....

quarta-feira, 25 de março de 2009

Errância - O Navio Fantasma

Dois maravilhosos, um ontem, outro hoje.

Diz meu adorado amigo Leandro Galvin em seu a thousand ways:

KEEP ON TRYING
Novamente, acho que não me fiz entender. É o menor dos pecados: deveríamos nos ajoelhar em agradecimento à nossa cotidiana incapacidade de expressar com precisão o que queremos dizer, seja numa conversa, num texto ou numa fotografia. Pois é justamente essa inexatidão que nos move a continuar tentando, rumo a um novo ponto de desconforto, e a outro, e a um próximo, na mais ou menos longa sequência de fracassos que reconheceremos como a nossa vida – quando terminar.

(ele me contou que não foi de sua autoria o texto, foi o autor do reconhecimento de Cuenca)

Diz o maravilhoso Barthes, em seus Fragmentos do Discurso Amoroso:


(...)não posso eu mesmo (sujeito enamorado) construir até o fim minha história de amor: sou o poeta (o recitante) apenas quanto ao começo; o fim dessa história, assim como minha própria morte, pertence aos outros, a eles cabe escrever esse romance, narrativa exterior, mítica.

(...)Procuro, começo, tento, vou mais longe, corro, mas nunca sei que acabo: da Fênix, não dizemos que morre, mas apenas que renasce (posso pois renascer sem morrer?)
Posto que não me sinto pleno e que entretanto não me mato, o errar amoroso é fatal.

4. No transcorrer de uma vida, todos os "fracassos" de amor se assemelham ( e com razão: todos eles procedem da mesma falha). X... e Y... não souberam (quiseram, puderam) responder à minha "demanda", aderir à minha "verdade"; não mexeram uma vírgula em seu sistema; para mim, um não faz senão repetir o outro. E contudo X... e Y... são incomparáveis; é em sua diferença, modelo de uma diferença infinitamente renovada, que extraio a energia para recomeçar. A "mutabilidade perpétua" (
in inconstantia constans) que me anima, longe de esmagar todos os que encontro sob o mesmo tipo funcional (não responder à minha demanda), desloca com violência sua falsa comunidade: o errar não alinha, faz rebrilhar: o que se repete é a nuança. Continuo assim, até o fim da tapeçaria, de uma nuança a outra (a nuança é o último estado da cor, aquele que não pode ser nomeado; a nuança é o Intratável).

Uma vida só é pouco.

3 comentários:

  1. digo nada. é daqui: http://oglobo.globo.com/blogs/cuenca/post.asp?t=o-trem-lotado-lado-do-teatro-o-fracasso&cod_Post=169453&a=102

    beijo pra vc

    ResponderExcluir
  2. Tão bonito isso. Tão bonito isso.
    Teadoro, teodora

    beijo da tua sis

    ResponderExcluir
  3. Obrigada por isso. Foi providencial. Bjo

    ResponderExcluir