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quarta-feira, 4 de julho de 2007

Homem mais feio.

- Melhor mesmo é namorar homem mais feio.

Pensava ela no mundo dela invertido.

- Não adiantou nada ter passado a noite com aquele cara. Não preencheu o vazio coisíssima nenhuma. Acho que foi porque não tinha mais paixão. E aí?

De fato, não havia mais paixão em coisa nenhuma. Porque quando ela ficava do avesso, sobrava muito pouco dela. E ela pensava:

- Será que do lado avesso do avesso tem mesmo alguma coisa?

É que pensamento, quando dá do avesso, fica assim: opaco. Sem brilho de idéia criativa. Mas ela foi pintar. Quando estava lá, no meio do jardim de aquarela, é que ela se deu conta – era tristeza. Sim, tristeza. Porque se ela estivesse simplesmente do avesso, não haveria pintura. Só pensamento atrás de pensamento. Mas tinha flor. Então, era tristeza misturada com loucura. Então, devia ser tristeza das grandes. Porque tristeza, quando é grande mesmo, a gente se economiza. Não dá para encarar de frente. Tem que fazer umas curvas, umas rodas enrodadas e enliadas. Uns desenhos de pensamento que fazem voltas e revoltas. A revolta é mais simples que a tristeza. Chorar não é mais fácil. Não é como aparece nas telenovelas. Tristeza não enlouquece. Cura. Mas é que ela também chega na sua hora. E enquanto ela não vem...

- Melhor mesmo é namorar homem mais feio.

Ficava ela, sem ela, no mundo dela invertido.

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