EPITÁFIO
Dizia, pois,
Ouvir estrelas.
Duas coisas são impressionantes: o carinho das fãs do Bitols e o carinho do Bitols com suas admiradoras.
Alguns exageram dizendo que não existe relação entre obra e adorador, que não passa de ilusão. Estes céticos afirmam que o leitor vê com a lente de suas próprias coisas, da história pessoal e projeta em quem escreve o que bem entender.
Acontece que o Bitols dedica a vida para gerar, escreve pensando em quem vai receber, em proporcionar um tempo de experiência, uma aproximação. Tudo o que ele quer é que se identifiquem.
Ou seja: sim, é de propósito e, ao mesmo tempo, é sincero.
Eu mesma lia Carpinejar. Classifiquei O Amor Esquece de Começar como “maravilha”. Fiquei impressionada com a abundância de frases fortes, com o pensamento estruturado e inteligente. Gostei que ele visse as coisas pequenas com humor e sensibilidade. Mas, de resto, achei meio meloso, não fazia muito meu estilo de homem.
Algumas mulheres, ao contrário de mim, descobrem nele a bíblia de si mesmas.
E que beleza! Pensa quanta terapia economizam! Alguém traduzindo o que a gente se embaralha?
— Genial.
Eu entendo: é como um amigo íntimo. Daí elas pedem fotos e abraçam e nada me incomoda ou constrange.
Só tem uma coisa que eu detesto: quando ELE não se dá conta. Sério. As moças eu acho dez. Não, vinte. Acho super lindo e bacana.
Nunca fui de ter ídolos, exceto o Mike Patton. Se bem que não era beeeem um ídolo, quero dizer, era mais um tipo de vontade de ficar com ele. E não me deixaram ir no Rock in Rio que ele veio. Pior: meus pais me levaram para passar o verão na barragem onde nem TV pegava direito, quanto mais pegar o Mike Patton.
Enfim, se eu fosse ver o Mike Patton, não ia querer que a mulher dele ficasse por ali (ele não tinha mulher, mas enfim, se tivesse hipoteticamente). Ia ficar envergonhada de abraçar e tals. Pensando nisso, há uns tempos decidi que sair de perto é melhor, fica todo mundo mais à vontade. Claro, contando que ele VAI ter noção.
As senhoras e senhoritas carpinejáricas estão em seu direito irrevogável de tietes, certo? Ele é quem tem que manter a porra da compostura.
Acontece que o Bitols é muuuuuuito gentil. Muuuuuito legal. Muuuuuuuuuito cavalheiro. Isso pode ser confundido, já conversamos eu e ele sobre este comportamento e, para dizer bem a verdade, que saco ser governanta da etiqueta! E depois, é tudo problema meu — ele não tem problema com isso.
Quando a gente saiu de um show esses tempos, as garotas já estavam eriçadas, né? Pelo show, quero dizer. No saguão, viram o Bitols e fizeram gritedo, alguns grupos vieram, elas vêm em geral em mais de uma. Aí, eu fui saindo, como eu disse que faço, para eles se curtirem. Ficaram fazendo fotos. Eu dei a volta, desci as escadas indo ao estacionamento buscar o carro.
Ah, também! Eu que não me virasse para trás — assim não virava estátua de sal de fúria mortífera:
— Lá estava Bitols descendo uma de suas apreciadoras da mureta. Sabe? Aquele estilo Dirty Dancing, pegando pelo sovaco e baixando pertinho do corpo, apoiando com o tórax.
Patrick Swayze tupiniquim.
Uuui, que ódio. Vai ser gentil assim no inferno.
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