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quinta-feira, 28 de junho de 2012

CVExplica #TRANSITORIEDADE


PORQUE SABER QUE VAMOS MORRER 
É FUNDAMENTAL PARA VIVER.






CVExplica: sua sessão imperdível de explicações fundamentais na Rádio Elétrica.

OUÇA o audio do programa aqui

CVExplica [+ou- 21h], quintas, na Rádio Elétrica
participe ao vivo no msn/email cvexplica@hotmail.com
add Skype CVExplica

[DRnaTV] 27.06.2012

O CIÚME É UMA AGÊNCIA DE NOTÍCIAS.

Descubra isso e mais com Cinthya Verri e Fabrício Carpinejar noDRnaTV que foi ao ar ontem na TVCOM.



Confira os palpites amorosos de Cinthya Verri e Fabrício Carpinejar no DRnaTV.


Programa exibido na TVCOM dia 27.06.2012.

Acompanhe ao vivo nas terças-feiras 21h canal 36 UHF/NET ou online http://mediacenter.clicrbs.com.br/templates/player.aspx?contentID=1636&channel=41&uf=1&tipoVivo=1

domingo, 24 de junho de 2012

QUANDO A FAMÍLIA NÃO GOSTA DO SEU NAMORADO



Arte de Cínthya Verri

"Tenho 27 anos, o Ivan, 30. Temos pontos de vista divergentes sobre a vida. Sou racional, ele espiritualizado. Minha mãe não aprova o namoro. Vocês acham que um relacionamento com problemas familiares pode dar certo? Obrigada.
Um abraço, Luciana”

Querida Luciana!

Oposição de pais fortalece o namoro (já de filhos de outros casamentos enfraquece). Esta é a lei.

Deve aproveitar a vantagem. Se sua mãe o admirasse, teria a sensação de não ser sua escolha. Agora tem certeza: não foi influenciada, pressionada, chantageada a se envolver. Ivan é resultado unicamente de seu gosto, por mais que seja diferente.

A adoração do genro apenas atrapalha os casais, cria dependência, embaralha papeis de namorado e de irmão, não faz bem à fantasia. Quando a mãe e o pai conversam com seu namorado com a naturalidade de um filho, o romance naufraga – transmite sensação de incesto. Só falta ele receber mesada.

A resistência maternal ajuda o amor. Quando ela reclama, é obrigada a defendê-lo e assim encontrar pontos positivos. A mãe estimula sua memória amorosa, incita a reavivar cenas prediletas e legendar momentos especiais.

Imagina se ela elogiasse o rapaz: você não suportaria o ciúme e falaria mal dele. Nem mais estariam juntos.

Divergências, são sadias. Tenho receio de quem vive concordando, prova de que não escuta até o fim.

Não confie nas aparências. Paz pode ser ausência de vontade, harmonia pode ser surdez. Quem discute confia que o par merece conhecer suas ideias, partilha do desejo de se apresentar e ser compreendido.

Você e Ivan não têm preguiça de se expressar, entrar em detalhes e varar a madrugada em tribunas acaloradas. É uma virtude, não um defeito. Contrariar gera trabalho, suscita paciência e delicadeza. É magoar e logo fazer as pazes, é combater e logo pedir desculpa. Considero o debate a maior prova de admiração.

Ser apaixonado por si é a receita para amar o outro. É constrangedor não dizer o que se acredita por preguiça ou cansaço. Omissão nunca será silêncio.

Abraço com toda ternura,
Fabrício Carpinejar








Querida Luciana,

Posso responder sua pergunta com um argumento direto no queixo: é insuportável sermos tão diferentes uns dos outros. É o verso de um poema de meu amigo Paulo Sérgio Rosa Guedes. Seria óbvio caso pudéssemos enxergar a multiplicidade tanto quanto ela acontece – ou seja, o tempo todo.

O mais bonito é a diferenciação, a capacidade de nos personalizarmos. Como é atraente quem sabe desenvolver a própria personalidade! Ao mesmo tempo, é o mais difícil na hora de viver junto. Pouco sabemos conviver sem comparar. Queremos medir, decidir quem é melhor, superior.

Sábio Shakespeare quando escreveu seu Romeu e Julieta. Todo relacionamento amoroso acontece, no fundo, entre um Capuleto e um Montequio. Nossa família com certeza é melhor que a do outro. Você diz que as diferenças estão na criação dos dois, que sua mãe não concorda com o modo como ele se expressa e você... Bem, você faz de conta que não discorda, mas insinua que ele poderia falar seus pontos de vista de um jeito assim, mais delicado, mais sutil, mais parecido com o que pensa ser adequado.

O amor acontece só depois que o sobrenome deixa de ter importância. Ademais, ninguém está aqui para atender às suas expectativas.

Agora, a boa notícia: você não está aqui para atender às expectativas de ninguém. Veja que troca justa. Cada um faz aquilo de que necessita e se responsabiliza por isso.

Viver a dois pode ser maravilhoso, mas a condição central é a de aceitar o outro como ele é. Parece clichê. Mas é tarefa árdua que merece toda nossa atenção. É não exigir nenhum milímetro mais para cá ou mais para lá. O respeito não aceita meio-termo.

