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sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Ain´t it something?



Fui assistir a peça
As Lágrimas Amargas de de Petra Von Kant
Texto de Rainer Werner Fassbinder:
Homem que sequer acreditava possível que uma relação amorosa fosse norteada por uma ética que não a do poder.
Jogos de dominação são apresentados com resultados dramáticos intensos de dor.
É o único resultado possível - esse da dor - em se tratando de gangorras entre as pessoas.
Outra noite conversávamos sobre a retaliação que ouvimos quando nosso pensamento se vai autônomo durante o cenário de um encontro. Ou seja, quando estávamos ouvindo alguém e nosso pensamento trouxe outra imagem. Vendo isso, o locutor reage com fúria porque não estávamos mais prestando a atenção que ele julgava necessária - sentindo-se menosprezado.
Ora, muito pouco tem que ver com o amor que sentimos. Isso fala somente da vaidade.
Mostra que é desejada uma posição supra-humana de quem escuta, como se isso fosse possível. Não comandamos o pensamento e isso não é denegridor de coisa alguma.
A rejeição não acontece por menosvalia do rejeitado, mas sim pelo interesse em outras coisas.
"O ser humano é um vaso ruim de quebrar. O ser humano é duro e brutal e qualquer um, para ele, é substituível" - diz Petra Von Kant.
Somos substituíveis, claro que sim. Melhor ainda é o termo em inglês: replaceable - able to be replaced - passível de ser realocado, de mudar de posição, de lugar.
Isso não nos faz menos válidos.
Somos, desse modo, livres.
Podemos, inclusive, morrer. Dada nossa pouca importância, melhor é viver apenas como queremos.
Amar fica sendo, assim, uma habilidade que precisa ter como precursora essa informação.
Somos perfeitamente realocáveis e, se ficamos juntos, é apenas porque queremos.
Não há garantias - ainda bem.

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