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quinta-feira, 23 de outubro de 2008

A Viabilização do Amor

E dentre as coisas difíceis da vida, que são todas as boas,
a mais de todas é relacionar-se.
O outro, com sua vida própria, age-se todo em acordo consigo
e nós, conosco (quando dá).
De modo geral é um desencontro.
O outro modo, o específico,
dá-se apenas, e tão somente,
com o cultivo intensivo.
Não um cultivosinho, uma meia-tigela
um tijolaço, com toda delicadeza,
mas uma hecatombe.
Chamo hecatombe não apenas pelo apelo sonoro incrível do termo,
mas porque o sacrifício é exigido
não como sacrifício sofrido, mas o que se faz viabilizando o amor
Amor, aliás,
o estado contínuo de contradição natural
expressão legítima das trocas hecatômbicas
que para a divina graça, dávamos 100 bois.
Assim, também na relação,
para a divina graça, damos 100 moedas nossas.
Em troca de minutos com a pessoa amada,
engolimos 100 minutos de filme de ação no cinema
ou aceitamos a televisão
O estado contínuo de contrariedade viabilizante da relação amorosa continua
por dentro da casa, do piso, da geladeira
principalmente por dentro de nós
quando nos botamos calados, aguardando
como um olho que seca esperando o piscar.

Isso não aparece, não é a maior evidência
mas cabe a cada um cuidar da própria nutrição
pra que o estado de viabilização do amor não nos definhe.
Não termine, por fim, liquidando a paixão
(ou será que era isso que se queria, afinal??)

Um comentário:

  1. querida sis

    me lembro do vinil dos secos e molhados e eu ouvindo: nos dentes segura a primavera.

    hecatombe, sim!

    amor da eli

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