Beijos meus,
Cinthya Verri


Publicado no jornal Zero Hora
Coluna semanal, Caderno Donna, p. 6
Porto Alegre (RS), 23/06/2012 Edição N° 17110

Preservamos a identidade do remetente com nome fictício.
ESCREVA PARA colunaquaseperfeito@gmail.com

QUANDO A FAMÍLIA NÃO GOSTA DO SEU NAMORADO



Arte de Cínthya Verri

"Tenho 27 anos, o Ivan, 30. Temos pontos de vista divergentes sobre a vida. Sou racional, ele espiritualizado. Minha mãe não aprova o namoro. Vocês acham que um relacionamento com problemas familiares pode dar certo? Obrigada.
Um abraço, Luciana”

Querida Luciana!

Oposição de pais fortalece o namoro (já de filhos de outros casamentos enfraquece). Esta é a lei.

Deve aproveitar a vantagem. Se sua mãe o admirasse, teria a sensação de não ser sua escolha. Agora tem certeza: não foi influenciada, pressionada, chantageada a se envolver. Ivan é resultado unicamente de seu gosto, por mais que seja diferente.

A adoração do genro apenas atrapalha os casais, cria dependência, embaralha papeis de namorado e de irmão, não faz bem à fantasia. Quando a mãe e o pai conversam com seu namorado com a naturalidade de um filho, o romance naufraga – transmite sensação de incesto. Só falta ele receber mesada.

A resistência maternal ajuda o amor. Quando ela reclama, é obrigada a defendê-lo e assim encontrar pontos positivos. A mãe estimula sua memória amorosa, incita a reavivar cenas prediletas e legendar momentos especiais.

Imagina se ela elogiasse o rapaz: você não suportaria o ciúme e falaria mal dele. Nem mais estariam juntos.

Divergências, são sadias. Tenho receio de quem vive concordando, prova de que não escuta até o fim.

Não confie nas aparências. Paz pode ser ausência de vontade, harmonia pode ser surdez. Quem discute confia que o par merece conhecer suas ideias, partilha do desejo de se apresentar e ser compreendido.

Você e Ivan não têm preguiça de se expressar, entrar em detalhes e varar a madrugada em tribunas acaloradas. É uma virtude, não um defeito. Contrariar gera trabalho, suscita paciência e delicadeza. É magoar e logo fazer as pazes, é combater e logo pedir desculpa. Considero o debate a maior prova de admiração.

Ser apaixonado por si é a receita para amar o outro. É constrangedor não dizer o que se acredita por preguiça ou cansaço. Omissão nunca será silêncio.

Abraço com toda ternura,
Fabrício Carpinejar








Querida Luciana,

Posso responder sua pergunta com um argumento direto no queixo: é insuportável sermos tão diferentes uns dos outros. É o verso de um poema de meu amigo Paulo Sérgio Rosa Guedes. Seria óbvio caso pudéssemos enxergar a multiplicidade tanto quanto ela acontece – ou seja, o tempo todo.

O mais bonito é a diferenciação, a capacidade de nos personalizarmos. Como é atraente quem sabe desenvolver a própria personalidade! Ao mesmo tempo, é o mais difícil na hora de viver junto. Pouco sabemos conviver sem comparar. Queremos medir, decidir quem é melhor, superior.

Sábio Shakespeare quando escreveu seu Romeu e Julieta. Todo relacionamento amoroso acontece, no fundo, entre um Capuleto e um Montequio. Nossa família com certeza é melhor que a do outro. Você diz que as diferenças estão na criação dos dois, que sua mãe não concorda com o modo como ele se expressa e você... Bem, você faz de conta que não discorda, mas insinua que ele poderia falar seus pontos de vista de um jeito assim, mais delicado, mais sutil, mais parecido com o que pensa ser adequado.

O amor acontece só depois que o sobrenome deixa de ter importância. Ademais, ninguém está aqui para atender às suas expectativas.

Agora, a boa notícia: você não está aqui para atender às expectativas de ninguém. Veja que troca justa. Cada um faz aquilo de que necessita e se responsabiliza por isso.

Viver a dois pode ser maravilhoso, mas a condição central é a de aceitar o outro como ele é. Parece clichê. Mas é tarefa árdua que merece toda nossa atenção. É não exigir nenhum milímetro mais para cá ou mais para lá. O respeito não aceita meio-termo.

Beijos meus,
Cinthya Verri


Publicado no jornal Zero Hora
Coluna semanal, Caderno Donna, p. 6
Porto Alegre (RS), 23/06/2012 Edição N° 17110

Preservamos a identidade do remetente com nome fictício.
ESCREVA PARA colunaquaseperfeito@gmail.com

quinta-feira, 21 de junho de 2012

CVExplica Memória


QUAL SUA LEMBRANÇA MAIS ANTIGA?


O CVExplica de hoje vai fundo na memória e fala sobre as lembranças reais (se é que existem) e aquelas implantadas.

