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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

No fundo, no fundo, somos rasos.

EPITÁFIO
Era todo apaixonado
por lavar seu carro.




Estivemos no Rio de Janeiro e a produção providenciou hospedagem generosa, porém na distante Barra da Tijuca. Desde o aeroporto, os taxistas avisaram seus altos preços para o deslocamento. Tive o estalo:

- Vamos alugar um carro?

Hoje em dia, com GPS, nada há a temer. Diante dos balcões, Bitols insinuou que fôssemos até a Localiza. Achei estranho preferir no desconhecido. Questionei se já tinha alugado carro antes.

- Não, nunca.

- Então por que a Localiza?

- Ah, é mais famosa.

- Não é mais famosa que a Hertz.

- Sei lá. Propaganda talvez.

Acabamos, de qualquer forma, restritos à Localiza porque nenhuma das outras dispunha de veículos no momento. Na hora do cadastro, o balconista, carioca, riu entre os dentes e saiu com a pérola:

- Pois é, Sr. Fabrício, mas temos um cadastro aqui no seu CPF.

- Não pode ser.

O atendente testemunhou o aperto do homem e minha cara de fúria surgindo.

- Mas é beeeeeem antigo – tentou aliviar.

Bitols insistiu na tese do engano até ficar impossível continuar com aquilo, já que o atendente precisava operar dentro do cadastro existente. Até porque, o endereço era aquele, o telefone também e até mesmo o nome da mãe. Números podem ter dígitos trocados, mas nome da mãe é prova dos nove.

Rendeu-se. Fez um ar de “ah, lembrei”, argumentou que foi o seguro, quando bateu o carro, blábláblá.

- Ahã, sei.

Planejei tudo: assim que voltássemos, quando menos esperasse, cortaria os cabos de freio do seu Crossfox amarelo e assistiria ao sol se pondo no Guaíba com gostinho de vingança.

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