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terça-feira, 7 de setembro de 2010

Superfantástico (só o Balão Mágico)

EPITÁFIO
Poesia não é truque,
é magia.*

*@Carpinejar


Admirável. Não tem outra palavra pra apreciar a qualidade de ginasta, o preparo físico atlético, a condição hercúlea de Bitols para o trabalho. Poderiam chamar de hiperativo, mas hiperativo é aquele que não consegue completar suas tarefas. Bitols é ultra-ativo. Usa o combustível da ansiedade e cada gota faz mil quilômetros.

O dínamo-humano é capaz de conduzir três palestras no mesmo dia - uma em cada turno, uma em cada município. Adicione a isso: twittar em cada trecho de viagem, escrever uma crônica para o blog e responder espirituosamente quatro entrevistas por email, além da participação ao vivo em alguma rádio. A seguir, na banca, lembra de comprar figurinhas para o ábum do Vicente junto com os jornais do país em que saiu, resolve dilemas amorosos da Mariana via Skype, assina dois contratos, reconhece firma e envia pelo sedex, passa no banco e programa o pagamento de algumas contas. Ainda, calibra os pneus depois de ter mandado lavar o carro. No meio do caminho, compra um cinto pra mim, porque sabia que eu estava precisando.

Isso é a descrição de um dia útil qualquer - o mais intenso que conheço. Não apenas um, mas a sucessão deles encordoados. Que disposição! Bitols nunca está cansado.

Todo super tem sua kriptonita. A única vez que o vi cansar antes de mim, foi na balada. Depois, confidenciou: não tem mais o mesmo pique para a noitada. “Que alívio”, comentei. Achei que jamais achava espaço para exaustão.

Numa dessas, cavocou e criou lugar para um convite especial: foi chamado para turnê no Paraná. Bárbaro: várias cidades em uma semana. Na sexta-feira iríamos nos encontrar em São Paulo para o fim de semana. Dencanso programado? Claro que não: ele dá curso de crônica aos sábados.

O cabra começou por Curitiba. Teria uma mesa redonda coordenada por um compadre nosso.

Maldita a hora em que resolvi fazer piadinha.

Ele, o mediador, me escreveu perguntando algum detalhe. Respondi a questão. Aproveitei pra acrescentar (bem humorada, diga-se de passagem) que usufruísse de Bitols, mas que o devolvesse à remetente. O cara riu (até) e disse que, quanto à capital paranaense, a segurança era garantida. Mas em relação ao oeste, bem, estaria à solta no sertão.

Pulga atrás da orelha é pouco. Ganhei um circo retroauricular.

Durma-se com um barulho desses.

Bitols e eu falamos ao final de cada dia, o que, para nós, significa tarde da noite. Eu, acelerando a agenda para poupar a sexta, acabei extra-ocupada. Ao menos desmaiava na cama, não tinha tempo para imaginar possíveis safadezas bitolinianas.

Não via a hora de chegar o fim de semana e sair com os amigos paulistas e relaxar.

Na terça, ligou de um bar em que estava com colegas; na quarta, de um bar com companheiros; na quinta, de um restaurante antes de irem a um bar.

- Olha, Bitols, você se comporta.
- Imagina, amor, já vou para o hotel.

Chegou o dia e nos encontramos no aeroporto. Bitols estava um pouco pálido. Não tinha nem almoçado, o vivente – julguei que seria fome. Tinha uma gravação marcada onde ficaríamos hospedados, então partimos logo. Comeu rápido em uma padaria, chispou para a cobertura para se encontrar com a equipe de reportagem.

Quando voltou ao quarto, eu já tinha programado tudo: liguei para o pessoal e eles estavam passando pra nos pegar loguinho. Bitols, ainda mais esbranquiçado – agora com certeza - de sono, piscava para disfarçar. Tomou banho.

Descemos ao saguão, já tinha gente esperando. Eu, naquela festa! Bitols, um figurante de Thriller. Entramos no carro. Bitols, mudo, no banco de trás.

- O que houve com ele? – perguntou quem dirigia.
- Uma turnê de palestras – balbulciou o zumbi.

Uhum, palestras. Sei.

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