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segunda-feira, 3 de março de 2008

Eu Amo Taíba


Betinho Rosa - No Morro do Chapéu
Foto: Fábio Arruda


Tenho um adesivo no carro que diz: "Eu 'coração' Taíba".
Taíba é uma praia que fica perto de Fortaleza.
Quando fui conhecer essa capital, logo na chegada, avistei um casal com pranchas. Fui logo pergutando onde tinha lugar pra surfar:
- Taíba! - responderam.
OK, Taíba, então seria.
Fomos de ônibus, eu e a pranchinha (minha navezinha de bodyboard).
No ônibus estavam meus dois futuros companheiros de surf com um volão - instantâneo: amizade.
Ajudei os meninos com as coisas de acampamento, eles iam passar a noite, eu estava de passagem para o dia.
Rumamos para o Morro do Chapéu:
- Fundo de pedra - alertaram.
Eu nem sabia o que isso queria dizer... 'Fundo de pedra' queria dizer que não era de areia o fundo do mar. As ondas eram grandes. Eram as maiores que eu já tinha visto. Eles foram entrando, eu fui logo atrás. Entrei na água, respirei fundo, fui nadando. E eles iam indo e eu nadando, indo também. Pois furei a rebentação junto com eles. Respirei aliviada, não fiz vexame, essas coisas que eu, principiante, pensei na hora.
Aí vieram as séries. Todas lindas, maravilhosas, as ondas enoooormes. E eu pensava:
- socooooorro, são enooooormes!
E nadava forte para furar, joelho na prancha pra passar por baixo. Ainda achava que estava fazendo vergonha para mim mesma, quando notei que os meninos também estavam furando as ondas:
- Hum, talvez sejam grandes pra todo mundo, não só pra mim.
Pensei, em redenção.
No final da bateria da tarde, saí do mar tendo descido três ondas. Tá ok, pensei. Os meninos saíram da água felicíssimos, congratulando e tudo:
- Aí, hein, valeu!
Depois discorreram um pouco sobre a admiração que sentiam por mim: menina, sozinha, querendo surfar - disseram.
Acabei voltando no outro dia, acampei com os meninos.
Explicaram que era meu batismo - que batismo no surf é quando a gente encara um marzão assim de verdade.
Taíba ficou em mim. O lugar. O adesivo é para que eu me lembre de não duvidar de mim e de meus pontos de vista; de fazer o melhor e de enfrentar as coisas como eu vejo - se são grandes pra mim, são grandes e ponto. Sei lá se outros acham grande ou pequeno... É para que eu me lembre de nadar forte quando eu acho que tenho que nadar - no mar, como na vida, não dá tempo de se basear em outros - a experiência é de cada um, para seu próprio corpo, para a força de sua braçada - cada um consigo e com o mar.
Às vezes saímos elogiados. Às vezes, não. Tudo bem... Basta levar-se adiante usando tudo o que temos, tudo se faz necessário uma hora dessas (não dá pra abrir mão de nada!) - também a vida é um mar com fundo de pedra.

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