Venha com seu álbum da infância para a sessão de psicoterapia mais elétrica que existe. Na Rádio Elétrica. Com o boletim dos lindos Eduardo Nasi e Tarso Fortes.

OUÇA O AUDIO: aqui

CVExplica com Cinthya Verri
+ou- 21h http://radioeletrica.com/

Participe ao vivo: skype CVExplica;
msn/email cvexplica@hotmail.com

quarta-feira, 20 de junho de 2012

[DRnaTV] 19.06.12

Conversa de Bugio e como chupar ameixa. Importantes teorias no DRnaTV.



Confira os palpites amorosos de Cinthya Verri e Fabrício Carpinejar no DRnaTV.


Programa exibido na TVCOM dia 19.06.2012.

Acompanhe ao vivo nas terças-feiras 21h canal 36 UHF/NET ou online http://mediacenter.clicrbs.com.br/templates/player.aspx?contentID=1636&channel=41&uf=1&tipoVivo=1

domingo, 17 de junho de 2012

Ilustra: Coração da Boca para Fora

Ilustra para coluna Quase Pefeito, jornal Zero Hora - Caderno Donna [17.06.12]


































Para ler o texto, clique aqui.

CORAÇÃO DA BOCA PARA FORA


Arte de Cínthya Verri

"Casal Quase Perfeito! Eu bati nele. Sem culpa e com vontade. Há um mês ele me traiu. Após uma briga, ele teve a coragem de dormir com a ex. Tivemos todos os tipos de conversas (da ira, das lágrimas, dos por quê?, dos perdões) e tantas outras para não cairmos no abismo que se abriu entre nós. Perdoei, hoje vejo que de boca e não de coração. Na primeira briga, não pensei duas vezes e lhe dei dois belos tapas, na verdade três, poderiam ser quatro. Ele deixou, como se merecesse tudo aquilo. Os dois ainda dizem que se amam, agora cada um com a sua mágoa. E ai vem a pergunta: tem conserto? Um abraço, Jaqueline"

Querida Jaqueline!

Quando a mulher bate no homem é um estado extremo, o derradeiro estágio da violência emocional.  Vem depois de esgotar as mediações da discussão, o choro e o entendimento.

Uma mulher unicamente bate no homem para avisar que nunca vai perdoá-lo.

Você não deseja desculpá-lo, não admite desculpá-lo. Já deixou de ser uma desavença amorosa, é um trauma: uma lembrança repetida à exaustão e da qual não cansará de buscar detalhes e minúcias.

É uma recordação que será sempre nova por mais antiga que seja, que voltará a aparecer em qualquer dúvida, medo e impasse amoroso.

Não vai se enjoar da infidelidade que ele cometeu ainda que saiba o que aconteceu ou como aconteceu ou porque ele se permitiu levar pelo impulso. É uma ferida sem corpo. Um sangramento sem começo.

Havia uma rixa terrível entre vocês duas. Recaída com a ex é mais violenta agressão à estima feminina. É uma punhalada na vaidade do relacionamento. Um soco no porta-retrato.

Se fosse qualquer outra, uma garota desconhecida, um caso involuntário, acho que faria as pazes, admitiria o tropeço, lavaria os pratos e seguiria em frente. Mas ex é intragável, sobrevoa a residência com astúcia de corvo: disponível, falsamente compreensiva e pronta a reconciliações súbitas.

Nem é raiva que abateu sobre você, é tristeza. Ele converteu sua cama numa fria e rancorosa catacumba. É como se ele traficasse a intimidade de vocês com o mundo dos mortos.

O dolorido do processo é se enxergar menor do que o passado, pior do que aquilo que já houve. Além da sensação incômoda de não dispor de tranquilidade para brigar e ficar separada. É se distanciar 24 horas que ele já procurou o consolo no colo da rival.

Não tem conserto. Formou-se uma total desconfiança, um forte preconceito.

O homem também só aceita apanhar de uma mulher quando ele não merece perdão.

Abraço com todo o carinho,
Fabrício Carpinejar





Querida Jaqueline!

Afirma que deu tapas sem culpa. Mas bateu nele porque acredita na culpa. Não só acredita que ela existe como afirma que é dele: o causador de todo o sofrimento. Mas culpa é coisa que não existe: todos erramos.

Na relação, não importa quem põe a bola em jogo, é responsabilidade dos dois sempre.

Está sempre aberto o convite para abandonar o ganha-perde e para assumir que tudo o que se faz é também para si mesmo. Esse é o segredo central para viver bem.

Machucá-lo não conserta as coisas. Humilhar não fecha o parêntese. Surrar não dignifica a mulher. O fato dele haver aceitado o baque indica apenas a falta de melhor ideia. Não confunda choque com inferioridade.

Já que decidiu tentar, abandone o drama. Esqueça o moralismo da traição. Oficialmente, ele dormiu com a ex outras vezes, não foi mesmo? Muito antes de sua existência. Se esse pensamento não servir, ora, invente a lógica que for necessária e agarre-se a ela. Faça uma equação conveniente e pague tudo com a moeda do desejo de estar junto.

