No filme 28 dias, Sandra Bullock apresenta Gwen, seu alcoolismo e a jornada deste tratamento. O drama traz, além de bons roteiro e atores, uma excelente definição: a personagem conta que anormal ou doente é aquele que, mesmo conhecendo o desfecho ruim, insiste em repetir algum hábito esperando que, um dia, o final seja outro.
Por que adoecemos e seguimos contestando a realidade matemática de algumas ações? Todo mundo sabe que inistir em um erro é burrice.
O que muitos não sabem é que eu fumava. Sim, que horror, cigarros. Então eu desfrutei da nicotina por uns bons seis anos, mais ou menos. Eu vivia doente. Não acho que essa é a realidade de todos os tabagistas, mas a minha vida era entrar e sair de infecções respiratórias. Juro. Não do tipo resfriadinhos, mas tosses purulentas, nojentas, catarros esverdeados e afins. Eu não acreditava que fosse o cigarro. justificava com explicações sobre a relação entre imunidade baixa e alta ansiedade. E mais: não admitia que fumava mais de uma carteira por dia – sempre alegava que, naquele dia específico, tinha fumado mais - era o estresse.
Quando finalmente admiti que era sim o hábito fumacento o que me ajudava a adoecer, veio o passo seguinte - passei a interpretar meus atos:
Fumo porque me ajuda; fumo porque combina comigo; fumo porque sou insegura; fumo porque não sei o que fazer com as mãos; fumo porque tenho fixação na fase oral.
As revelações que o cigarro fazia sobre minha personalidade e sobre minha infância eram encantadoras, mas em nada resolviam o pigarro, a afonia ou meu cansaço.
Um dia decidi parar. Descobri porque eu adiava tanto o momento: evitava a experiência pavorosa que intuía. Aprendi que a famosa abstinência era pior do que eu imaginava. Tive suores noturnos, pânicos, angústias e calafrios. Chorava por qualquer motivo e, principalmente, chorava porque não queria engordar.
Usei remédio, adesivo, pastilha e goma de mascar. Tomei chá, aceitei bênção e reza forte. Fui nos índios xamãs e purguei suando as toxinas. O diabo. Aos poucos fui serenando, agarrada na notícia de que, em duas semanas, passaria tudo.
Não foi bem assim, mas vontade de parar venceu, provavelmente porque tenho sorte de gozar uma genética que me permita a façanha.
A experiência me ensinou outra coisa: não são poucos os motivos para permanecermos doentes e são mínimas as razões para agirmos diferentemente.
Em especial, porque mudar é a coisa mais difícil que existe. Rilke dizia: força é mudar de vida. Eu também acho - o resto é fichinha.
Por que adoecemos e seguimos contestando a realidade matemática de algumas ações? Todo mundo sabe que inistir em um erro é burrice.
O que muitos não sabem é que eu fumava. Sim, que horror, cigarros. Então eu desfrutei da nicotina por uns bons seis anos, mais ou menos. Eu vivia doente. Não acho que essa é a realidade de todos os tabagistas, mas a minha vida era entrar e sair de infecções respiratórias. Juro. Não do tipo resfriadinhos, mas tosses purulentas, nojentas, catarros esverdeados e afins. Eu não acreditava que fosse o cigarro. justificava com explicações sobre a relação entre imunidade baixa e alta ansiedade. E mais: não admitia que fumava mais de uma carteira por dia – sempre alegava que, naquele dia específico, tinha fumado mais - era o estresse.
Quando finalmente admiti que era sim o hábito fumacento o que me ajudava a adoecer, veio o passo seguinte - passei a interpretar meus atos:
Fumo porque me ajuda; fumo porque combina comigo; fumo porque sou insegura; fumo porque não sei o que fazer com as mãos; fumo porque tenho fixação na fase oral.
As revelações que o cigarro fazia sobre minha personalidade e sobre minha infância eram encantadoras, mas em nada resolviam o pigarro, a afonia ou meu cansaço.
Um dia decidi parar. Descobri porque eu adiava tanto o momento: evitava a experiência pavorosa que intuía. Aprendi que a famosa abstinência era pior do que eu imaginava. Tive suores noturnos, pânicos, angústias e calafrios. Chorava por qualquer motivo e, principalmente, chorava porque não queria engordar.
Usei remédio, adesivo, pastilha e goma de mascar. Tomei chá, aceitei bênção e reza forte. Fui nos índios xamãs e purguei suando as toxinas. O diabo. Aos poucos fui serenando, agarrada na notícia de que, em duas semanas, passaria tudo.
Não foi bem assim, mas vontade de parar venceu, provavelmente porque tenho sorte de gozar uma genética que me permita a façanha.
A experiência me ensinou outra coisa: não são poucos os motivos para permanecermos doentes e são mínimas as razões para agirmos diferentemente.
Em especial, porque mudar é a coisa mais difícil que existe. Rilke dizia: força é mudar de vida. Eu também acho - o resto é fichinha.
Confira a Crônica Falada no Camarote TVCOM:
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