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quarta-feira, 4 de junho de 2008

Degravação

Referiu a ré o seguinte:
que se olhou no espelho
já (a)pela segunda vez em cinco minutos
que constatava que nada mudara
que sabia que seu corpo era um túmulo
que não podia ser diferente porque não havia arrependimento (não havia nada)
que o sofá não era o mesmo
que o chão não era o mesmo
que as paredes não eram as mesmas
que isso ninguém notava
que só ela notava isso
que quando muda quem olha, as coisas antes mudas, passam a falar.
Que então ela ouvia o burburinho todo da sala
que ela ouvia silentemente
que ela sorria (o sorriso dela).

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