Eu digo isso porque já estão próximos outra vez. Sendo assim, teu pedido me indica que precisa de ajuda para engolir a mágoa. Essa ajuda quem dá é o tempo, se você permitir.

Esquecer é muito de nossa autoria, tanto quanto lembrar. É preciso assumir essa força para dentro.

Querida Jaqueline, eu vejo que você não tem um problema com isso que aconteceu: já escolheu ficar com ele. Sua dificuldade é moral, uma ferida na sua opinião. Está surpresa por descobrir que continua amando mesmo diante do impensado.

Há mais coragem para desbravar do que supunha. Se restava dúvidas sobre o sentimento que tinham, agora não precisa mais delas. Tudo saiu fora do plano. Há espaço afinal para criar uma vida a dois mais verdadeira.

Amar é dançar conforme a surpresa e desistir da hipocrisia. Não é como a gente esperava. Ainda bem.

Beijos meus,
Cínthya Verri


 
Publicado no jornal Zero Hora
Coluna semanal, Caderno Donna, p. 6
Porto Alegre (RS), 17/06/2012 Edição N° 17103

ESCREVA PARA colunaquaseperfeito@gmail.com

CORAÇÃO DA BOCA PARA FORA


Arte de Cínthya Verri

"Casal Quase Perfeito! Eu bati nele. Sem culpa e com vontade. Há um mês ele me traiu. Após uma briga, ele teve a coragem de dormir com a ex. Tivemos todos os tipos de conversas (da ira, das lágrimas, dos por quê?, dos perdões) e tantas outras para não cairmos no abismo que se abriu entre nós. Perdoei, hoje vejo que de boca e não de coração. Na primeira briga, não pensei duas vezes e lhe dei dois belos tapas, na verdade três, poderiam ser quatro. Ele deixou, como se merecesse tudo aquilo. Os dois ainda dizem que se amam, agora cada um com a sua mágoa. E ai vem a pergunta: tem conserto? Um abraço, Jaqueline"

Querida Jaqueline!

Quando a mulher bate no homem é um estado extremo, o derradeiro estágio da violência emocional.  Vem depois de esgotar as mediações da discussão, o choro e o entendimento.

Uma mulher unicamente bate no homem para avisar que nunca vai perdoá-lo.

Você não deseja desculpá-lo, não admite desculpá-lo. Já deixou de ser uma desavença amorosa, é um trauma: uma lembrança repetida à exaustão e da qual não cansará de buscar detalhes e minúcias.

É uma recordação que será sempre nova por mais antiga que seja, que voltará a aparecer em qualquer dúvida, medo e impasse amoroso.

Não vai se enjoar da infidelidade que ele cometeu ainda que saiba o que aconteceu ou como aconteceu ou porque ele se permitiu levar pelo impulso. É uma ferida sem corpo. Um sangramento sem começo.

Havia uma rixa terrível entre vocês duas. Recaída com a ex é mais violenta agressão à estima feminina. É uma punhalada na vaidade do relacionamento. Um soco no porta-retrato.

Se fosse qualquer outra, uma garota desconhecida, um caso involuntário, acho que faria as pazes, admitiria o tropeço, lavaria os pratos e seguiria em frente. Mas ex é intragável, sobrevoa a residência com astúcia de corvo: disponível, falsamente compreensiva e pronta a reconciliações súbitas.

Nem é raiva que abateu sobre você, é tristeza. Ele converteu sua cama numa fria e rancorosa catacumba. É como se ele traficasse a intimidade de vocês com o mundo dos mortos.

O dolorido do processo é se enxergar menor do que o passado, pior do que aquilo que já houve. Além da sensação incômoda de não dispor de tranquilidade para brigar e ficar separada. É se distanciar 24 horas que ele já procurou o consolo no colo da rival.

Não tem conserto. Formou-se uma total desconfiança, um forte preconceito.

O homem também só aceita apanhar de uma mulher quando ele não merece perdão.

Abraço com todo o carinho,
Fabrício Carpinejar





Querida Jaqueline!

Afirma que deu tapas sem culpa. Mas bateu nele porque acredita na culpa. Não só acredita que ela existe como afirma que é dele: o causador de todo o sofrimento. Mas culpa é coisa que não existe: todos erramos.

Na relação, não importa quem põe a bola em jogo, é responsabilidade dos dois sempre.

Está sempre aberto o convite para abandonar o ganha-perde e para assumir que tudo o que se faz é também para si mesmo. Esse é o segredo central para viver bem.

Machucá-lo não conserta as coisas. Humilhar não fecha o parêntese. Surrar não dignifica a mulher. O fato dele haver aceitado o baque indica apenas a falta de melhor ideia. Não confunda choque com inferioridade.

Já que decidiu tentar, abandone o drama. Esqueça o moralismo da traição. Oficialmente, ele dormiu com a ex outras vezes, não foi mesmo? Muito antes de sua existência. Se esse pensamento não servir, ora, invente a lógica que for necessária e agarre-se a ela. Faça uma equação conveniente e pague tudo com a moeda do desejo de estar junto.

