Diário06/07/2012 | 23h54
Carpinejar trolando na Flip - Sexta, 6/7/2012
Relatos de Fabrício Carpinejar diretamente da 10ª Flip, em Paraty
Fabrício Carpinejar
SEXTA, 6/7/2012
Nos arredores da Flip, existe todo tipo de manifestação poética. Há um jovem com cardápio de versos – recebe um R$ 1 por autor lido. Há um liquidificador humano de rimas, onde os poemas são triturados pelos dentes e remontados de acordo com a mordida. Há seresteiros, trovadores, estátuas vivas.
(Foto: Cínthya Verri)
Diante do imenso manancial de intervenção urbana, uma senhora lamentou:
– Que saudade do poema no livro.
* * *
– Menos glamour, mais conteúdo.
Esta é a definição do evento feita pelo proprietário da Livraria Cultura, Pedro Herz.
Pedro Herz (Foto: Cínthya Verri)
Ele participou das dez edições. Guarda os canhotos dos ingressos das palestras que ele mais gostou ao longo da década.
Tem um maço na carteira.
Assim como os jovens conservam os bilhetes dos shows prediletos na agenda, Herz coleciona os melhores momentos do festival.
– São minhas relíquias.
* * *
Sensação dos bastidores, Jonathan Franzen subiu ao palco da arena na noite de sexta. Premiado com o National Boook Award, saudado por Philip Roth como um dos maiores nomes da nova geração, ele entrou em cena atrapalhado, meio que pulando, com uma mochila preta, tal estudante tímido levado para a sala da direção.
Jonathan Franzen (Foto: Cínthya Verri)
Jonathan foi o primeiro sex symbol do festival, arrancando suspiros das Marias-prefácio. Teve leitora que o comparou a um Brad Pitt mais alto.
* * *
Exageros à parte, Franzen não estava confortável na posição de celebridade. Com caras e bocas, demorava um tempo para responder. Deixava o auditório indeciso se a pausa era ensaiada ou espontânea. Alguns saíram com a impressão de que ele foi prepotente, economizando seu fôlego; outros, que o suspense vinha do acanhamento.
* * *
O best-seller americano confessou que pensa sempre em desistir da ficção. Ideia que vai e volta no intervalo de 48h.
– É cansativo analisar minha experiência instante a instante para ver se vai virar uma história.
* * *
O autor dos calhamaços Liberdade e Correções destacou três escritores brasileiros de sua preferência:
– Chico Buarque, Bernardo Carvalho e Milton Hatoum.
Percebendo a ausência feminina em sua lista, ele se desculpou:
– Sei que falta uma escritora, aceito sugestões.
* * *
Num dos raros momentos descontraídos, Jonathan recitou canção de Jennifer Lopez, para justificar que se sente ainda o mesmo nerd, apesar da fama e de ter sido capa da Times:
Used to have a little, now I have a lot
I'm still, I'm still Jenny from the block
I'm still, I'm still Jenny from the block
Eu costumava ter um pouco
Agora eu tenho muito.
Eu ainda sou,
Jenny do bairro
Agora eu tenho muito.
Eu ainda sou,
Jenny do bairro
(Foto: Cínthya Verri)
* * *
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