A família prescreve que é bom que se atenda a um concurso público. O indivíduo também pensa assim. Apesar de inteligente e estudioso, por mais que se dedique, não consegue a vaga.
O empregado que desconhece a pontualidade no emprego, não sabe o que acontece – apenas não acorda.
O marido que mais uma vez esqueceu o aniversário de casamento.
A mulher que simplesmente não consegue deixar de comer pizza durante sua dieta – não consegue emagrecer.
A tudo isso, ao exercício da vontade não-autorizada, chama-se boicote: é assim que ele passa a ser o agente. O insucesso ganha uma origem que, mesmo sendo obscura, isenta o fracassado. A vitimização é a maneira de tornar legítima a falta de responsabilidade sobre os fatos.
Ter medo do boicote é crer numa entidade maléfica própria que impedirá as boas intenções. Isso não é verdade. A desautorização acontece pela falta de liberdade de pensamento; pela amizade pobre do sujeito consigo mesmo; pela avaliação de vontades através de critérios. Em suma: é a arrogância de quem julga o que deveria estar sendo desejado e o que não deveria.
Cumprir um desejo sem assumi-lo não ajudará sua execução. Ele sairá mal acabado, improvisado e sem compositor. Os rascunhos também devem ser assinados.
Consideração no tratamento é, antes de tudo, assumir que a pessoa atendida é a guia; e não o desejo de quem a atende - o que o terapeuta imagina para ela. Ainda, é saber que a moralidade não pode superar a ética; que a realidade é imperadora. Caso contrário, será chamado boicote sempre que alguém age diferentemente do que se espera. É não perceber o que foi satisfeito.
A Resistência ao Tratamento, por exemplo, que alguns chamam boicote da terapia, por este prisma, fica assim:
quando quer melhorar, a pessoa aprende a dançar com seu terapeuta. Quando quer e não quer ao mesmo tempo, dribla. Quando não quer, abandona.
Ver é mais importante que ouvir.
Ajudar a assumir o que faz é a estrada principal de qualquer tratamento. Capaz de inventar-se, a pessoa assume suas vontades. Faz o que quer – inclusive não cumprir o desejo. Ela se habilita a tentar ser o que é da melhor maneira que conseguir.
Boicote não existe. Existe um querer que não se aceita; que não se oferece defesa, que não se ajeita raciocínio ou desenvolve pensamento. O desejo precisa de olhos emprestados. Com o peso do receio, qualquer apetite naufraga na sombra e é compelido a tatear seu caminho para o exterior.
O empregado que desconhece a pontualidade no emprego, não sabe o que acontece – apenas não acorda.
O marido que mais uma vez esqueceu o aniversário de casamento.
A mulher que simplesmente não consegue deixar de comer pizza durante sua dieta – não consegue emagrecer.
A tudo isso, ao exercício da vontade não-autorizada, chama-se boicote: é assim que ele passa a ser o agente. O insucesso ganha uma origem que, mesmo sendo obscura, isenta o fracassado. A vitimização é a maneira de tornar legítima a falta de responsabilidade sobre os fatos.
Ter medo do boicote é crer numa entidade maléfica própria que impedirá as boas intenções. Isso não é verdade. A desautorização acontece pela falta de liberdade de pensamento; pela amizade pobre do sujeito consigo mesmo; pela avaliação de vontades através de critérios. Em suma: é a arrogância de quem julga o que deveria estar sendo desejado e o que não deveria.
Cumprir um desejo sem assumi-lo não ajudará sua execução. Ele sairá mal acabado, improvisado e sem compositor. Os rascunhos também devem ser assinados.
Consideração no tratamento é, antes de tudo, assumir que a pessoa atendida é a guia; e não o desejo de quem a atende - o que o terapeuta imagina para ela. Ainda, é saber que a moralidade não pode superar a ética; que a realidade é imperadora. Caso contrário, será chamado boicote sempre que alguém age diferentemente do que se espera. É não perceber o que foi satisfeito.
A Resistência ao Tratamento, por exemplo, que alguns chamam boicote da terapia, por este prisma, fica assim:
quando quer melhorar, a pessoa aprende a dançar com seu terapeuta. Quando quer e não quer ao mesmo tempo, dribla. Quando não quer, abandona.
Ver é mais importante que ouvir.
Ajudar a assumir o que faz é a estrada principal de qualquer tratamento. Capaz de inventar-se, a pessoa assume suas vontades. Faz o que quer – inclusive não cumprir o desejo. Ela se habilita a tentar ser o que é da melhor maneira que conseguir.
Boicote não existe. Existe um querer que não se aceita; que não se oferece defesa, que não se ajeita raciocínio ou desenvolve pensamento. O desejo precisa de olhos emprestados. Com o peso do receio, qualquer apetite naufraga na sombra e é compelido a tatear seu caminho para o exterior.
Nossa!
ResponderExcluirTu estás a todo pano, amiga caravela!
Espetacular querida!!! Maravilhoso! Á propósito... Já atendesses um Sr ou Sra chamado "boicote"? Eu não.
ResponderExcluirPor enquanto apenas alguns seres, assim, humaninhos apenas humaninhos, não é?
Beijocas e seguimos na lida! Tua irmã, Neneca
Lindo Cínthya.
ResponderExcluirQue maravilha.
No ensaio vc encontra uma via expressa de pensamentos sem receio algum.
Te amo.
Saudades.
Jaci.