Eu digo isso porque já estão próximos outra vez. Sendo assim, teu pedido me indica que precisa de ajuda para engolir a mágoa. Essa ajuda quem dá é o tempo, se você permitir.

Esquecer é muito de nossa autoria, tanto quanto lembrar. É preciso assumir essa força para dentro.

Querida Jaqueline, eu vejo que você não tem um problema com isso que aconteceu: já escolheu ficar com ele. Sua dificuldade é moral, uma ferida na sua opinião. Está surpresa por descobrir que continua amando mesmo diante do impensado.

Há mais coragem para desbravar do que supunha. Se restava dúvidas sobre o sentimento que tinham, agora não precisa mais delas. Tudo saiu fora do plano. Há espaço afinal para criar uma vida a dois mais verdadeira.

Amar é dançar conforme a surpresa e desistir da hipocrisia. Não é como a gente esperava. Ainda bem.

Beijos meus,
Cínthya Verri


 
Publicado no jornal Zero Hora
Coluna semanal, Caderno Donna, p. 6
Porto Alegre (RS), 17/06/2012 Edição N° 17103

ESCREVA PARA colunaquaseperfeito@gmail.com

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Quase Perfeito na Rádio Gaúcha

Não perca hoje, na Rádio Gaúcha, nossos conselhos amorosos no Quase Perfeito.



O consultório sentimental começa 23h59 (15/6) e se estende até 3h, com mediação de Sara Bodowsky, no programa Brasil na Madrugada. Atenderemos aos ouvintes com a delícia e sinceridade das experiências. 

Para participar, ligue (51) 3217-1610/ (51) 32176831/ (51) 3223060. 

Escute ao vivo aqui: http://mediacenter.clicrbs.com.br/templates/player.aspx?uf=1&contentID=80645&channel=232&tipoVivo=1

quarta-feira, 13 de junho de 2012

DRnaTV [12.06.12]

Amar é impreciso. DRnaTV dia dos namorados.

Confira os palpites amorosos de Cinthya Verri e Fabrício Carpinejar no DRnaTV.


Programa exibido na TVCOM dia 12.06.2012.

Acompanhe ao vivo nas terças-feiras 21h canal 36 UHF/NET ou online http://mediacenter.clicrbs.com.br/templates/player.aspx?contentID=1636&channel=41&uf=1&tipoVivo=1

terça-feira, 12 de junho de 2012

Jornal do Almoço [12.06.12]

No Jornal do Almoço do dia dos namorados, confira a participação de Cinthya Verri e Fabrício Carpinejar.


Amor no Almoço

Confira nossas peripécias vocais neste dia dos namorados.
Cínthya Verri e Fabrício Carpinejar no Jornal do Almoço.
E descubra o que são Bitolas e Cintolas.



domingo, 10 de junho de 2012

O MEDO É SEMPRE SELVAGEM


Arte de Cínthya Verri

"Sou brasileiro, moro na Europa e estou namorando uma dinamarquesa. Nos damos bem, mas tem algo que me incomoda: ela é amiga do ex. Eles se encontram semanalmente, ela tem foto dele no celular, cuida do cachorro dele quando ele sai de férias e já cogitou visitar a família dele na África. Eu disse a ela que isso me incomoda. Estou exagerando no ciúme?
Obrigado,
Paulo Henrique"

Querido Paulo Henrique,

Eu já estava escrevendo que você tinha razão: seu ciúme não era à toa, que os fatos beiravam o deboche. Estava pronto a argumentar que ex é fantasma e não é recomendável conversar com morto.

Estava disposto a dizer para virar a mesa e não aceitar essa safadeza toda. Que isso lembrava filme esquisito de Ingmar Bergman, com traumas, complexos irresolutos e taras clandestinas.

Estava pronto a assinar o óbito da sua relação, mas logo me contive: a convivência entre eles é tão escancarada que não pode ter coisa alguma. Caso alimentassem ainda uma história, esconderiam o jogo, fariam questão de exibir distância e mentir formalidades. Não seriam ostensivos a ponto de apresentar foto no celular, partilhar convites familiares.

Acredito que sua namorada vem sendo sincera. Não existe conspiração, segredos, picuinhas

É natural a atração se esgotar. Já vi inúmeros romances decrescerem em amizade.

Ela e o ex agem como irmãos. O contato é respeitoso e não sugere incesto. Não há nada a despertar inveja. Ambos perceberam o fim da química e decidiram preservar os laços. Sabe aquela separação consensual, em que os dois aceitam, aliviados, que não se amam?

São confidentes, mas com o desejo castrado, de quem tentou e fracassou. É um amor assexuado.  Diria mais: ela e o ex agem como irmãs. Pode ficar tranquilo. Devem fofocar de você, de sua desconfiança latina e achar graça.

Eu somente tomaria cuidado para não virar uma boneca. O ex representa o perigoso destino eunuco de outros relacionamentos. Sua namorada tem temperamento forte e uma predisposição a transformar namorado em companheiro de quarto.

Mantenha seu sangue quente, por favor. Seu sangue dramático. É o antídoto contra o tédio.

