EPITÁFIO
Estivemos no Rio de Janeiro e a produção providenciou hospedagem generosa, porém na distante Barra da Tijuca. Desde o aeroporto, os taxistas avisaram seus altos preços para o deslocamento. Tive o estalo:
- Vamos alugar um carro?
Hoje em dia, com GPS, nada há a temer. Diante dos balcões, Bitols insinuou que fôssemos até a Localiza. Achei estranho preferir no desconhecido. Questionei se já tinha alugado carro antes.
- Não, nunca.
- Então por que a Localiza?
- Ah, é mais famosa.
- Não é mais famosa que a Hertz.
- Sei lá. Propaganda talvez.
Acabamos, de qualquer forma, restritos à Localiza porque nenhuma das outras dispunha de veículos no momento. Na hora do cadastro, o balconista, carioca, riu entre os dentes e saiu com a pérola:
- Pois é, Sr. Fabrício, mas temos um cadastro aqui no seu CPF.
- Não pode ser.
O atendente testemunhou o aperto do homem e minha cara de fúria surgindo.
- Mas é beeeeeem antigo – tentou aliviar.
Bitols insistiu na tese do engano até ficar impossível continuar com aquilo, já que o atendente precisava operar dentro do cadastro existente. Até porque, o endereço era aquele, o telefone também e até mesmo o nome da mãe. Números podem ter dígitos trocados, mas nome da mãe é prova dos nove.
Rendeu-se. Fez um ar de “ah, lembrei”, argumentou que foi o seguro, quando bateu o carro, blábláblá.
- Ahã, sei.
Planejei tudo: assim que voltássemos, quando menos esperasse, cortaria os cabos de freio do seu Crossfox amarelo e assistiria ao sol se pondo no Guaíba com gostinho de vingança.
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