....

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

A Outra Opção.



Quando recebi a atualização de meu editor de texto para a versão doze ponto alguma coisa, foi um susto. Não tinham apenas aumentando as possibilidades de fontes, melhorado o design, ajeitado alguma funcionalidade extra: tinham trocado tudo de lugar.

O que fizeram com o Word? Cadê o copiar-colar? Cadê? Onde é que se insere imagem? Onde conto as palavras?

Não alcançava somente através dos menus, costumava ir através dos ícones nas barras de ferramentas. Agora estalavam quadrados gigantes em abas no cabeçalho.

Estranhei muito. Reclamava constantemente, amaldiçoava junto com Rodrigo, meu amigo arquiteto. Lá pelas tantas, ele vira para mim:

- Estamos iguais aqueles velhos xaropões que não aceitam o novo.

Ui. Santo remédio. Amargo, mas valeu. Na hora mudei de atitude e me abri em relação ao produto. Há muito nos tornamos íntimos e o mal estar se foi.

Desde lá, não me nego, não me encolho, não me desinteresso antes de conhecer. Já fazia isso, é verdade, mas ficou diferente: antes, eu jurava que nunca ia acontecer comigo! Acreditava que a coisa de velhice que quer repetir o passado era para os outros, não para mim.

Desse cavalo vale a pena cair.

Diante de iPads e leitores digitais, vejo muitos amigos reagindo como eu fiz com o software anos atrás: é ruim, é feio é chato, não me acostumo. Ora, primeiro você precisa se abrir e tentar de verdade, não essa espiada de meia tigela ao instrumento.

Tem muitas vantages, é suave, rápido, tem mais de uma função e mantém o usuário atualizado, traz a discoteca junto, o email, as fotos.

Não tem o cheirinho das páginas, mas ninguém vai obrigá-lo a largar o livro de papel para sempre, não é assim: eles podem existir juntos na sua vida. É um amor a mais.

Se a sua biblioteca pegasse fogo como a de Alexandria, tudo estaria perdido. Se o seu iPad afundar no mar, você tem seus dados digitais esperando para descer em uma unidade novinha em folha. Quem sabe o que seria do pensamento moderno de tivéssemos backups de Parmênides, Sócrates e Platão?

Confessa, vai? Você sabe que se retrair à modernidade é simplesmente não querer que o tempo passe. No fundo, é medinho de envelhecer. Rechaçar o novo é o mesmo que dizer que não aceita ficar para trás, que os valores não mudaram.

Deixa de ser rabugento. Envelhecer é ruim, mas é bom. A outra opção é morrer.

Assista essa crônica Falada
Crônica de @cinthyaverri exibida em 06.01.2011
Crônica Falada é um quadro do programa Camarote TVCOM
(segunda a sexta, 18h30, na TVCOM - Canal 36 UHF/NET).
 Apresentação @katiasuman

Nenhum comentário:

Postar um comentário