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quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Ouvidoria

laudo para João
carta para Nodo
45.609.875 envelopes com picote
serrilhados nas laterais
(e meu nome impresso no destinatário)
3.498.345.676 telefonemas pra dar
345.609.876 telefonemas pra atender
450.986.567 contas pra pagar
1 telegrama fonado

e 1 gripe

quando fico doente
eu me exagero toda
sou toda um desgaste
um drama

meus braços pesando 50kg cada
e faz calor na rua
a comida toda tem gosto de soja
eu me sinto derreter na cadeira
e sei que dormir não adianta
a garganta respira após a lixa deglutida
e os pensamentos também estão envidraçados
só me resta escrever uns versos

(é bom pra eu lembrar a minha fragilidade extrema
e sentir saudade de mim)

por fim!
dou-me conta do que se me passa
é a partida da minha querida Fernanda
que se fez olhos, ouvidos e braços pra mim
a ajuda aos mais diversos,
seus passinhos inquietos,
sua intuição aquariana,
seus comentários deliciosamente ferinos,
a brabeza mais divertida de se conviver,
na roda de chimarrão

que me chega trazendo uma sacola linda de presente
(imagino que seja pra eu carregar a saudade)

e é o nosso final feliz
que em si é outro recomeço
reconheço na saída dela o seu impulso genuíno
sua ânsia e paixão de viver o novo
aperta meu coraçao e o dela (eu sei)
ela afivela o cinto no avião

(canta Tom Jobim:
Rio de sol, de céu, de mar,
Dentro de mais um minuto estaremos no Galeão.
Cristo Redentor,
Braços abertos sobre a Guanabara.
Aperte o cinto, vamos chegar,
Água brilhando, olha a pista chegando,
E vamos nós
aterrar)


boa viagem, Fê.
(a gente se vê)

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