uma beleza.

(ai, que as palavras não se envergam...)

Palavra lida às vezes é instrumento que não sonifica a beleza que vejo
pra você ouvir
(Eu penso que componho de um jeito,
outro toca do seu
e pensa que toca do meu...)

te quero, te quero

Belo
tua existência empresta à realidade o belo

te quero, te quero

É um lugar diferenciado o meu
Porque te tenho com intimidade
(E tua abertura pra mim me empresta diferencial)

Ouço quando diz que me pensa com paixão
me empresta luz,
eu acendo.
Eu mergulho, por dentro do som e alcanço o silêncio.
No meu estado de graça, rio, rio...
Dentro de eu desarrazoada,
Pessoa entregue a uma alegria sem questionar,
sou menos integridade
mais delícia
fluir

De dentro dos não saberes todos
Brilha meu querer

te quero, te quero

Som musicado por dentro dos pensamentos
que pensam que são outros assuntos
Mas não são

te quero, te quero

supermercado gasolina carro contas meu deus dívidas! banco aniversário
idade gordura comida hospital roupa assalto roubaram mataram quebraram
disseram morreram eles outros

Mentira

te quero, te quero...
meu pensar é por dentro um cantar multicórdico.




te quero, te quero

Tua presença no mundo é uma beleza.

(ai, que as palavras não se envergam...)

Palavra lida às vezes é instrumento que não sonifica a beleza que vejo
pra você ouvir
(Eu penso que componho de um jeito,
outro toca do seu
e pensa que toca do meu...)

te quero, te quero

Belo
tua existência empresta à realidade o belo

te quero, te quero

É um lugar diferenciado o meu
Porque te tenho com intimidade
(E tua abertura pra mim me empresta diferencial)

Ouço quando diz que me pensa com paixão
me empresta luz,
eu acendo.
Eu mergulho, por dentro do som e alcanço o silêncio.
No meu estado de graça, rio, rio...
Dentro de eu desarrazoada,
Pessoa entregue a uma alegria sem questionar,
sou menos integridade
mais delícia
fluir

De dentro dos não saberes todos
Brilha meu querer

te quero, te quero

Som musicado por dentro dos pensamentos
que pensam que são outros assuntos
Mas não são

te quero, te quero

supermercado gasolina carro contas meu deus dívidas! banco aniversário
idade gordura comida hospital roupa assalto roubaram mataram quebraram
disseram morreram eles outros

Mentira

te quero, te quero...
meu pensar é por dentro um cantar multicórdico.




