Mark Ryden ´s
Rosie's Tea Party
2005 - Oil on canvas
Rosie's Tea Party
2005 - Oil on canvas
Não gosto de dividir mérito, de repartir a alegria da vitória. Admiro os esportes solitários bem mais que as reuniões confusas atrás das bolas. Natação, corrida, arremesso de dardos. Acho discutível um destaque dentro de um time: ele será uma manifestação do coletivo. O sujeito em questão sempre terá recebido uma mãozinha dos colegas para concretizar o objetivo. Prefiro cobrar pela ausência.
Se meu namorado quiser ajudar com as compras, por exemplo, terá que se preparar fisicamente com treinos de força e velocidade. Caso contrário, vai se encontrar comigo na porta de casa aos bufos, com orelhas vermelhas e cara amarrada sentenciando: E aí? Curtindo as férias?
Sou capaz de escalar escadas de dois em dois, com cinco sacolas plásticas abarrotadas em cada braço. As latas de refrigerante estratégicas, brilhando feito pára-choques, bem na frente – são troféus do esforço que faço por ele. Moeda certa, poupança para encher a glote de vento e soprar: agora não adianta mais!
Desde a infância a mãe alertava para dissimular na hora de descarregar o carro. Explicava que eu era uma senhorita e, portanto, deveria disfarçar carregando uma bolsinha ou duas, caminhar devagar tilintando os saltos e demonstrando esforço. Era tarefa masculina esvaziar o porta-malas.
Nunca pode me entender, a minha mãe.
Jamais descobriu que o peso das sacolas é um investimento. Meu homem, transbordando de culpa, levará dias me carregando no colo.
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