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domingo, 26 de agosto de 2007

Caixinha de Música

Se ela defende você, aniquila qualquer possibilidade de relação.
Ela precisa se defender e confiar que você faz o mesmo por você.
Às vezes, você se ajuda com ela, quando ela te convida a saber o que você quer.

Mas a pergunta: 'o que você quer?' precisa estar como que na superfície de uma bobina de caixa de música - com ranhuras e vincos próprios, que, ao girar por sob o pente de mental de dentes heterogêneos, produz o som delicado e contínuo.


A senha gravada na alma pode ajudar a viver junto.

É bom verificar de tempos em tempos se o pente do mecanismo não está banguela, com a bobina a girar em falso - o som mudo, tocando sem leitor.
É bom verificar que não existe nada, nenhum mecanismo externo obrigando você a viver como está vivendo.

Nada impede você de criar a própria vida.
(Exceto deixar de acordar o gnomo minúsculo que vigiava sua caixinha e cochilou na hora de dar corda...)

Caixinha de Música

Se ela defende você, aniquila qualquer possibilidade de relação.
Ela precisa se defender e confiar que você faz o mesmo por você.
Às vezes, você se ajuda com ela, quando ela te convida a saber o que você quer.

Mas a pergunta: 'o que você quer?' precisa estar como que na superfície de uma bobina de caixa de música - com ranhuras e vincos próprios, que, ao girar por sob o pente de mental de dentes heterogêneos, produz o som delicado e contínuo.


A senha gravada na alma pode ajudar a viver junto.

É bom verificar de tempos em tempos se o pente do mecanismo não está banguela, com a bobina a girar em falso - o som mudo, tocando sem leitor.
É bom verificar que não existe nada, nenhum mecanismo externo obrigando você a viver como está vivendo.

Nada impede você de criar a própria vida.
(Exceto deixar de acordar o gnomo minúsculo que vigiava sua caixinha e cochilou na hora de dar corda...)

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

It´s only Rock´n Roll (and I do like it)

The Biggest Bang;
No princípio criou os céus e a terra. E a terra era sem forma e vazia;
e havia trevas sobre a face do abismo;
e sua alma se movia sobre a face das águas.

E disse: haja luz; e houve luz.

Vi ele lá - com luz e tudo.
Lá na janela, com doçura própria
Própria de ser quem é.
(and He was all jagged up)
E sorria, e cantava, como que pra nada
Como que pra todos
Como que pra si (sem dó).
Ora referia-se aos músicos
Na reverência que reconhece.

Depois esquecia


Então no seu peito
(Igual que Atena no escudo
tinha a cabeça de Medusa)
Levava a boca das górgonas.

O homônimo
Sobreviveu aos leões de Dario.
Ali, sobrevivia aos seus.

E lá, na janela
Com acento em coragem
Coracionado
Fazia-se a si mesmo
Pela milésima vez
...sabendo que logo terminaria
...como todas as coisas
(Nada é feito pra durar).

E viu que tudo era bom.

(e descansou no sétimo dia;
porque segunda, começa outra vez)

It´s only Rock´n Roll (and I do like it)

The Biggest Bang;
No princípio criou os céus e a terra. E a terra era sem forma e vazia;
e havia trevas sobre a face do abismo;
e sua alma se movia sobre a face das águas.

E disse: haja luz; e houve luz.

Vi ele lá - com luz e tudo.
Lá na janela, com doçura própria
Própria de ser quem é.
(and He was all jagged up)
E sorria, e cantava, como que pra nada
Como que pra todos
Como que pra si (sem dó).
Ora referia-se aos músicos
Na reverência que reconhece.

Depois esquecia


Então no seu peito
(Igual que Atena no escudo
tinha a cabeça de Medusa)
Levava a boca das górgonas.

O homônimo
Sobreviveu aos leões de Dario.
Ali, sobrevivia aos seus.

E lá, na janela
Com acento em coragem
Coracionado
Fazia-se a si mesmo
Pela milésima vez
...sabendo que logo terminaria
...como todas as coisas
(Nada é feito pra durar).

E viu que tudo era bom.

