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terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Filha Pródiga

Quando estava namorando pela primeira vez, surgiu a questão:

Mãe, quando a gente sabe qual é o homem pra casar?

Achei conveniente perguntar para ela, a única casada que, esticada, eu alcançava.

Profética, a mãe respondeu:
Quando olhar para ele e ver um milagre; quando sentir que ama mais do que pode; quando doer de morte a saudade; quando as conversas não tiverem fim; quando não aguentar a felicidade e receber ainda mais; e quando achar que já sabe o quanto ele é extraordinário e ele retribuir causando mais do bom espanto, saberá. Esses são os sinais do casamento.

Na época, fiquei constrangida de esperança.

Quando isso vai acontecer comigo?

A maratona de 24 meses do romance de então recebeu vigilância.

Eu espiava:

Dói a saudade?
Dói, mas não de morrer.

E as conversas?
Difícil desligar o telefone, mas acabam.

Ele é um milagre?
Ele é um amor.

Demorou tanto que achei que isso nem existia.
Chorei até dormir e esqueci a perspectiva na gaveta.
Cheguei a pensar que casamento fosse amortizar a solidão,
ou viver em paz com alguém em corporação multifuncional.

Agora, Fabrício,
enfim,
me arreda a mobília e reinaugura o mistério.
Sou olhos abertos, não pisco. Sustento acesa tua chegada.
Assisto em choque pasmado teu desenrolar simétrico ao meu,
E ressoamos.
Fabrício é o masculino de delícia,
Tem autenticidade feroz e
Teu corpo reza lindas cores que mudam com a água.
Tua distinção é uma felicidade.
É o homem mais gentil que já vi ou tive notícia.
Em tudo que toca, troca
Deixa de si, leva contigo:
as farpas, as felpas, os sons e meu corpo correspondência.

Experimento a entrega disposta a tudo.

Fui atendida nas preces que fazia escondida de mim.
Eu nos cultuava sem saber.

Sou uma legitimidade na fé
e minha existência recebeu reforços para toda a vida.


Essa carta é resposta para "Lindeza" que está
em fabriciocarpinejar.blogger.com.br/

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