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domingo, 29 de abril de 2007

A Persiana

Gritam as pessoas todas na rua
A vizinha recolhe a roupa
A persiana da sala pousa silenciosa
Pateticamente torta
De certo por algum puxão levado
Ninguém vem endireitar a pobre
É como um horizonte inclinado
Como alguém que olha sobre o torcicolo
Gritam as pessoas todas na rua
Para serem notadas de torta maneira
Na sua torta presença.
Mais sábia é a persiana
Parece um sorriso em meia boca
Com cuja visão entortada
Parece divertir-se.

A Persiana

Gritam as pessoas todas na rua
A vizinha recolhe a roupa
A persiana da sala pousa silenciosa
Pateticamente torta
De certo por algum puxão levado
Ninguém vem endireitar a pobre
É como um horizonte inclinado
Como alguém que olha sobre o torcicolo
Gritam as pessoas todas na rua
Para serem notadas de torta maneira
Na sua torta presença.
Mais sábia é a persiana
Parece um sorriso em meia boca
Com cuja visão entortada
Parece divertir-se.

quarta-feira, 25 de abril de 2007

A Lavadeira


Enfim a máquina se pronuncia
A bater-se toda
Debatendo-se com os giros internos
Com o sifão a rodar
E a exaurir-se das lágrimas e do sabão
Finda a roupa suja
Ficam os vapores de amaciante
A amaciar o ar e os tecidos
Alvejo a vida certa
Lavo-me com sabão
Feliz, feliz, feliz (?)
Ensaboa, branquela, ensaboa
Ensaboa!
Tô ensaboando.
A ver se tiro os detritos
E dejeto-os de vez.
Mas alveje só:
Parece que não se findam
Sou um encardume
Ou brancura
É coisa que não tem.

A Lavadeira


Enfim a máquina se pronuncia
A bater-se toda
Debatendo-se com os giros internos
Com o sifão a rodar
E a exaurir-se das lágrimas e do sabão
Finda a roupa suja
Ficam os vapores de amaciante
A amaciar o ar e os tecidos
Alvejo a vida certa
Lavo-me com sabão
Feliz, feliz, feliz (?)
Ensaboa, branquela, ensaboa
Ensaboa!
Tô ensaboando.
A ver se tiro os detritos
E dejeto-os de vez.
Mas alveje só:
Parece que não se findam
Sou um encardume
Ou brancura
É coisa que não tem.

terça-feira, 24 de abril de 2007

Cajuína


De longe (tão longe)
Vem a voz
Que não foi esquecida
História imemorial

Blur
Bluuuur

Faz o som

É ele
O outro que se fez depois

Com o vento
Os cristais
O encanto
Seus ais

Eu pedia em cantiga
Não me desperte, amor

Me despedindo
Só um pouquinho mais de solidão

Acordando depois
Sozinha, como sou
(acompanhada ou não)
Como somente (só mente) é

Ele se despindo do sal
E do mal
E do bem
Aportando

Como é real e certo

E eu na ponte
De mim

Existirmos a que será que se destina,
Cajuína?

Inventemos, pois.
E tornemo-nos.

No mais, és.
No mais, sou.

Cajuína


De longe (tão longe)
Vem a voz
Que não foi esquecida
História imemorial

Blur
Bluuuur

Faz o som

É ele
O outro que se fez depois

Com o vento
Os cristais
O encanto
Seus ais

Eu pedia em cantiga
Não me desperte, amor

Me despedindo
Só um pouquinho mais de solidão

Acordando depois
Sozinha, como sou
(acompanhada ou não)
Como somente (só mente) é

Ele se despindo do sal
E do mal
E do bem
Aportando

Como é real e certo

E eu na ponte
De mim

Existirmos a que será que se destina,
Cajuína?

Inventemos, pois.
E tornemo-nos.

No mais, és.
No mais, sou.

segunda-feira, 23 de abril de 2007

Vinte Minutos


Vinte minutos faltam
Para amanhã
Quatro cigarros, aproximadamente
E amanhã chegará
Pungente
Independentemente
Independente – mente minha
O amanhã romperá
A manhã violentará a noite
Apesar dos berros que daria
Apesar de meus latidos e uivos
A realidade desliza
Por sobre mim
Pra que insisto em revoltar-me?
Pra que insisto em revoltas
Se voltas e voltas o mundo dá
Se a poesia tão pouco silencia
Se a paixão é uma dama japonesa
Ou um whisky irlandês
(Bebo)


Quem sou afinal?
Se pergunto, some a resposta
Sobra a verdade



A verdade que falo

É indizível.

