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terça-feira, 23 de outubro de 2007

Caminhoneira

Ia ela na estrada. Dirigindo, dirigindo sem fim.
Começou a chorar. Pensou que era um caminhoneiro.
Caminhoneiros, segundo sua própria concepção, eram pessoas românticas, sensíveis, que choravam sozinhas na estrada - como ela, caminhoneira.
Depois achou que era mesmo caminho-neira: a dirigir seu sem-fim.
Sem-fim porque ela não morreria - é que, para quem morre, a morte não acontece. Ela acontece para quem não morreu.
Pensou tudo isso e chorando ligou para ele.
Ele disse que estava fazendo isso e aquilo, mas que estava disposto a ouvi-la.
Ali, já se sentiu reconfortada e nova.
Pensou, depois de desligar, se aquilo de ser recebida por ele era uma bênção. Pensou na palavra "bênção". Achou útil ter feito catequese (uma rara ocasião esta).
Então, "bênção", na catequese, lembrava algo dado por deus a cada um.
Então achou que não era bênção coisíssima nenhuma ( e de novo a catequese perdera a fugaz utilidade).
Ser recebida por ele era amor. Direto. Simples assim.

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