(e descansou no sétimo dia;
porque segunda, começa outra vez)

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Quem ela era

- O valor em mim, quem dá sou eu.
Pensava ela, no mundo dela.
É que ela viu que o valor em si não existe. É de cada um a possibilidade de reconhecer-se em alguém.
- A paixão que tenho, faz o outro em mim. São minhas também todas essas coisas.
Pensava ela, no mundo dela.
Já que ela não podia ser outra; se os seus desenhos não eram como os de Picasso (eram como os dela eram); se a sua dança não era como a de ninguém (era como a dança dela era); então sobrava ela, dentro da realidade que ela podia reconhecer (era como a realidade dela era).
Então sobrava pouco.
E ela aceitou seu pouco - e tratou de versificá-lo em prosa des-rimada (que era como a prosa dela era).
Vestiu seu corpo, com a roupa que tinha ( e que era como a roupa dela era) e pensou que havia muitas outras opções de ser quem ela era.
Depois duvidou que realmente existissem essas opções - umas tais escolhas, sem razão nenhuma.
Então não eram escolhas: era como ela era.
Então seu pensamento encolheu-se, perdeu a garbosidade. Ele não era mais pensamento dela - era pensamento que vinha de uma outra ela, uma que também era ela. Mas que ela desconhecia. E, naquele momento, viu que ela era quem ela era, seja lá quem fosse ela - e por menos que se conhecesse.

Quem ela era

- O valor em mim, quem dá sou eu.
Pensava ela, no mundo dela.
É que ela viu que o valor em si não existe. É de cada um a possibilidade de reconhecer-se em alguém.
- A paixão que tenho, faz o outro em mim. São minhas também todas essas coisas.
Pensava ela, no mundo dela.
Já que ela não podia ser outra; se os seus desenhos não eram como os de Picasso (eram como os dela eram); se a sua dança não era como a de ninguém (era como a dança dela era); então sobrava ela, dentro da realidade que ela podia reconhecer (era como a realidade dela era).
Então sobrava pouco.
E ela aceitou seu pouco - e tratou de versificá-lo em prosa des-rimada (que era como a prosa dela era).
Vestiu seu corpo, com a roupa que tinha ( e que era como a roupa dela era) e pensou que havia muitas outras opções de ser quem ela era.
Depois duvidou que realmente existissem essas opções - umas tais escolhas, sem razão nenhuma.
Então não eram escolhas: era como ela era.
Então seu pensamento encolheu-se, perdeu a garbosidade. Ele não era mais pensamento dela - era pensamento que vinha de uma outra ela, uma que também era ela. Mas que ela desconhecia. E, naquele momento, viu que ela era quem ela era, seja lá quem fosse ela - e por menos que se conhecesse.

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Caçador de Mim

Depois de muitos anos é que fui entender a letra de 'Eu, caçador de mim'.
E também porque não tinha mais pensado nisso.
Agora, meu computador escreve lento, beeeeem depois de mim.
Termino de escrever a frase e depois ela aparece - letra por letra, como que com soletradas palavras. Um ditado de escola.
Isso gera um efeito interessante - tipo eu, caçadora de mim.
Meu nome - Cínthya - diz a lenda que era um título dado a mulheres que eram boas caçadoras.
Coincidência ou não, também gera um efeito interessante.
Assisto-me a mim. E eu me busco, eu me caço. Às vezes me acho. Se eu me desencontro, fico como o computador - soletrando, a ver se eu escuto com mais clareza.
Mas às vezes, nem mesmo assim, eu me ouço.
Gasto bastante energia nisso, a ver se eu me sinto bem.
É coisa matreira isso de sentir-se bem.
Mas até que eu levo jeito! Especialmente na arte de ajudar - isso me ajuda muito.
Então, a ver se eu me acho, me voy.
Eu, Cínthya de mim.

