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segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Me ao Máximo (ou Ouço o Tempo Todo)

(Não adianta
É de cada um a hora de ser humano
Ainda que seja a necessidade primeira)

Mas o tarefário, tão mais atraente
Tão mais premente
A agenda, as contas
Prontas
Cumpríveis
Compráveis
Compridas
Se nos alijam da vida
Endireitam, aprumam
E na ruína,
Mais arrumada e linear,
Não preciso de mim, meu mar
Com tanto mais me suplicando
Fico-me enorme, generosa teta
Ainda que no adentro seca
E crua, mal passada
Mas com pose empertigada (de parada a ruminar)
Me iludo na mais-valia
Me tiro da dor de viver
(aquela que se me ocorre)
Arranjo-me um harto sofrer
(aquele onde eu ocorro)
Um delírio delicado, translúcido
e
Ancoro
e
Num poço plácido,
Infinito flácido
Deslizando logo ao lado de minha vida verdadeira
Ando ao passo a corredeira
E não me canso.
Sou a lupa, auto-escárnio, sou a dulce, mea culpa
Dia-a-dia eu rezo:
Detesto, mas acordo cedo
Trabalho, é mal necessário
Chatice, são ossos do ofício
Vida não está fácil pra ninguém
Mas eu casei, fazer o quê?
O dinheiro não dá pra essas coisas
Eu até queria, mas não é pra mim
Veja bem, não fica bem
Até pensei, melhor não dizer
Não queria, mas comi.
Não sentia, mas falei.
Queria era ser Feliz
Mas isso não podia ter acontecido.
Afinal, por mim, eu nem estava aqui.

(Não adianta
É de cada um a hora de ser humano
Ainda que seja a necessidade primeira)

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