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domingo, 9 de setembro de 2007

De Todas as Maneiras

No oco ficou-se vácuo

Do súbito arrancar-se teu

E eu nas entrelinhas

Perdida como após uma tempestade

O navio em frangalhos

Os farrapos, eu juntando

Meu coração espicaçado, esmiuçado, esmigalhado

Sensível que eu sou

Por isso preciso tantos cuidados

Tive reações duvidosas

(Até eu duvidava)

Apenas uma histeria tímida

E com ela compreendi melhor a mulher

Aquela que rasga e quebra as coisas da casa.

É o que sobra fazer

Quando o outro se faz passivo

De voz branda a destruir o mundo

Com silêncios a esmagar o dito

Que me senti ridícula a debater

Contra as paredes geladas mudas

Indiferença que alheia tudo

Que me exilou.

Palavras, venho buscar as minhas

A ver se converso comigo

Se deixo meu pensar mais bonito

Depois de ter lavado a louça, a roupa e o chão.

Quem sabe depois do domingo de sol

Um banho de mar semana que vem

Quem sabe em alguns dias, sei lá

Eu fico de novo nova.

Já sou eu nova agora

Sou outra mesmo assim, agora

Porque essas coisas malcompreendíveis

Que aturtulham a alma

São da vida e tristes, mas não injustas.

Venho explicar-me a mim

Para entender o inexplicável

Porque não tem ninguém para fazer

Tem gente muda lá fora

E barulhos incognoscíveis

Pássaros entoando hinos

E sinos na minha cabeça

Que nasci sendo tão frágil

E disposta a amar tanto

Que sou um disparate.

Não me arrependo das dores de amar

Compreendi desde sempre

Que amar era doendo (e não diferente disso)

Já entrei sabendo disso

E mesmo assim fui

E me dá alegrias que eu seja assim.

Não que isso seja uma escolha, não.

Não é isso que estou dizendo.

Estou candizendo para mim-menina

(Com voz de Chico Buarque)

Olha, florzinha,

Já passa da hora, está lindo lá fora

Larga dessa mão...

Solta as unhas do teu coração

Que ele está apressado

E desanda a bater desvairado

Quando chega o verão...

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