Caçador de Mim

Depois de muitos anos é que fui entender a letra de 'Eu, caçador de mim'.
E também porque não tinha mais pensado nisso.
Agora, meu computador escreve lento, beeeeem depois de mim.
Termino de escrever a frase e depois ela aparece - letra por letra, como que com soletradas palavras. Um ditado de escola.
Isso gera um efeito interessante - tipo eu, caçadora de mim.
Meu nome - Cínthya - diz a lenda que era um título dado a mulheres que eram boas caçadoras.
Coincidência ou não, também gera um efeito interessante.
Assisto-me a mim. E eu me busco, eu me caço. Às vezes me acho. Se eu me desencontro, fico como o computador - soletrando, a ver se eu escuto com mais clareza.
Mas às vezes, nem mesmo assim, eu me ouço.
Gasto bastante energia nisso, a ver se eu me sinto bem.
É coisa matreira isso de sentir-se bem.
Mas até que eu levo jeito! Especialmente na arte de ajudar - isso me ajuda muito.
Então, a ver se eu me acho, me voy.
Eu, Cínthya de mim.

domingo, 19 de agosto de 2007

Do "Veja Bem"

Como eu me sinto quando ouço o 'Veja Bem'...

Fico eu surda - e Cega - do Veja Bem.
Já foi anunciado, por amiga muito querida, os riscos do Veja Bem.

Aí, se me dizes, antes de qualquer frase, esse par de contas, sinto muito (ou pouco): mas não te ouvirei.

Remoendo-me nos dois termos, eu me perco: é o prenúncio de que tu sabes o que vais dizer, já foi pensado antes, um conselho mui importante, cosa muito seriíssima, que eu já não vou querer saber.

Olhos que compartilham não costumam usar a boca para comandar a visão do outro.
Ama comigo e vamos. Aí, veremos
(Como diz o tal, famoso, velho cego).

Do "Veja Bem"

Como eu me sinto quando ouço o 'Veja Bem'...

Fico eu surda - e Cega - do Veja Bem.
Já foi anunciado, por amiga muito querida, os riscos do Veja Bem.

Aí, se me dizes, antes de qualquer frase, esse par de contas, sinto muito (ou pouco): mas não te ouvirei.

Remoendo-me nos dois termos, eu me perco: é o prenúncio de que tu sabes o que vais dizer, já foi pensado antes, um conselho mui importante, cosa muito seriíssima, que eu já não vou querer saber.

Olhos que compartilham não costumam usar a boca para comandar a visão do outro.
Ama comigo e vamos. Aí, veremos
(Como diz o tal, famoso, velho cego).

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Músicas da Gaveta

Aconteceu o seguinte: meu laptop entrou em greve, ao contrário dos controladores que só ameaçam. Levantei os olhos e lá estava ele: o velho computador. Só de ligar, o aparelho fazia ruídos variados, todos muito grossos e lentos: as catacumbas de mim.
Diversão e aventura foi navegar por entre as centenas de arquivos empoeirados que rangiam por dentro da máquina.
Desde que estudei anatomia, tenho mania de dissecar até o coração das coisas. Provavelmente esse gosto é anterior às aulas da faculdade, mas isso não importa agora.
Cheguei até o coração meu maquinificado. Lá havia nada menos que minhas músicas. As gravações são datadas do agora longínquo ano de 2001.
Reli as peças com ternura.
Resolvi publicar, em forma de vídeo com letra. Tem um link na coluna do lado dessa postagem, o vídeo abre aqui na página mesmo.
Assim, as pessoas que vierem, virem e ouvirem isso, se quiserem, podem, como eu, abraçar-se em suas criações. Um beijo meu a todos os navegantes.

Músicas da Gaveta

Aconteceu o seguinte: meu laptop entrou em greve, ao contrário dos controladores que só ameaçam. Levantei os olhos e lá estava ele: o velho computador. Só de ligar, o aparelho fazia ruídos variados, todos muito grossos e lentos: as catacumbas de mim.
Diversão e aventura foi navegar por entre as centenas de arquivos empoeirados que rangiam por dentro da máquina.
Desde que estudei anatomia, tenho mania de dissecar até o coração das coisas. Provavelmente esse gosto é anterior às aulas da faculdade, mas isso não importa agora.
Cheguei até o coração meu maquinificado. Lá havia nada menos que minhas músicas. As gravações são datadas do agora longínquo ano de 2001.
Reli as peças com ternura.
Resolvi publicar, em forma de vídeo com letra. Tem um link na coluna do lado dessa postagem, o vídeo abre aqui na página mesmo.
Assim, as pessoas que vierem, virem e ouvirem isso, se quiserem, podem, como eu, abraçar-se em suas criações. Um beijo meu a todos os navegantes.