Abraço com toda ternura,
Fabrício Carpinejar




Querido Paulo Henrique,

Minha mãe profetizava: jamais pergunte ao namorado sobre aquela amiga por quem se morde de ciúme; nunca toque no nome dela que é para não dar a ideia.

Sempre encontrava graça no enigma. Depois, vi sentido. Eu lhe pergunto: quem fala mais no ex-namorado: você ou ela?

Talvez o moço nem seja tão presente, mas toda vez que aparece qualquer situação onde o fantasma é mencionado, o alarme soa fundo. Você é um campo de lasers no chão: impossível pisar sem disparar o terror.

Para amar em paz, a habilidade mais importante não é lembrar, mas esquecer. Quem não digere os fatos, morre de excesso.

Ganhou um rival, oras. Que experiência interessante! Assustadora, claro, porque ele é o pioneiro – já experimentou as coisas antes. É a fantasia de ser o segundo, de ter chegado tarde. É escalar o Kilimanjaro, chegar lá e encontrar uma bandeira puída.

A verdade dói, mas salva: nenhuma mulher será só sua.

Engula o suor e sorria. Sua insegurança está virando o mundo do avesso. Nem a namorada sabia que o ex tinha sido tão importante. Seis anos passados e ela não pensava mais nele desse jeito. Mas, aí, você chega e fica apontando as afinidades, as cumplicidades.

Eis o que faremos: uma equação de Pascal. Se a questão é acreditar ou não se há algo não resolvido entre os dois, aceitaremos o duelo. Não fale mais em seu inimigo de modo ameaçador (que o temido seja você!), fique próximo dele como um irmão.

Mais: quem está no mandato conta com grandes chances de reeleição, tem o governo a seu favor.
Garanta sua namorada de novo todos os dias. Vocês dois só tem a ganhar.

Beijos meus,
Cinthya Verri

 
Publicado no jornal Zero Hora
Coluna semanal, Caderno Donna, p. 6
Porto Alegre (RS), 10/06/2012 Edição N° 17096

ESCREVA PARA colunaquaseperfeito@gmail.com

O MEDO É SEMPRE SELVAGEM


Arte de Cínthya Verri

"Sou brasileiro, moro na Europa e estou namorando uma dinamarquesa. Nos damos bem, mas tem algo que me incomoda: ela é amiga do ex. Eles se encontram semanalmente, ela tem foto dele no celular, cuida do cachorro dele quando ele sai de férias e já cogitou visitar a família dele na África. Eu disse a ela que isso me incomoda. Estou exagerando no ciúme?
Obrigado,
Paulo Henrique"

Querido Paulo Henrique,

Eu já estava escrevendo que você tinha razão: seu ciúme não era à toa, que os fatos beiravam o deboche. Estava pronto a argumentar que ex é fantasma e não é recomendável conversar com morto.

Estava disposto a dizer para virar a mesa e não aceitar essa safadeza toda. Que isso lembrava filme esquisito de Ingmar Bergman, com traumas, complexos irresolutos e taras clandestinas.

Estava pronto a assinar o óbito da sua relação, mas logo me contive: a convivência entre eles é tão escancarada que não pode ter coisa alguma. Caso alimentassem ainda uma história, esconderiam o jogo, fariam questão de exibir distância e mentir formalidades. Não seriam ostensivos a ponto de apresentar foto no celular, partilhar convites familiares.

Acredito que sua namorada vem sendo sincera. Não existe conspiração, segredos, picuinhas

É natural a atração se esgotar. Já vi inúmeros romances decrescerem em amizade.

Ela e o ex agem como irmãos. O contato é respeitoso e não sugere incesto. Não há nada a despertar inveja. Ambos perceberam o fim da química e decidiram preservar os laços. Sabe aquela separação consensual, em que os dois aceitam, aliviados, que não se amam?

São confidentes, mas com o desejo castrado, de quem tentou e fracassou. É um amor assexuado.  Diria mais: ela e o ex agem como irmãs. Pode ficar tranquilo. Devem fofocar de você, de sua desconfiança latina e achar graça.

Eu somente tomaria cuidado para não virar uma boneca. O ex representa o perigoso destino eunuco de outros relacionamentos. Sua namorada tem temperamento forte e uma predisposição a transformar namorado em companheiro de quarto.

Mantenha seu sangue quente, por favor. Seu sangue dramático. É o antídoto contra o tédio.

Abraço com toda ternura,
Fabrício Carpinejar




Querido Paulo Henrique,

Minha mãe profetizava: jamais pergunte ao namorado sobre aquela amiga por quem se morde de ciúme; nunca toque no nome dela que é para não dar a ideia.

Sempre encontrava graça no enigma. Depois, vi sentido. Eu lhe pergunto: quem fala mais no ex-namorado: você ou ela?

Talvez o moço nem seja tão presente, mas toda vez que aparece qualquer situação onde o fantasma é mencionado, o alarme soa fundo. Você é um campo de lasers no chão: impossível pisar sem disparar o terror.

Para amar em paz, a habilidade mais importante não é lembrar, mas esquecer. Quem não digere os fatos, morre de excesso.

