Fortune Cookie: The course of love never runs smooth.
芸 (gei) arte
者 (sha) pessoa
柳界 (karyūkai ) flor e mundo de salgueiro
芸 (gei) arte
者 (sha) pessoa
柳界 (karyūkai ) flor e mundo de salgueiro
Depois de 3 anos que a aquarelei (vide foto da aquarela no varal acima)
Depois de voar na linda porcelana presenteada por outra vivente karyūkai.
A Geisha entra em minha vida com nome de Aya.
Depois de voar na linda porcelana presenteada por outra vivente karyūkai.
A Geisha entra em minha vida com nome de Aya.
Minha mãe não me ensinou a ser mulher para um homem.
Ela tinha uma boneca quando menina a quem chamou Diana. Diana é a Artemis grega, deusa da lua e da caça. Meu nome é Cínthya - título em hebraico para a deusa da lua e da caça. E minha mãe não sabia disso.
O homem com quem ela se casou, meu pai, foi quem sugeriu meu nome Cínthya.
Ela escolheu o Carina que também me acompanha.
Vê que minha mãe me empresta doçura e carezza ao nome. Mas foi meu pai quem trouxe, quem me presenteou, quem deu palavra ao título da menina-diana de quem ela desejava ser mãe.
Durante os anos em que vivemos juntos, meu pai sinalizava e pedia muito pela minha doçura, pela meninice, pelos penteados e saias.
Minha mãe estimulava o conhecimento, exemplava as respostas prontas, a caligrafia primorosa, a elegância, a trotamundice.
Quando nasci, publicaram nota no jornal que nascera "a Panterinha dos Pampas, que vinha para ser a companheirinha da mãe". O publicado ainda alertava que meu pai e meus irmãos estariam de prontidão para 'cuidar' dos candidatos.
Imagino eu, bebê, recém-chegada ao samba do criolo doido, feijoada com pé de porco.
Fico feliz por me ser.
Enfim, não fui conduzida a ser mulher para um homem.
Recebi instrução Maiko da pior qualidade. Digo da pior qualidade e Maiko porque nasci Geiko ocidental. E isso não se escolhe.
Quando, na faculdade, conheci uma irmã Artemis é que aprendi. No tempo de doutorandas, estreando no hospital, nós fomos de feliz ajuda uma a outra quando nos reconheceram "Inadequadas para Mais". Foi-nos ofertado o título inédito nestes termos. Sobrávamos. Em nossa competência, em nossa agilidade, em nossa persistência. Inadequadas. Porque tínhamos muita informação, muito zelo, muita dedicação. Inadequadas para mais. Com nossas observações pertinentes, atentas, agudas. Pura inadequação.
E com ela é que aprendi que essa arte estendida a nossos amores era uma vocação.
Olha que linda ela pelo mundo:
Eu vejo acontecendo uma emancipação feminina às avessas, com destino à solitude. A tentativa triste de independência, com desvalia de ser junto, de atender, de servir a quem se ama, de somar ao diferente, de apaziguar-se na diligência. Diligens é latim e significa aquele que ama. É a disposição de não se economizar para o outro.
Eu teorizo que é uma compensação feita pelas filhas de pais queixosos que não tiveram coragem de se divorciar. Meninas que nunca tentaram, mas 'viver junto não dá'.
Ouço queixas sobre a falta de cuidado de parceiros desatentos, sem uma nesga de cavalheirismo ou de quentura masculina. Mas se isso não é oferecido, se o feminino clássico não é desenvolvido, não há convite. Ficam dois andrógenos se faltando. E culpar não resolve nada.
On the other hand, eu me habilito em muito do que eu preciso - abro potes, troco lâmpadas, gás, programo qualquer equipamento eletrônico, troco pneus, resistência de chuveiro, spots de luz, faço furos com furadeira, monto móveis, dirijo. Uma vez instalei uma torneira.
Isso não tem rigorosamente nada que ver com o quanto preciso de um homem.
Eu canto Ella Fitzgerald - It´s so nice to have a man around the house. A house is not a home without a man around the house.
Enfim, vejo a tradição Geiko em mim ocidentalizada - afinal, não durmo com madeiras ao pescoço para proteger o penteado (gosto é do descabelamento) - porque eu me arborizo. Me transverso. Horizontalizo, é verdade. Sou um pampa. Cantarolo, desenho, embalo com violão, uma pitadinha no piano, arrisco na cozinha, costuro pele humana e tecidos de roupa, tenho conhecimento geral, entendo sarcasmo, falo três línguas, sou educada à mesa, não iria conhecer a sogra usando blusa transparente. Ah, sim, fiz medicina também, incursões e submersões em psiquiatria, em outras alquimias e por aí vou. Deixo fora o resto dada a preguiça e o desgosto pela síntese.
Também gosto de ser guarnição. Adoraria ser amora decorando festivamente a aparição de meu homem. Adoro: mas é raro homem verdadeiro e aparecido.
De qualquer modo, não tenho vergonha de ver em mim que, como as gueixas, tudo o que produzo e tudo no que me produzo é para eu-outro. Sem outro a quem amar, perco o sentido, não existo, não sou eu. A dureza nisso (o que também estrutura) é que não serve um qualquer.
E descubro, ao final do texto, que (tá bem) me gosto assim.
Esse texto é uma declaração de amor ao gênero,
uma ode à vocação Geiko multitalentosa e
o acolhimento da existência plenamente possível de uma Geisha Diana.
Meio espalhafatosa, mas geisha.
uma ode à vocação Geiko multitalentosa e
o acolhimento da existência plenamente possível de uma Geisha Diana.
Meio espalhafatosa, mas geisha.
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