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terça-feira, 7 de abril de 2009

Escrita Livre

Amarelo parede da infância
Cachaça de arder a garrafa
O fogo prende os cabelos grisalhos
Vidro fechado escancara
Rãs e ratos
Na porta da casa de praia

Uma e meia

O silêncio do pai
Oxida no barro

Fui eu
Nove vidas na ausência
O corpo esquartejado com andorinhas
Respiro para não enlouquecer
O vão que não tenho entre as coxas

O que sai de tuas narinas
Tudo outra vez

Nunca entendeu que somos duas pessoas
No carro, de mãos dadas

No gancho mora o cinto
Para quem dobro meu corpo

A tiavó era de madeira
Um lento patchouli
Meiodia a dormir em pregos
A insônia é jamais
Sordidez é ajuda

No duplo suicídio
Se cumpre o sono invertido

A luz fratura o osso e
Surge um par de sinusites


Pedi perdão para mim,
quando me deixei

Minha música, a repetição
O inferno, a sobreposição
Espuma é doença e miasma

Dentro do logro materno
A noite balança e passa

5 comentários:

  1. Oi, Cíntia...
    Bonito de ler, melhor de fazer (isso é pra nós)!
    Só mesmo a poesia pra abrir um sorriso na cara feia da segunda-feira!
    Bjs.

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  2. E eu acrescento ao comentário da Wania que mais legal ainda foi ouvir tua escrita livre com a tua voz, que é uma delícia. Por falar em voz, quando vamos combinar uma roda de violão? Quem sabe numa segunda depois da aula?
    Beijos!

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  3. "Quando uma mulher perde o amante,quando uma garota perde o emprego,quando o médico dá a notícia fatal,quando a sorte se manda,o jantar fracassa,as dores do parto começam,o escândalo vem a furo,a tempestade se desencadeia,a outra mulher passa, triunfante...
    Um traço repentino de batom nos lábios quer dizer CORAGEM"

    (Harper's Bazaar, 1946)

    Escrevi isso "lá" e lembrei muito de "sí", queria te dar aqui, só pra lembrar da "ré", e esquecer o "dó"!

    Por isso.

    Beijo Neneca

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  4. Eu tb quero essa tal de roda de violão na segunda!!

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  5. bárbaro, estupendo, estupefaciante!

    beijo, minha sis

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