Ganhou um rival, oras. Que experiência interessante! Assustadora, claro, porque ele é o pioneiro – já experimentou as coisas antes. É a fantasia de ser o segundo, de ter chegado tarde. É escalar o Kilimanjaro, chegar lá e encontrar uma bandeira puída.

A verdade dói, mas salva: nenhuma mulher será só sua.

Engula o suor e sorria. Sua insegurança está virando o mundo do avesso. Nem a namorada sabia que o ex tinha sido tão importante. Seis anos passados e ela não pensava mais nele desse jeito. Mas, aí, você chega e fica apontando as afinidades, as cumplicidades.

Eis o que faremos: uma equação de Pascal. Se a questão é acreditar ou não se há algo não resolvido entre os dois, aceitaremos o duelo. Não fale mais em seu inimigo de modo ameaçador (que o temido seja você!), fique próximo dele como um irmão.

Mais: quem está no mandato conta com grandes chances de reeleição, tem o governo a seu favor.
Garanta sua namorada de novo todos os dias. Vocês dois só tem a ganhar.

Beijos meus,
Cinthya Verri

 
Publicado no jornal Zero Hora
Coluna semanal, Caderno Donna, p. 6
Porto Alegre (RS), 10/06/2012 Edição N° 17096

ESCREVA PARA colunaquaseperfeito@gmail.com

sábado, 9 de junho de 2012

quarta-feira, 6 de junho de 2012

DRnaTV [05.06.2012]

Confira os palpites amorosos de Cinthya Verri e Fabrício Carpinejar no DRnaTV.
Programa exibido na TVCOM dia 05.06.2012.

Acompanhe ao vivo nas terças-feiras 21h canal 36 UHF/NET ou online
clicando aqui


segunda-feira, 4 de junho de 2012

Drawsomething

Esse jogo é como Imagem e Ação para celular e tablet. Tem uma palavra sorteada e a gente tenta desenhar para o outro adivinhar. Algumas letras sugeridas não estão, mas todas as letras que precisam estão. Aqui posto mais alguns. Você pode adivinhar o que são nos comentários.


domingo, 3 de junho de 2012

Ilustra: Patins nunca serão botas.



Para conferir o texto, clique aqui

PATINS NUNCA SERÃO BOTAS

Arte de Cínthya Verri

“Olá, tudo bem?
Tenho 18 anos, estou morando sozinha em outra cidade. Gosto do meu namorado, mas sou a fim de sair, ficar com outros caras. Comecei a namorar cedo, e não aproveitei a vida de solteira. Ultimamente, ele não está dando motivos para brigas, mas quero terminar, conhecer novas pessoas. Só que tenho medo de me arrepender e acabar voltando.
Muito obrigada. Beijos, Camila”

Querida Camila,

Não ama mais seu namorado. É como transformar o par de patins em botas. O que deslizou um dia não serve para andar. Quem tenta caminhar com patins tropeça. O amor não caminha, corre. O amor pede mais do que amizade.

Já começou a arrumar atenuantes, a levantar prós e contras se vale ou não a pena continuar. O segredo dos dois virou plebiscito entre os amigos, novela com torcida organizada. É triste, o envolvido é sempre o último a saber.

Quem faz balanço abandonou a relação. Para amar, não precisamos de motivos. Só dependemos de justificativas para nos separar, reparou? Quando amamos, o mundo pode estar contra nós, que inventamos um jeito de ficar juntos.

Está decidida a romper e não sofre nenhum arrependimento. Projeta uma vida diferente e mais excitante. Seu medo é conversa da boca para fora. Deseja apenas sair com a imagem de boazinha, busca um modo de confessar o fim e não parecer injusta. Não tem como agradar dizendo adeus. Não há como ser educada na despedida. O rompimento é brusco e gera mal-entendido. Assuma a responsabilidade de terminar a história. É uma morte afetiva, um luto – é previsível o desencantamento de seu parceiro com você.

Seu namoro entrou naquela fase da mendicância: demonstra uma preocupação falsa que lembra generosidade. Cada dia com ele é uma esmola, mais preocupada em manter a aparência do que recuperar o arrebatamento. Até a separação perdeu a graça. Até brigar.

Hora de conversa séria, e não mais se aproveitar da carência dele.

Abraços com ternuras,
Fabrício Carpinejar





Querida Camila,

Não é um impasse, mas teimosia. Dúvida não há: ficamos evitando aquilo que já se decidiu. Escolher não é questão de força, mas de rendição, de humildade. Escolher é ganhar a paz de tentar, é aceitar que não pode mandar nos acontecimentos. Ninguém tem espiões do futuro. Ao contrário, o futuro determina o valor do que nos aconteceu. Sua demora é a vontade de ser perfeita; ânsia de empreender a própria vontade, mas ainda assim agradar aos outros.

É a primeira vez que chega ao fim de uma história, natural se sentir assustada. O que talvez não adivinhe é que isso não muda com o tempo – sempre difícil alterar um destino. Vai ser triste para você, para ele e para os outros. Verdade que ninguém quer ver a separação: nem parentes, nem amigos. A gente tem alergia a transformações – as conversões nos arrepiam, afinal, elas são o atestado de que o tempo passa para todos.

