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quinta-feira, 6 de novembro de 2008

articulação

eu imagino que você espia
de dentro e através do respiro
imagino que você transpira

teu achego encorpando em meus dias
eu vejo e deixo e deleito
dou leito, queijo, quermesse
pressinto a presença
espero que saia daí

tem uma certa avareza
você
com os termos internos
(justo com os que interessam)
não tem o exercício de comunicar
como se eu fosse desinteressada
das confissões, das fofocas
ora bolas

o que eu quero ouvir
é o inédito pra nós dois
saindo de ti não previamente pensado
muito menos repetido, ensaiado
quero o fresco, despudorado
que eu já te vi sendo
(quero dizendo)
e quero a síncope, o colapso, os lapsos!
sim, lapsos, atos falhos, defeitos
a ansiedade tua que às vezes deságua em mim
por não dares vazão
(que razão ela já não tem)

que só assim não me sinto só
na desorientação

desarticula, por favor não,
por amor,
desarticula
(eu os aguardo)

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