Achamos que um bom negociante aprendeu com o pai. Não é verdade. Um bom negociante é aquele que põe a mãe no meio.
É com a mãe que aprendemos a nos traduzir. Lá nos primórdios, quando éramos um bebê, chorávamos. A mãe distinguia e avisava:
- Ah, você está com fome.
A gente não sabia. A gente só gritava. E a mãe conversava:
- Ah, você está com sede.
- Ah, você está com cólica.
- Ah, você está com sono.
Sono? A gente ainda duvidava, lá na fase dos porquês. Chatíssimos, deambulando pela sala:
- Não estou com sono!
Mas ao pousar no travesseiro, a infalível verdade caía sobre nossas pálpebras. Dormíamos profundamente.
Esse modo dicionário é prerrogativa da mãe. Na hora de negociar, quem teve uma professora de linguagem corporal suficientemente boa conseguirá melhores resultados. Caso contrário, a irritação chegará aos nossos ouvidos quando a voz já estiver alterada, quando o estrago já avermelhar o extrato do banco.
É comum atribuir ao outro a origem da briga, declarar que não havia outra saída a não ser partir para o desaforo. A verdade é que, a qualquer momento, o sujeito pode avisar de que está a ponto de explodir; sentir um frio na barriga e comunicar, igual sua mama fazia:
- Ah, você está ficando nervoso.
Ligar o alerta é fundamental, questão de prática e de senso. Antecipar minutos antes de perder a linha é decisivo. Não é à toa que italianos e judeus ganharam fama de grandes negociantes. Saem fácil da cena, adoram conversar com sua maternidade.
É gente que desiste do orgulho, troca o tacape pelo rolo de massa e jamais deixa o sono levar a paciência embora.
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Crônica Falada é um quadro do programa Camarote TVCOM.
Apresentação @katiasuman
Crônica de @cinthyaverri exibida em 29/09/10
ASA
ResponderExcluir(Associação dos Sonhadores Anônimos)
by Ramiro Conceição
Só por hoje,
eu acredito
no acalanto
das mães...
Só por hoje,
eu acredito que
não há racismo
e que a justiça
não é constituída
por canalhas...
Só por hoje,
eu acredito
que a Terra é indivisível
pois não somos donos
Dela; mas ao contrário
pertencermos ― a Ela
(como sabe à cores e de cor
cada aborígine da Tasmânia).
Só por hoje,
eu acredito
que a teologia, a filosofia,
a ciência, a tecnologia,
a arte e a alegria são partes
da política à sabedoria,
à liberdade humana...
Só por hoje,
penso-sinto que o amor venceu;
e que, realmente, não estamos sós
pois o seu inverso não tem sentido
nem aqui, nem ali - pra além do Sol.
Só por hoje,
eu acredito que o sagrado seja essas mulheres
a ensinar, umas às outras, a arte de amamentar.
Esse alerta é que preciso respeitar. Quando vejo, já estou juntando os cacos da coisa explodida.
ResponderExcluirAbraço!
Tudo bem judeus serem grandes negociantes, mas os italianos?? Será que o sangue siciliano não evoca tal característica?
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