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segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Feliz Aniversário

EPITÁFIO
Amava Wim Wenders e o U2.
Enfim, Tom-Tom.




Aniversário de namoro é comoção. Dá uma ligadura no peito, aquela bobeira por estar junto mais um ano. Chega o dia e, às vezes, a gente só nota quando assina o cheque. E se apercebe sorrindo porque dá tempo de surpreender a pessoa que amamos ainda - e cada vez mais.

Foi bem assim na manhã daquele dia: preenchi a primeira receita e completei a data me dando conta de que era a especial.

Saí no intervalo do meio-dia e preparei presentinhos significativos, cada um com o respectivo bilhetinho.

Não é que estivesse desprevenida – mas é que nossa expectativa de comemorar compreendia uma viagem que se seguiria um par de dias dali, um tipo de lua de mel ou equivalente.

O que me deu foi um ataque de nostalgia, assim, no dia específico em que a gente se conheceu: uma crise romântica. Não quis deixar o calendário à toa. Escrevi uns torpedos melosos, convidando para reencontro no bar em que nos vimos pela primeira vez; coisa rápida. Ele topou e, mais que isso, reservou a mesa em que ficamos, a mesma mesa.

Pensei em ir com a aquela mesma roupa, mas mudei de ideia e me arrumei de arrasar. De arrasar e arrastar – porque coloquei um vestido curto, preto, com fenestras e uma meia arrastão com saltos altíssimos.

Ah, ele adorou. Bitols festeja de me ver com exuberâncias. É meu fã número um. Dá gosto de se por em banquete para ele se fartar. Não economiza o desejo que tem e me honra com olhos de ímã.

Pedimos espumante, uma tacinha, que mal tem, mais não posso, amanhã trabalho cedo.

Beliscamos uma coisinha, fizemos a troca de presentes. Ele, um escândalo, com linduras trazidas de Minas Gerais, roupas deslumbrantes, espetaculares mesmo. Puro luxo.

Bem, vamos acabar cedo, já valeu o momento, tão bonito que a gente voltou aqui hoje, não é mesmo, é sim, adorei os presentes, sabe, enfim, vou ali pagar a conta.

Como Bitols demorasse muito, fui atrás. Aí, como relâmpago dos demônios:

- A avacalhação em massa.

Uma anã frenética loira passou por mim se rindo toda e alcançou, meio que inadvertidamente, um papelote ao Bitols:

- Tá aqui o que você pediu. - disse a miniatura do Atchim.

Bitols, por sua vez, guardou o paraquedas branco de guardanapo no bolso de trás da calça – rápido como quem rouba.

E a micro-pessoa se esvaiu de nós aos trancos em direção ao banheiro, abriu a porta de vai-e-vem rindo alto e sumiu – provavelmente latrina adentro onde deve ter ido se reunir com os seus.

Fiquei eu parada olhando em choque de como-assim-o-que-significa-isso e Bitols, branco das neves, algo como panicando, saiu-se dizendo que não era isso, isso o quê?, o que você está pensando, que a moça pediu pra que eu fosse na mesa delas, que faziam um blog, que queriam que eu escrevesse qualquer coisa, aí eu pedi o contato.

Ahan. Não era uma cantada, imagina!, era uma consultoria literária.

Diante de minha cara de tacho do tipo JUSTO-HOJE, em letras garrafais, ele resolve abrir a chonga e lá estava o endereço, algo equivalente a http://confraria_das_separadas.blogdosinfernos.com.

Não tem saída, não. Só matando.

PS. Gracias, Jacelena Dourado, pela morte sugerida. Tão romântica.

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