De médico, temos cada vez menos. O louco vem comprando as ações da nossa personalidade.
11 de outubro de 2007 foi o Dia Mundial da Pesquisa de Normalidade.
O pessoal do Mindfreedom analisou milhares de pessoas e não encontrou sequer um representante normal, um único sujeito equilibrado.
Com a sofisticação dos diagnósticos e as miudezas na classificação do comportamento é impossível escapar da malha fina.
Se é feliz demais é maníaco; não é feliz o suficiente é depressivo; se não consegue se concentrar tem déficit de atenção; se você se concentra demasiado tem uma compulsão; se pensa muito em sexo é hiperssexualizado; se pensa de menos é hipossexualizado.
Como é que determinamos o que é normal?
Uma das maneiras mais praticadas na medicina e na psiquiatria é a normalidade dentro de parâmetros. Uma medição feita a partir da observação e registro. Aquilo que é mais encontrado atinge os números maiores. O desenho gráfico disso é a curva de Gauss, ou curva de Bell: tem o formato de um sino. Nas extremidades estarão os mais raros: os anormais.
Isso porque os parâmetros estão sendo estreitados e as exigências aumentam.
Numa atitude provocadora, Janet Foner desbancou a ditadura da normalidade, dizendo que sempre é tempo de ser anormal. Criou os dez avisos necessários para não cairmos no conto do vigário e seguir fazendo o que a maioria deseja. Um rol de sintomas e sinais psiquiátrico-símiles. Com bom humor desafia o senso comum do que é saudável.
Por exemplo, ela aponta o caso dos que não confiam em si mesmos:
“Você aprendeu na escola que é importante sempre prestar atenção aos responsáveis e não confiar em seu próprio pensamento. Você aprendeu a "dançar conforme a música" e você ainda está fazendo isso. Você acredita em suas próprias mentiras. Você tem um caso avançado de "schoolmania", que, se não parou em seus estágios iniciais pode levar a graves excessos de trabalho e, em estágios avançados “puxassaquite corporativa".
Ao final, a autora brinca: não se apavore
- Normalidade pode ser curada!
Se você tiver dois ou mais desses sinais, dentro de um ciclo lunar, não é tarde demais. Junte-se ao MindFreedom, leia o Jornal MindFreedom, trate de apoiar um ao outro, sair na natureza e, especialmente, tomar medidas para impedir a opressão psiquiátrica grave, antes de normalidade "persistente" em conjunto!
O problema com o conceito reducionista de normalidade é a pressão em busca de um comportamento consensual, padrão, previsível. O que reforça a fragilidade dos jovens em resistir à nfluência das modinhas, dos fenômenos de grupo, das seitas coletivas.
Para seguir o rebanho, não é preciso ser inteligente. Assim como o que é normal tampouco é natural.
Martin Luther King apontava para as extremidades do gráfico como o lugar onde repousa nossa grande esperança: os desajustados criativos. Aqueles que se sentem exigidos a provocar alguma transformação e mudar o curso das aparências. Sem os incorfomados, não há movimento histórico. Sem os insatisfeitos, não há arte e busca por novas linguagens.
A saída sempre esteve nas pontas.
Confira a Crônica Falada:
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