sábado, 5 de julho de 2008

Dentro da cabeça dela iam os pensares, quase que escatológicos, sem dúvida, inúteis - como todo pensamento é
(Radical? Nada. A escatologia mental é um redemoinho de criações feitas de passado, são reconstruções em patchwork do digerido).
Sim, sim, não esqueçamos: o pensar é sempre passado, sempre morto. Não percebe? Como que pensaria sobre aquilo que ainda não veio? Vai imaginá-lo com o que já tem dentro da cabeça, por isso o novo é tão surpreendentemente novo.
Pois a cabeça dela ia cheia desses cacarecos velhos, quando toca a campainha. Abre e... adivinhe? O novo. Claro. Sempre abre a porta e é o inesperado.
Quando não vemos o inesperado é porque estamos pensando e pensar é necessariamente não ver.
Ela, Rapunzel. Mas olha que é Rapunzel por gosto, isso não tem nada de prisão.
Ela explica que não gosta de meio termo.
'Quer cancelar o pedido?'
Pois, faça o favor.
Ela trabalha como atendente na pizzaria e às vezes faz a cara do desgosto.
O cara acha que ela não nota, mas ela sabe que ele não quer deixar de ser deus. Ah, sim, porque 'dizer' é deixar imediatamente o posto do divino. A divindade não se pronuncia. Em silêncio, o cara se mantém incólume. Aliás, intocado e não-vivido.
Porque ao abrir a boca é o inesperado. Igual a abrir a porta.
Ela sabe disso e trabalha na pizzaria.
É obra do caos isso tudo.
E daí? Já se vive no caos sem perceber. A coragem é ver e seguir mesmo assim.
Pois ela atende o telefone, às vezes sonha que vai mudar de cidade e vai pra perto da praia. Mas pensa que perto da praia não vai conhecer ninguém de interessante. E também ela não faz outro trabalho, porque não vai conhecer ninguém de interessante. Só se fosse em outro país, né? Mas outro país não dá por causa do dinheiro.
Assim vão os pensares dela. É ou não é merda?
No fundo a solidão dela é tanta que nem se arrisca a sair da pizzaria.
Vai que se apaixona?
Paixão é problema na certa.
Todo mundo diz que quer, mas não é assim. Paixão dá como espírito que baixa. É pior: nem diz a que veio. E o problema é de quem recebe. Depois, diz que não quer deixar nunca de estar apaixonado - e ja vai mentindo de novo...
Queria era acabar com esse negócio imediatamente. Porque é uma baixaria! Fica a pessoa lá, submetida, obediente que só vendo. E de vez em quando ela até se sente humilhada.
O truque é lembrar que tanto faz, que humilhação é uma constante se a gente pegar ao pé da letra. Então, e daí?
Aproveita que tá no meio disso tudo e tira uma casquinha.
Dentro da cabeça dela iam os pensares, quase que escatológicos, sem dúvida, inúteis - como todo pensamento é
(Radical? Nada. A escatologia mental é um redemoinho de criações feitas de passado, são reconstruções em patchwork do digerido).
Sim, sim, não esqueçamos: o pensar é sempre passado, sempre morto. Não percebe? Como que pensaria sobre aquilo que ainda não veio? Vai imaginá-lo com o que já tem dentro da cabeça, por isso o novo é tão surpreendentemente novo.
Pois a cabeça dela ia cheia desses cacarecos velhos, quando toca a campainha. Abre e... adivinhe? O novo. Claro. Sempre abre a porta e é o inesperado.
Quando não vemos o inesperado é porque estamos pensando e pensar é necessariamente não ver.
Ela, Rapunzel. Mas olha que é Rapunzel por gosto, isso não tem nada de prisão.
Ela explica que não gosta de meio termo.
'Quer cancelar o pedido?'
Pois, faça o favor.
Ela trabalha como atendente na pizzaria e às vezes faz a cara do desgosto.
O cara acha que ela não nota, mas ela sabe que ele não quer deixar de ser deus. Ah, sim, porque 'dizer' é deixar imediatamente o posto do divino. A divindade não se pronuncia. Em silêncio, o cara se mantém incólume. Aliás, intocado e não-vivido.
Porque ao abrir a boca é o inesperado. Igual a abrir a porta.
Ela sabe disso e trabalha na pizzaria.
É obra do caos isso tudo.
E daí? Já se vive no caos sem perceber. A coragem é ver e seguir mesmo assim.
Pois ela atende o telefone, às vezes sonha que vai mudar de cidade e vai pra perto da praia. Mas pensa que perto da praia não vai conhecer ninguém de interessante. E também ela não faz outro trabalho, porque não vai conhecer ninguém de interessante. Só se fosse em outro país, né? Mas outro país não dá por causa do dinheiro.
Assim vão os pensares dela. É ou não é merda?
No fundo a solidão dela é tanta que nem se arrisca a sair da pizzaria.
Vai que se apaixona?
Paixão é problema na certa.
Todo mundo diz que quer, mas não é assim. Paixão dá como espírito que baixa. É pior: nem diz a que veio. E o problema é de quem recebe. Depois, diz que não quer deixar nunca de estar apaixonado - e ja vai mentindo de novo...
Queria era acabar com esse negócio imediatamente. Porque é uma baixaria! Fica a pessoa lá, submetida, obediente que só vendo. E de vez em quando ela até se sente humilhada.
O truque é lembrar que tanto faz, que humilhação é uma constante se a gente pegar ao pé da letra. Então, e daí?
Aproveita que tá no meio disso tudo e tira uma casquinha.

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Sexo é uma questão hidráulica
Diz Michel Onfray
No seu belíssimo 'Teoria do Corpo Amoroso'
Nem por isso perde o encanto.

Mas que não se perca em magia
A responsabilidade nossa
Com a matéria hidráulica.
Sexo é uma questão hidráulica
Diz Michel Onfray
No seu belíssimo 'Teoria do Corpo Amoroso'
Nem por isso perde o encanto.

Mas que não se perca em magia
A responsabilidade nossa
Com a matéria hidráulica.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Sussurrar



o sussurro é surpreendentemente bonito
carícia nova que me apresenta
uma fala que se faz quase em dúvida
mas já dizendo
(coisa de quem já não duvida)

o dizer quase contrangido é igual a tirar a roupa

é ir dizendo
coisas que são feito música
não são palavras pra dizer com a boca mais que entreaberta
é a posição do beijo

é uma provocação
pra que eu escute com ainda mais atenção
é um segredo teu sobre mim

as palavras assim são sopradas
pra dentro da minha alma
(igual soprávamos os tufos de semente ao vento)

vão as palavras voando pra dentro
mornas e deliciosas, vestidas da saliva tua,
tilintando, delicadas

O sussuro
é o silêncio enfeitado.

Sussurrar



o sussurro é surpreendentemente bonito
carícia nova que me apresenta
uma fala que se faz quase em dúvida
mas já dizendo
(coisa de quem já não duvida)

o dizer quase contrangido é igual a tirar a roupa

é ir dizendo
coisas que são feito música
não são palavras pra dizer com a boca mais que entreaberta
é a posição do beijo

é uma provocação
pra que eu escute com ainda mais atenção
é um segredo teu sobre mim

as palavras assim são sopradas
pra dentro da minha alma
(igual soprávamos os tufos de semente ao vento)

vão as palavras voando pra dentro
mornas e deliciosas, vestidas da saliva tua,
tilintando, delicadas

O sussuro
é o silêncio enfeitado.