Atingimos o centro nervoso desse falatório: não há como terminar sem doer. Não há como seguir sem desgastes. Ele não será mais seu namorado nem a família dele será mais sua. Alguns amigos não vão permanecer. São custos a arcar: é o que não está pretendendo admitir.

Ao insistir para não perder nada, coloca tudo a perder. Torna-se insuportável até mesmo a amizade: é uma esperança amarga. Transferir a responsabilidade para o cansaço é uma derrota perigosa. Este seria o desfecho mais temível depois de um romance como o de vocês. Não arraste o fim. Tenha coragem e interrompa o perfeccionismo de seguir com quem não deseja. Preserve o passado dos dois.

Muito mais digno do amor que já tiveram.

Beijos, torcendo por sua bravura,

Publicado no jornal Zero Hora
Coluna semanal, Caderno Donna, p. 6
Porto Alegre (RS), 03/06/2012 Edição N° 17089

ESCREVA PARA colunaquaseperfeito@gmail.com

PATINS NUNCA SERÃO BOTAS

Arte de Cínthya Verri

“Olá, tudo bem?
Tenho 18 anos, estou morando sozinha em outra cidade. Gosto do meu namorado, mas sou a fim de sair, ficar com outros caras. Comecei a namorar cedo, e não aproveitei a vida de solteira. Ultimamente, ele não está dando motivos para brigas, mas quero terminar, conhecer novas pessoas. Só que tenho medo de me arrepender e acabar voltando.
Muito obrigada. Beijos, Camila”

Querida Camila,

Não ama mais seu namorado. É como transformar o par de patins em botas. O que deslizou um dia não serve para andar. Quem tenta caminhar com patins tropeça. O amor não caminha, corre. O amor pede mais do que amizade.

Já começou a arrumar atenuantes, a levantar prós e contras se vale ou não a pena continuar. O segredo dos dois virou plebiscito entre os amigos, novela com torcida organizada. É triste, o envolvido é sempre o último a saber.

Quem faz balanço abandonou a relação. Para amar, não precisamos de motivos. Só dependemos de justificativas para nos separar, reparou? Quando amamos, o mundo pode estar contra nós, que inventamos um jeito de ficar juntos.

Está decidida a romper e não sofre nenhum arrependimento. Projeta uma vida diferente e mais excitante. Seu medo é conversa da boca para fora. Deseja apenas sair com a imagem de boazinha, busca um modo de confessar o fim e não parecer injusta. Não tem como agradar dizendo adeus. Não há como ser educada na despedida. O rompimento é brusco e gera mal-entendido. Assuma a responsabilidade de terminar a história. É uma morte afetiva, um luto – é previsível o desencantamento de seu parceiro com você.

Seu namoro entrou naquela fase da mendicância: demonstra uma preocupação falsa que lembra generosidade. Cada dia com ele é uma esmola, mais preocupada em manter a aparência do que recuperar o arrebatamento. Até a separação perdeu a graça. Até brigar.

Hora de conversa séria, e não mais se aproveitar da carência dele.

Abraços com ternuras,
Fabrício Carpinejar





Querida Camila,

Não é um impasse, mas teimosia. Dúvida não há: ficamos evitando aquilo que já se decidiu. Escolher não é questão de força, mas de rendição, de humildade. Escolher é ganhar a paz de tentar, é aceitar que não pode mandar nos acontecimentos. Ninguém tem espiões do futuro. Ao contrário, o futuro determina o valor do que nos aconteceu. Sua demora é a vontade de ser perfeita; ânsia de empreender a própria vontade, mas ainda assim agradar aos outros.

É a primeira vez que chega ao fim de uma história, natural se sentir assustada. O que talvez não adivinhe é que isso não muda com o tempo – sempre difícil alterar um destino. Vai ser triste para você, para ele e para os outros. Verdade que ninguém quer ver a separação: nem parentes, nem amigos. A gente tem alergia a transformações – as conversões nos arrepiam, afinal, elas são o atestado de que o tempo passa para todos.

Atingimos o centro nervoso desse falatório: não há como terminar sem doer. Não há como seguir sem desgastes. Ele não será mais seu namorado nem a família dele será mais sua. Alguns amigos não vão permanecer. São custos a arcar: é o que não está pretendendo admitir.

Ao insistir para não perder nada, coloca tudo a perder. Torna-se insuportável até mesmo a amizade: é uma esperança amarga. Transferir a responsabilidade para o cansaço é uma derrota perigosa. Este seria o desfecho mais temível depois de um romance como o de vocês. Não arraste o fim. Tenha coragem e interrompa o perfeccionismo de seguir com quem não deseja. Preserve o passado dos dois.

Muito mais digno do amor que já tiveram.

Beijos, torcendo por sua bravura,

Publicado no jornal Zero Hora
Coluna semanal, Caderno Donna, p. 6
Porto Alegre (RS), 03/06/2012 Edição N° 17089

ESCREVA PARA colunaquaseperfeito@gmail.com