Vinte Minutos


Vinte minutos faltam
Para amanhã
Quatro cigarros, aproximadamente
E amanhã chegará
Pungente
Independentemente
Independente – mente minha
O amanhã romperá
A manhã violentará a noite
Apesar dos berros que daria
Apesar de meus latidos e uivos
A realidade desliza
Por sobre mim
Pra que insisto em revoltar-me?
Pra que insisto em revoltas
Se voltas e voltas o mundo dá
Se a poesia tão pouco silencia
Se a paixão é uma dama japonesa
Ou um whisky irlandês
(Bebo)


Quem sou afinal?
Se pergunto, some a resposta
Sobra a verdade



A verdade que falo

É indizível.

sábado, 14 de abril de 2007

Chuva e Guarda-chuva




Poesia - Cínthya Verri
Arranjo gráfico - Cleyton Arghiropol

Chuva e Guarda-chuva




Poesia - Cínthya Verri
Arranjo gráfico - Cleyton Arghiropol

Embraçamento (14.12.06)


E o amor
Queimando no peito
Na alcova do peito
No fundo
E se espalhando em ondas
De calor pelo corpo

Te vejo brincar
Com amor tão livre
Tanta coragem

(E tão comum de se perder
Essa coisa que se perde)

Você e o brinquedo
De amor
(fantasia)

Fico inflamada
De amor por ti

Lembro
Que a vida é linda
E que pode ser procriada

Prece
À Nossa paz secreta-interna:
Embraçados no silêncio,

Que suportemos a felicidade.

Embraçamento (14.12.06)


E o amor
Queimando no peito
Na alcova do peito
No fundo
E se espalhando em ondas
De calor pelo corpo

Te vejo brincar
Com amor tão livre
Tanta coragem

(E tão comum de se perder
Essa coisa que se perde)

Você e o brinquedo
De amor
(fantasia)

Fico inflamada
De amor por ti

Lembro
Que a vida é linda
E que pode ser procriada

Prece
À Nossa paz secreta-interna:
Embraçados no silêncio,

Que suportemos a felicidade.

A Boca e o Meio


Elza canta
Também estou aí,
Que é que há?
Estou nessa boca.

Mas se (e se me) (e se se)
Cala a boca poética
Estou fora da boca.

Entro na boca
Acende-me a chama
E pressinto o incêndio
É aí que me p a r o.

Entro na boca
Olha que me perco de vez
Sem perder-me no fim

O verso

Justifica os meios.

A Boca e o Meio


Elza canta
Também estou aí,
Que é que há?
Estou nessa boca.

Mas se (e se me) (e se se)
Cala a boca poética
Estou fora da boca.

Entro na boca
Acende-me a chama
E pressinto o incêndio
É aí que me p a r o.

Entro na boca
Olha que me perco de vez
Sem perder-me no fim

O verso

Justifica os meios.

terça-feira, 10 de abril de 2007

Mandato do Querer (ago/06)

Compreendo agora, nesse mesmo instante
Que o borrado passado, não muito distante,
É simples pedaço de falso brilhante
Usamos (des)culpa de sermos infantes:
E agora, crescidos, dizemos: abuso
Mentira que seja uma repetição
Façamos um novo e mais nobre uso
Largando a carcaça de medo e ilusão.
Aquilo chamado de pura inocência
Vestia não-dita, mas tal competência
Prazer de ser vítima em inconsciência
É Instinto intuído de sobrevivência
Agora no entanto são vívidos fatos.
Deixemos a ela o nosso ultimato:
São ocos! É culpa o nosso chicote!
Sentindo prazer, isso não é boicote.
(o sul é a vida; a morte, o norte!)

Mandato do Querer (ago/06)

Compreendo agora, nesse mesmo instante
Que o borrado passado, não muito distante,
É simples pedaço de falso brilhante
Usamos (des)culpa de sermos infantes:
E agora, crescidos, dizemos: abuso
Mentira que seja uma repetição
Façamos um novo e mais nobre uso
Largando a carcaça de medo e ilusão.
Aquilo chamado de pura inocência
Vestia não-dita, mas tal competência
Prazer de ser vítima em inconsciência
É Instinto intuído de sobrevivência
Agora no entanto são vívidos fatos.
Deixemos a ela o nosso ultimato:
São ocos! É culpa o nosso chicote!
Sentindo prazer, isso não é boicote.
(o sul é a vida; a morte, o norte!)