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Homem mais feio.

- Melhor mesmo é namorar homem mais feio.

Pensava ela no mundo dela invertido.

- Não adiantou nada ter passado a noite com aquele cara. Não preencheu o vazio coisíssima nenhuma. Acho que foi porque não tinha mais paixão. E aí?

De fato, não havia mais paixão em coisa nenhuma. Porque quando ela ficava do avesso, sobrava muito pouco dela. E ela pensava:

- Será que do lado avesso do avesso tem mesmo alguma coisa?

É que pensamento, quando dá do avesso, fica assim: opaco. Sem brilho de idéia criativa. Mas ela foi pintar. Quando estava lá, no meio do jardim de aquarela, é que ela se deu conta – era tristeza. Sim, tristeza. Porque se ela estivesse simplesmente do avesso, não haveria pintura. Só pensamento atrás de pensamento. Mas tinha flor. Então, era tristeza misturada com loucura. Então, devia ser tristeza das grandes. Porque tristeza, quando é grande mesmo, a gente se economiza. Não dá para encarar de frente. Tem que fazer umas curvas, umas rodas enrodadas e enliadas. Uns desenhos de pensamento que fazem voltas e revoltas. A revolta é mais simples que a tristeza. Chorar não é mais fácil. Não é como aparece nas telenovelas. Tristeza não enlouquece. Cura. Mas é que ela também chega na sua hora. E enquanto ela não vem...

- Melhor mesmo é namorar homem mais feio.

Ficava ela, sem ela, no mundo dela invertido.

Homem mais feio.

- Melhor mesmo é namorar homem mais feio.

Pensava ela no mundo dela invertido.

- Não adiantou nada ter passado a noite com aquele cara. Não preencheu o vazio coisíssima nenhuma. Acho que foi porque não tinha mais paixão. E aí?

De fato, não havia mais paixão em coisa nenhuma. Porque quando ela ficava do avesso, sobrava muito pouco dela. E ela pensava:

- Será que do lado avesso do avesso tem mesmo alguma coisa?

É que pensamento, quando dá do avesso, fica assim: opaco. Sem brilho de idéia criativa. Mas ela foi pintar. Quando estava lá, no meio do jardim de aquarela, é que ela se deu conta – era tristeza. Sim, tristeza. Porque se ela estivesse simplesmente do avesso, não haveria pintura. Só pensamento atrás de pensamento. Mas tinha flor. Então, era tristeza misturada com loucura. Então, devia ser tristeza das grandes. Porque tristeza, quando é grande mesmo, a gente se economiza. Não dá para encarar de frente. Tem que fazer umas curvas, umas rodas enrodadas e enliadas. Uns desenhos de pensamento que fazem voltas e revoltas. A revolta é mais simples que a tristeza. Chorar não é mais fácil. Não é como aparece nas telenovelas. Tristeza não enlouquece. Cura. Mas é que ela também chega na sua hora. E enquanto ela não vem...

- Melhor mesmo é namorar homem mais feio.

Ficava ela, sem ela, no mundo dela invertido.

terça-feira, 26 de junho de 2007

Sim ou Não

Eu, com fones de ouvido,

Dentro de uma cabine

Uma tumba

A voz do Sílvio Santos

Pergunta para quem não seja eu

Para todo o resto:

Você troca

Um automóvel

Zero Km

Por uma batedeira?

Acende a luz vermelha

Respondo: Siiiiim!

Ora,

Justo para mim

Uma batedeira?

Justo

Sorte

Azar

Injusto

Julgue o expectador

Ora,

Como posso culpar-me

Dos sim e não da vida

(E de seus resultados)

Se o que vejo

É só a luz vermelha

De dizer sim ou não...