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segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

O Grito II


(Fors ferro, Mujer Borracha)

Eu
Rasgada por dentro
Das tuas unhas nas mucosas
Sangro
Que me unhas por dentro
Pra sair
E me abrir toda, toda
Me abrir as peles e as carnes
As vísceras
E me extinguir desse corpo
Que jaz com tão menos sentido
(Sem sentir o teu)

Dizer
Que medo

E derrubar o frágil encalço
Que me aparenta ortostática

E a dor é tanta, mas tanta
Que urro
Que me socorro
Desatinada de mim
Em franca abstinência
De peito e ventre


Dói-me tudo tanto
Que queria fazer-te o mesmo
Te judiar todo
Eviscerar-te todo
E descampar-te
Empobrecer-te do riso e do gozo
Secar-te todo com mandinga
Da falta tanta que sinto
Da madeira de teu cheiro
De tua boca rosa
Minha rosa flor
De espinhos encruados na alma
Com o desejo todo
Que arde latente
Que late ardente
Em mim

Que era tua
(Teus beijos nunca mais)

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